“É preciso muito mais. O presidente faltou com a verdade porque fez o oposto nestes dois anos de governo desmontando a fiscalização ambiental”, criticou a senadora (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)
A líder do bloco parlamentar Senado Independente, Eliziane Gama (Cidadania-MA), disse que o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso descolado da realidade ambiental do País na Cúpula de Líderes sobre clima, nesta quinta-feira (22), ao não apontar o desmatamento recorde, a redução da fiscalização e agora tentar agir em sentido oposto à política adotada para o meio ambiente nos últimos dois anos.
Para a parlamentar, a mudança de tom do presidente ao dizer que o governo estará aberto à cooperação internacional, mas sem apresentar metas concretas de redução do desmatamento e emissões de carbono, não corresponde com a realidade da destruição da Amazônia, com taxas de desmate em 2019 e 2020 maiores que as registradas desde 2008.
“Somente um apelo por mais recursos internacionais para o combate ao desmatamento no Brasil não vai recuperar nosso protagonismo global na área ambiental. É preciso muito mais. O presidente faltou com a verdade porque fez o oposto nestes dois anos de governo desmontando a fiscalização ambiental, com o menor orçamento para Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis] das últimas duas décadas”, criticou Eliziane Gama.
Bolsonaro disse na Cúpula do Clima que o Brasil está na “vanguarda do enfrentamento ao aquecimento global”, e prometeu antecipar a meta de neutralidade climática de 2060 para 2050, medida já adotada pelas principais economias do mundo.
“Esperamos que este discurso represente uma virada na forma como o governo vem tratando o meio ambiente”, disse a senadora em postagem em sua rede social.
Contradição
Eliziane Gama ressaltou a contradição da fala do presidente no apelo de ajuda internacional para ações contra o desmatamento e mudanças climáticas.
“Bolsonaro fez drásticos cortes de recursos no setor ambiental, inviabilizando a fiscalização, enfraquecendo o Ibama e o ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]. O resultado disso a gente conhece: o Brasil quebrou recordes de desmatamento no ano passado”, afirmou.
A parlamentar maranhense disse ainda que além de inviabilizar o Fundo Amazônia, que previa R$ 3 bilhões de doações da Noruega e da Alemanha, agora o presidente condiciona a preservação da Floresta Amazônica à ajuda internacional.
“É preciso fortalecer os órgãos de proteção ambiental sem falsas promessas”, cobrou a parlamentar.