Chacota entre diplomatas de outros países em fóruns internacionais, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, virou alvo de piada dentro do Itamaraty, revela a revista Piauí na edição deste mês de dezembro. “Há meses, subordinados de Araújo compartilham longe do olhar do chefe, em grupos de WhatsApp, crônicas assinadas por um tal Ereto da Brocha que fazem troça da inabilidade, pra dizer o mínimo, do nosso chanceler. A vergonha que passamos como país, ele passa como homem público, inclusive entre os que deveria liderar”, diverte-se o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire.
Relata a revista Piauí que não se sabe se o cronista é diplomata ou ex-diplomata, mas fontes da revista acreditam que os textos vêm de alguém com vastas cultura e experiência na área. Em geral, as crônicas ridicularizam Araújo e o presidente Jair Bolsonaro.
“O primeiro deles começou a circular em meados de abril. Na ocasião, Da Brocha se apresentou como “ombudsman da psicose de Ernesto” e anunciou que escreveria textos periódicos “sobre esta nova idade das trevas acéfala”. Pediu desculpas antecipadamente aos jumentos, burros e asnos – “nobres bestas” – porque teria que usar seus epítetos para descrever o governo e seu “chanceler-esquizofrênico”, registra a revista.
Para Freire, a reação bem humorada não deixa de ser uma resistência do corpo diplomático, cuja formação é considerada de máxima excelência, a um chefe que rebaixa e envergonha a tradição de inteligência da Casa de Rio Branco. “Não basta ser pária internacional, é preciso ser pária nacional e também dentro de casa. É realmente um feito do nosso chanceler conseguir que embaixadores publicizem assim a sua insatisfação. O Itamaraty é uma instituição de altivez e ele perdeu completamente o respeito. Ficará para a história como a nulidade que é”, apontou.
Um dos poucos a falar em on com a revista, o embaixador Paulo Roberto de Almeida disse que Araujo “é tão ridículo que merece ser objeto de riso mesmo, de gozação”. “Dá para ver que a pessoa que escreveu é muito culta, das antigas, e que tem uma bagagem muito grande. Mas não procurei saber quem era. É bom que ele seja misterioso”, explicou à Piauí o embaixador, para quem o cronista seria o “Batman do Itamaraty”.
Leia trecho da matéria da Piauí abaixo e clique no link para ver a íntegra:
“As crônicas circulam rapidamente pelos grupos de mensagens dos diplomatas. “Eu recebo de um amigo e repasso para todo mundo. O pessoal adora. A gente só evita passar os textos para a turma alinhada ao Ernesto, por pudor”, conta um diplomata com poucos anos de carreira, que prefere não se identificar para não sofrer retaliações no trabalho. “Tudo que é crítica ao Ernesto tem grande receptividade entre nós”, afirma outro diplomata.
Ninguém sabe ao certo quem está por trás do pseudônimo. Suspeita-se de que seja um diplomata aposentado, por causa do vasto repertório cultural e das referências à velha guarda do Itamaraty. Além do mais, tem um jeito meio resmungão. “Queria eu ignorar os obtusos e voltar ao meu Homero”, reclamou, em um de seus primeiros textos, ao espinafrar os “terroristas do intelecto” que acreditam em globalismo.
Em abril, uma das crônicas foi escrita em forma de carta a Rubens Ricupero, embaixador aposentado e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. “Veja você, Rubens, por esses dias senti uma pontada nas costas, e das fortes. Bem na lombar, como comentávamos outro dia. Achei que fosse a hérnia. Mas era só o texto que lia no celular. Tratava de um ‘comunavírus’.”
Dias antes, Araújo usara esse neologismo para alertar que a pandemia poderia servir como porta de entrada para o “pesadelo comunista” – já que, segundo ele, o vírus faz parte de uma conspiração marxista em escala planetária. Ricupero diz não fazer ideia de quem está por trás de Ereto da Brocha.”
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