Non ducor duco, diz o lema da bandeira da cidade de São Paulo. Não sou conduzido, conduzo. No aniversário de 467 anos da capital paulista, lanço um olhar sobre a diversidade. Porque só conduz quem é capaz de liderar. E só lidera quem faz das diferenças um ativo.
São Paulo tem 4 milhões de negros e pardos, a maior colônia japonesa fora do Japão, a maior comunidade italiana do Brasil, muçulmanos, protestantes, católicos, quase 300 mil imigrantes de outros países, brasileiros dos mais diversos estados, baianos, pernambucanos e cearenses à frente, abriga a maior parada do orgulho LGBT do mundo.
Toda uma diversidade que venceu diferentes graus de adversidade pra fazer de São Paulo uma cidade única, aberta, cosmopolita, referência em inovação na América Latina, a mais inteligente e conectada do país, a mais rica. Mas São Paulo é também uma das cidades mais desiguais.
Desigualdade essa que se revela especialmente preocupante na pandemia, que vem vitimando mais negros do que qualquer outro grupo étnico, embora não formem a maioria da população. Para continuar liderando, a maior capital do país terá de dirigir um olhar mais alentado para as suas contradições e conduzir um processo mais acelerado de inclusão.
Poderia, por exemplo, dar prioridade à população negra e periférica na campanha de vacinação contra a COVID-19, ao lado de profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à doença, num sinal de que todas as vidas realmente importam.
Quem lidera tem de liderar também pelo exemplo.
Que esse seja o exemplo para os próximos 467 anos!
Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania