Alessandro Vieira diz que retorno de Chico Rodrigues ao Senado é ‘ um constrangimento’

Senador pedirá a instalação do Conselho de Ética para analisar o caso do parlamentar flagrado com dinheiro na cueca pela PF, em outubro de 2020 (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), disse ao Portal G1 (veja aqui e leia abaixo) que o retorno do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) às atividades parlamentares previsto para esta quinta-feira (18),  após o parlamentar ser flagrado pela PF (Polícia Federal) em outubro com dinheiro na cueca e pedir licença do cargo, é ‘um constrangimento, especialmente pela falta de esclarecimento’.

Alessandro Vieira diz também que pedirá a instalação do Conselho de Ética em uma reunião de líderes com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prevista para amanhã (18)

Uma representação sobre o caso de Chico Rodrigues já foi apresentada ao colegiado pelo Cidadania e Rede no ano passado, mas o documento nunca foi analisado.

Retorno de senador que escondeu dinheiro na cueca gera ‘constrangimento’, dizem líderes

Afastamento de Chico Rodrigues (DEM-RR) termina nesta quinta; assessoria não diz se ele retomará mandato. Senador ainda não explicou flagrante da PF; colegas cobram posicionamento.

Gustavo Garcia – Portal G1

Termina nesta quinta-feira (18) a licença tirada pelo senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal em outubro com dinheiro na cueca. Ouvidos pelo G1, líderes partidários no Senado preveem “constrangimento” com o eventual retorno do político sem que a situação tenha sido esclarecida.

Na avaliação dos parlamentares, Chico Rodrigues ainda não deu as explicações necessárias sobre o malote de R$ 33 mil que escondeu nas roupas íntimas durante operação da PF. O caso nunca chegou a ser analisado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar – que se reuniu pela última vez em setembro de 2019.

A operação da PF foi autorizada pela Justiça como parte de uma investigação sobre supostos desvios de recursos públicos em Roraima. Na época, Rodrigues era vice-líder do governo no Senado. Ele negou irregularidades e disse que o dinheiro na cueca seria usado para pagar funcionários.

Líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE) classificou o episódio com Chico Rodrigues como “fato grave” ocorrido no exercício do mandato parlamentar. Vieira diz que o retorno é possível, já que não há decisão judicial para afastar o colega do mandato, mas defende a análise no Conselho de Ética.

“Sem dúvida gera um constrangimento, especialmente pela falta de esclarecimento. Quem pode solicitar os documentos relativos à operação [da PF], para compreender exatamente as circunstâncias, é o Conselho de Ética, que tem essa obrigação. A gente representa o país, por mais que você tenha uma simpatia eventual pelo colega, a responsabilidade pela instituição é maior”, diz Vieira.

O líder do Cidadania afirmou ao G1 que pedirá a instalação do Conselho de Ética em uma reunião de líderes com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Uma representação sobre o caso já foi apresentada ao colegiado pelo Cidadania e pela Rede, mas o documento nunca foi analisado.

Líder da oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que a volta do parlamentar sem o processo no Conselho de Ética “deteriora” a imagem do Senado.

“É muito inadequado. É muito constrangedor. Tem de ser instaurado o procedimento [no Conselho de Ética]. Isso seria o ideal”, afirmou Randolfe.

Licença renovável

Na semana seguinte ao flagrante, em 20 de outubro, Chico Rodrigues pediu licença de 121 dias para tratar de interesses particulares. O suplente – Pedro Arthur Rodrigues, filho de Chico – não assumiu e, desde então, Roraima está com dois representantes. No Senado, cada unidade da Federação tem três assentos.

Procurada pelo G1, a assessoria de Chico Rodrigues não informou se o parlamentar retomará as atividades ou apresentará novo pedido de licença. Como a solicitação anterior foi feita em 2020, em tese, o senador pode renovar a licença com a mudança de ano.

Quando um parlamentar se licencia por motivos particulares, deixa de receber salário, mas segue com imóvel funcional e plano de saúde.

‘Nas cordas e sendo nocauteado’

Um líder partidário que preferiu não se identificar afirma que Chico Rodrigues “está acabado” e em “depressão” após o episódio. Segundo esse senador, em uma comparação com o boxe, o colega está “nas cordas e sendo nocauteado”.

Para esse parlamentar, Rodrigues deveria dar satisfações aos colegas, “nem que seja em uma reunião privada, fechada para a imprensa” – para, quem sabe, poder ser socorrido.

“A gente ouviu a versão de que ele tem declarado no Imposto de Renda, há mais de três anos, que ele teria uma quantia até dez vezes maior que essa guardada em casa. A gente precisa saber: ‘o que houve? Por que você teve que fazer isso daí? Ficou com medo do quê?'”, disse o senador.

Ainda sob condição de anonimato, o líder partidário diz que Chico Rodrigues, caso tenha explicações para o dinheiro na cueca, não deveria ficar quieto.

“Se ele tem justificativas [para se defender das acusações], ele tem que lutar. Não pode ficar passivo desse jeito, porque, da forma como está, dá a entender que ele fez tudo errado. E aí como você vai socorrer uma pessoa que nem ela se defende?”, indaga.

“Gera um constrangimento [a volta do parlamentar]. A classe toda é contaminada [pela situação] ainda mais com a repercussão que teve”, acrescenta.

‘Terá condições de explicar’

Líder do PSDB, Izalci Lucas (DF) disse não ver constrangimento com a possível volta de Chico Rodrigues às atividades parlamentares. “Já está maduro suficiente para explicar isso, acho que vai ter condições de explicar para a turma o que aconteceu. Não vejo nenhuma dificuldade”, disse Izalci.

O senador do DF diz não saber se a representação no Conselho de Ética será efetivamente aberta, a essa altura. Isso, porque Rodrigues usou o período de licença para conversar individualmente com os colegas de plenário.

“Não sei se conversou com todos. Pelo menos comigo ele esteve conversando e explicando. Eu acho ele muito tranquilo em termos de argumentos. Foi mais um estado nervoso. Não sei se vai assumir agora ou vai pedir prorrogação [da licença]. Tem muito tempo que não falo com ele. Eu acredito que ele deve voltar. E vai, evidentemente, justificar alguma coisa, prestar contas do que foi feito”, concluiu o líder do PSDB.

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