MANCHETES DA CAPA
O Globo
Vacinação deve começar pela capitais na 4ª feira
Bolsonaro freou combate ao vírus, afirma Human Rights Watch
Pandemia em alta leva Justiça a suspender Enem no Amazonas
Prefeitura do Rio cria novas regras contra aglomerações
Obituário – Dom Eusébio Schei, aos 88 anos
Prefeito de Goiânia morre de covid
Montadoras rebatem crítica de Bolsonaro
Presidente ameaça demitir executivo à frente do BB
Câmara declara impeachment de Trump pela 2ª vez
O Estado de S. Paulo
Câmara dos EUA aprova pela 2ª vez impeachment de Trump
Bolsonaro quer demitir o presidente do Banco do Brasil
Ajuda de matrizes a montadoras no País soma US$ 69 bi
Governo planeja inciar vacinação na terça-feira
Projeto dá às PMs fiscalização sobre segurança privada
SP decide que alunos terão 1/3 de aulas presenciais
Maguito Vilela, prefeito de Goiânia, morre de covid
Bolsonaro polariza disputa no Congresso
Mourão rebate Macron sobre soja brasileira
Itália inicia julgamento de 350 mafiosos
Folha de S. Paulo
Trump é impedido pela segunda vez
Hospitalizações sobem 19% nas últimas duas semanas em São Paulo
Saúde planeja vacinação no dia 19; Doria quer começar já no 17
Empresários sugerem dar vacina ao SUS para usá-la
Dois milhões de doses da Oxford/AstraZeneca chegarão no sábado
Indonésia começa a imunizar contra Covid com a Coronavac
Força-tarefa faz jornada dupla em análise de uso emergencial
Bolsonaro tenta sabotar medidas contra vírus, diz relatório da ONG
Morre Maguito Vilela, prefeito de Goiânia, vítima do coronavírus
Bolsonaro ameaça demitir presidente do BB após plano
Lobo-Guará empaca, e apenas 12,7% das notas de R$ 200 circulam
Israel lança maior ataque em dez anos contra Síria
Valor Econômico
Canadense Couche-Tard quer Carrefour e oferece US$ 20 bi
Presidente do BB é demitido por Bolsonaro
New Fortress faz aquisições de US$ 5 bi no setor de gás
Novo banco
Cálculo político dita o início da vacinação
Varejo aponta entraves para a adoção do PIX nas lojas
Câmara aprova impeachment contra Trump
EDITORIAIS
O Globo
Vacinação precisa começar o mais rápido possível
Espera-se celeridade da Anvisa na aprovação dos imunizantes — e do governo para começar a vacinar
No dia 19 de dezembro, o presidente Jair Bolsonaro questionou as cobranças pela imunização contra a Covid-19: “A pressa pela vacina não se justifica, porque você mexe com a vida das pessoas”. Dias antes, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já criticara a “angústia” e a “ansiedade” pela vacina. Bolsonaro e Pazuello vivem numa realidade paralela. No mundo real, não faltam motivos para “a pressa”. Ou será que os mais de 200 mil mortos — o segundo maior número no planeta —, os 8,2 milhões de infectados, as mais de mil mortes diárias, o caos nos sistemas de saúde e funerário e o drama das famílias enlutadas não são razão suficiente?
É preciso interromper urgentemente essa tragédia. Estão sobre a mesa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os resultados dos testes e pedidos para uso emergencial das duas vacinas mais próximas de chegar aos braços dos brasileiros: a CoronaVac, já fabricada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, num convênio com a chinesa Sinovac, e a resultante da parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que começa a ser produzida na Fiocruz, no Rio.
A Anvisa promete para domingo uma decisão sobre as vacinas. Pelos números divulgados até agora, as duas atendem ao critério estipulado pela OMS, que exige eficácia mínima de 50%, e não despertam reações adversas significativas. Ambas são, portanto, essenciais para a elaboração de uma estratégia nacional de imunização capaz de deter o avanço da pandemia.
Espera-se celeridade da Anvisa na aprovação das duas, com o evidente respeito às recomendações científicas. Mais que tudo, que não haja interferência política do Executivo na decisão. A Anvisa já demonstrou que não está imune aos delírios de Bolsonaro e de seu ministro da Saúde, quando suspendeu por um dia os testes da CoronaVac — na época chamada por Bolsonaro de “vacina chinesa” ou “vacina do Doria” — , em virtude de uma morte que, na verdade, nada tinha a ver com a vacina (tratava-se de um suicídio).
Desta vez, que a ciência, e apenas a ciência, dite o rumo da decisão. E que o Ministério da Saúde, em vez de ficar insistindo no absurdo de recomendar a ineficaz cloroquina para conter a tragédia em Manaus, cuide de garantir o fornecimento de agulhas, seringas e de distribuir as vacinas aprovadas o mais rapidamente possível. Se estiverem aprovadas no domingo, não há motivo para que a vacinação não comece logo na segunda-feira. Cada dia de atraso equivale a mais mortes evitáveis.
Pazuello dizer que a vacinação vai começar no dia D e na hora H é um desrespeito com os mais de 211 milhões de brasileiros. Num momento em que o país assiste a uma disparada generalizada do número de casos, espera-se do governo respostas menos evasivas e mais comprometidas com a situação de emergência. Cerca de 50 países já iniciaram a vacinação contra a Covid-19. O Brasil, que se tornou um pária internacional, vai ficando para trás.
Basta de incompetência, amadorismo e desprezo pela vida. O Brasil não aguenta mais esperar. Vacina já!
O Estado de S. Paulo
Macron contra a soja brasileira
O presidente da França se vale da posição de destaque para difundir acusação infundada. Eis um indício da fama internacional que o Brasil adquiriu nos tempos atuais.
É lamentável que o presidente da França, Emmanuel Macron, difunda desinformação a respeito da produção agrícola brasileira, relacionando a soja nacional ao desmatamento da Amazônia. “Continuar a depender da soja brasileira seria apoiar o desmatamento da Amazônia”, disse o presidente francês, em sua conta oficial no Twitter.
Na continuação, Emmanuel Macron afirmou: “Nós somos coerentes com nossas ambições ecológicas, estamos lutando para produzir soja na Europa”. A coerência com a proteção do meio ambiente deveria levá-lo, em primeiro lugar, a respeitar os fatos. A soja brasileira não tem nenhuma relação com o desmatamento da Amazônia.
A acusação feita pelo presidente Macron, sem nenhum apoio nos fatos, enquadra-se inteiramente no conceito de desinformação. Trata-se de uma mensagem equivocada, difundida para confundir o público e causar danos ao concorrente.
A agravar o quadro, Emmanuel Macron se vale de uma posição de destaque para difundir a acusação infundada. Nesta semana, ele comanda a cúpula “One Planet Summit”, formada por cerca de 30 chefes de Estado, empresários e representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs). O tema da cúpula neste ano é a preservação da biodiversidade.
O mínimo que se deveria esperar de quem assume tal função é estar informado sobre o meio ambiente, e não difundir informações ecológicas inverídicas. Não faz nenhum sentido que, diante do esforço global para a preservação ambiental, produtores que preservam o meio ambiente sejam acusados de desmatar a Amazônia – e tudo isso para angariar alguns dividendos políticos no seu país de origem. Não é assim que se cuida do planeta.
As informações são públicas e podem ser facilmente acessadas. Não há desculpa para Emmanuel Macron difundir tamanha impropriedade sobre a produção agrícola brasileira. Em primeiro lugar, o Brasil tem uma legislação ambiental que é referência internacional por seu equilíbrio entre a exploração e a conservação da natureza.
Aprovado em 2012, o Código Florestal (Lei 12.651/12) impõe sérias e graves obrigações ao produtor rural em relação à preservação do meio ambiente. As penalidades são grandes e há um sistema de controle, com forte atuação do Ministério Público. Segundo levantamento da Embrapa, as áreas de vegetação nativa preservadas por agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas somam 25% do território brasileiro. “Não há país do mundo no qual o setor agrícola dedique tanto patrimônio e recursos à preservação do meio ambiente”, avalia Evaristo de Miranda, diretor da Embrapa Territorial.
Além disso, a própria produção agrícola brasileira é referência no mundo inteiro, precisamente por sua produtividade estar aliada à preservação ambiental. A notável expansão da produção agrícola nas últimas décadas – num período de pouco mais de 40 anos, a produção de grãos cresceu quase seis vezes – não se deu em razão do aumento da área cultivada.
O crescimento ocorreu pelo aumento de produtividade por hectare, com a modernização das técnicas de plantio e cultivo, junto ao uso crescente de tecnologia. O campo tem produzido mais não porque avança sobre a Amazônia, como deu a entender Emmanuel Macron, mas porque tem feito render mais cada hectare de terra.
A acusação do presidente francês trouxe uma informação completamente equivocada, que pode ser facilmente refutada por dados básicos sobre o tema. Mas ele a publicou no Twitter, como se fosse uma verdade evidente, a dispensar provas. Eis um indício da fama internacional que o Brasil adquiriu nos tempos atuais.
Com sua determinação de criticar qualquer iniciativa de proteção ambiental, o presidente Bolsonaro transmite mundo afora a absurda ideia de que os produtores rurais só querem desmatar e queimar. É grave o erro de Jair Bolsonaro, assim como é grave o erro de Emmanuel Macron. Com relevante histórico de preservação ambiental, a produção de soja brasileira deveria receber aplausos, em vez de ser objeto de grosseiras mentiras.
Folha de S. Paulo
Enem no domingo
Tomadas precauções, é melhor que não se adie de novo o exame do ensino médio
Com a alta do número de reprodução da Covid-19 no Brasil, de 1,04 para 1,21 desde o início do mês, redobram-se as preocupações de cidadãos e governos zelosos —que, infelizmente, não são todos.
É nesse contexto que alguns setores pedem um novo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para o próximo domingo (17) para mais de 6 milhões de inscritos em todo o território nacional. Pelo menos até aqui, autoridades educacionais e a Justiça têm resistido a esses apelos. Nesse caso, fazem bem.
Um novo adiamento até teria sentido se viesse no bojo de um lockdown nacional com o objetivo de reduzir drástica e rapidamente a circulação do vírus, como vêm fazendo vários países europeus. Mas parecem muito remotas, para dizer o mínimo, as possibilidades de o governo Jair Bolsonaro adotar uma medida dessa natureza.
Isso significa que, na maioria das regiões do país, a maior parte do comércio e dos serviços estará em operação, ainda que sob restrições de horário e ocupação, bem como com protocolos de biossegurança.
Beira a imoralidade defender que as atividades educacionais sejam paralisadas ou adiadas enquanto bares e igrejas, ambientes muito mais propícios ao contágio e menos essenciais, permanecem abertos.
Observe-se, ademais, que o Brasil já se encontra entre os países recordistas em dias sem aulas por causa do novo coronavírus.
Nesse período pandêmico, não existe atividade 100% segura. O que se pode e deve fazer é tomar medidas para reduzir os riscos e dar preferência ao que é mais urgente sobre o que é menos.
A experiência internacional dos últimos meses mostrou que atividades controladas, isto é, aquelas nas quais os agentes seguem um roteiro predeterminado, são relativamente seguras. Isso fica ainda mais evidente nas situações em que todos podem usar máscaras o tempo inteiro e são mínimas as interações entre as pessoas.
Nada disso isenta os estudantes de agir com responsabilidade pessoal. Ainda que o exame propriamente dito não traga riscos exagerados, os candidatos precisam ser cautelosos durante o transporte e, principalmente, evitar aglomerações na entrada e na saída.
As atividades que um país escolhe para manter em funcionamento durante a pandemia dizem muito sobre suas prioridades. Vamos mesmo continuar a colocar shoppings e bares à frente das escolas?
Valor Econômico
Desafios para indústria vão muito além da retomada
Brasil perde competividade nas exportações, mostra o Iedi
Os dados mais recentes sobre o setor industrial indicam que a recuperação, iniciada ainda no primeiro semestre de 2020, continuou nos últimos meses do ano. Segundo divulgou o IBGE na sexta-feira, pelo sétimo mês seguido, a produção da indústria nacional cresceu em novembro, com alta de 1,2% em relação a outubro. Todas as grandes categorias industriais tiveram alta frente a outubro, com destaque para a produção de bens de capital (7,4%) e bens de consumo duráveis (6,2%), que apresentaram as maiores taxas positivas.
De janeiro a novembro a indústria – o setor econômico que apresenta retomada do crescimento de forma mais expressiva – continua no vermelho, com perda de 5,5%. No acumulado em 12 meses, a queda foi de 5,2%. Mesmo com o desempenho positivo recente, a produção industrial ainda se encontra 13,9% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011.
Ou seja, há ainda um longo caminho para que a indústria volte a operar de forma plena. E existem também muitas dúvidas quanto às possibilidades de o setor manter o ritmo de expansão neste ano diante das mudanças de alguns dos fatores que constituíram exatamente a base da retomada industrial. O mais significativo é a decisão governamental de não prorrogar a concessão de ajuda emergencial para uma larga faixa da população como ocorreu no ano passado.
Com os estoques em baixa – especialmente de insumos para a própria indústria -, a produção do setor apresenta um cenário positivo de curto prazo por causa da necessidade de recomposição do nível de produtos armazenados. Mas a partir do segundo trimestre em diante o setor deve sentir mais os efeitos negativos do desemprego, da queda da renda e do recrudescimento da covid-19, fatores que podem conter o consumo das famílias.
No lado positivo estão as perspectivas de aumento das exportações industriais, por causa da esperada recuperação da economia global, e a vacinação contra a covid-19, embora esse movimento esteja atrasado no Brasil em relação a outras nações.
Tão relevante quanto acompanhar a evolução dos dados conjunturais da indústria com especial cuidado nesse momento de crise é analisar com maior profundidade a situação do setor ao longo dos últimos anos e identificar os problemas que levam o setor a exportar relativamente pouco – lembre-se que cresce a cada ano a importância das exportações agrícolas e de outras commodities como minério, em contraposição à venda ao exterior de produtos manufaturados.
A inspiração para o debate pode vir de muitas fontes, como do estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) sobre o nível de complexidade das exportações brasileiras, bem como a pressão concorrencial exercida pela China nos principais mercados de nossas vendas externas de bens produzidos pela indústria.
Os dados mais recentes do levantamento do Iedi referem-se a 2018 e mostram que houve uma interrupção na trajetória contínua de perda de posição das exportações do Brasil no ranking de complexidade econômica, tendência que ocorreu entre 1995 e 2008. Depois de o país ter ocupado a 25ª posição deste ranking em 1995, recuamos à 48ª colocação em 2008 e para o 50º lugar em 2014. O Brasil passou à 49ª posição em 2018.
Segundo os analistas do Iedi, esperava-se que o país se saísse um pouco melhor devido a dois fatores. A gravidade da crise econômica de 2015-2016 e o baixo crescimento doméstico no biênio 2017-2018 exerceram pressão para que as empresas brasileiras a buscassem amenizar as perdas aumentando sua participação no mercado externo. Além disso, houve razoável depreciação do real no período (18,5% em termos efetivos reais em 2018 frente a 2014), ampliando a competitividade do produto brasileiro no exterior.
Ainda segundo a análise do Iedi, esses dados mostrariam a importância de se alavancar “a competitividade da estrutura produtiva brasileira, o que requer não só preços macroeconômicos (taxas de juros e de câmbio) favoráveis e estáveis para as exportações, mas também reformas estruturais, como a tributária, e políticas industrial, tecnológica e ambiental que respondam aos desafios das novas tecnologias e da mudança climática” além de instrumentos mais amplos de crédito.