Pandemia: Freire vê impeachment como única saída para impedir tragédia ainda maior

Presidente do Cidadania condena pregação de Bolsonaro contra o isolamento e pede compra urgente de vacinas do Butantan

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou nesta quinta-feira (28) que o impeachment do presidente Jair Bolsonaro é a única forma de impedir que ele continue a sabotar um plano nacional de controle da pandemia e de vacinação em massa da população. Ele cobrou que o Ministério da Saúde compre imediatamente as 54 milhões de doses adicionais da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Batantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

“Não é possível que as autoridades em todas as esferas ficarão assistindo, mais uma vez, ao presidente Jair Bolsonaro, assim como fez em 2020, pregar contra o isolamento, como hoje em Sergipe, e sabotar a única estratégia viável de reabrir a economia e evitar milhares de mortes por dia. Se comporta como tivéssemos vacina sobrando e vacina não há. Precisaremos de todas as vacinas disponíveis e ele está deliberadamente retardando a aquisição não só da Coronavc, mas de todas as outras”, observou.

Freire alertou que quanto mais demorar o processo de vacinação, mais difícil será controlar a pandemia em virtude do espalhamento de novas variantes mais transmissíveis, assim como aconteceu no Amazonas.

“A estratégia macabra de 2020, quando Bolsonaro negava a pandemia e falava contra o isolamento, levou a mais de 220 mil mortes. Serão quantas outras mil mortes se ele continuar no poder? Numa atitude criminosa, incentiva o fim do isolamento e silencia sobre a compra de vacinas quando não coloca sua eficácia em dúvida. Pela projeção do ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta e de outros especialistas, o gravíssimo quadro visto no Amazonas, com falta de oxigênios e insumos hospitalares, pode se alastrar pelo Brasil nos próximos 60 dias. Cada dia conta. São vidas e famílias em desespero”, apontou.

Hamilton Mourão

O presidente do Cidadania também condenou veementemente os que ainda acreditam que o presidente possa ser de alguma forma moderado. Ele fez menção ao episódio de ontem em que Bolsonaro, em linguagem, segundo ele, marginal, xingou jornalistas e não explicou as suspeitas sobre gastos milionários com supermercado por parte do governo. O ataque, feito numa reunião em uma churrascaria, foi aplaudido por autoridades como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

“Pior que a claque aplaudindo, de barriga cheia, com dinheiro público, é quem contemporiza, em todas as esferas, no Legislativo, no Executivo, no Judiciário e no MP, com esse projeto de poder que explora a morte de milhares de brasileiros. É preciso dar um basta. Alguns já acordaram para esse cenário. Vimos o MP de contas apontar indícios de irregularidades na compra de leite condensado e outros itens alimentícios. Vimos o TCU apontar ilegalidade na compra de cloroquina, que não é eficaz contra o coronavírus. E ainda o STF abrindo inquérito pra investigar a desídia do ministro Pazuello. Tudo isso é corrupção. Tudo isso exige CPI e impeachment”, sustentou.

Por fim, ele ainda avaliou que a notícia de que assessores do general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, estariam sondando deputados sobre eventual saída de Bolsonaro mostra que o impeachment começa a se impor.

“Militares antecipam cenários e esse é cada vez mais presente. Muito embora ele tenha negado, é muito plausível que esteja acontecendo. Isso faz parte do processo de idas e vindas comuns quando se discute efetivamente o afastamento. Conversas começam no bastidor e depois ganham as ruas”, concluiu.

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