Secretaria voltou a defender o uso de cloroquina no tratamento precoce, ao ser questionada pela senadora (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
“Infelizmente, a senhora está prestando um desserviço no Brasil no momento tão grave que nós estamos realmente enfrentando que é o período de pandemia”, reagiu a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) ao fato de a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação, Mayra Pinheiro, ter admitido em depoimento à CPI da Pandemia, nesta terça-feira (25), que não sabia da falta de oxigênio em Manaus quando ela e uma equipe do Ministério da Saúde estiveram na cidade nos primeiros dias de janeiro deste ano, no auge da crise de Covid-19.
“De quem foi essa falha? Porque se a senhora está indo para o Estado com uma equipe para entender a situação real da cidade e, de repente, ninguém lhe diz que está faltando oxigênio, de quem foi essa falha?”, insistiu a senadora após respostas evasivas de Mayra.
“Como eu já mencionei antes, durante o período em que eu fui destacada como Secretária para estar em Manaus, não recebi qualquer relatório, qualquer comunicação, e acredito que a senhora e os outros senadores vão ouvir isso nos relatos do secretário [de Saúde de Manaus] Marcellus [Campêlo], porque, assim, essa é a verdade, senadora”, limitou-se a responder.
Mayra também voltou a defender o uso de cloroquina no tratamento precoce de Covid, ao ser questionada por Eliziane Gama. Segundo a secretária, as entidades, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a Sociedade de Pediatria, “dão opinião, mas não definem a conduta do Ministério da Saúde” sobre o uso de cloroquina no tratamento de Covid.
A secretária se contradisse ao informar que as notas informativas que foram publicadas pelo Ministério da Saúde para orientar uso da cloroquina não foram submetidas à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), órgão técnico do Ministério da Saúde que autoriza a adoção de medicamentos pelo SUS.
Imunidade de rebanho
A senadora quis saber ainda a opinião de Mayra sobre a imunidade de rebanho, ou imunidade coletiva, e em quais situações a secretaria defendia essa tese, segundo a qual uma parte da população se torna imune ao contrair uma doença infecciosa, limitando sua propagação.
A secretária respondeu que ‘nunca’ fez ‘a defesa da imunidade de rebanho’, e citou o caso das ‘crianças que foram privadas da escola, da merenda escolar’, durante a pandemia.
“Ou seja, a imunidade de rebanho para criança a senhora orienta?”, perguntou Eliziane Gama.
“Não, quando a gente fala de imunidade, é para as crianças permanecerem indo para escola, senadora, porque o risco de elas adquirirem a doença é 37,5 vezes menor do que o dos adultos”, disse.
“Mas as crianças não vão para a escola sozinhas, secretária; elas têm todo um corpo docente para poder funcionar. Elas têm os professores, têm toda uma equipe de funcionalidades e, depois, elas têm que voltar para casa”, rebateu a senadora do Cidadania.