Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (26/11/2020)

MANCHETES

O Globo

Diego Armando Maradona – O mais humano dos deuses
Às vésperas da venda, Cedae deixa 17 bairros sem água
Paes mantém 25 pontos à frente; Covas lidera, mas teme abstenção
Justiça proíbe material de Crivella com falsas acusações a Paes
Guilherme Boulos – ‘Não vou governar sozinho’
Rio tem 15% de leitos UTI Covid fechados
Senado aprova nova Lei de Falências

O Estado de S. Paulo

Covas mantém vantagem sobre Boulos a quadro dias do 2º turno
Maradona – Nos braços da imortalidade
Senha vaza e dados de 16 milhões de pacientes de covid são expostos
Covid avança nas capitais
Record de mortes no mundo
André Lara Resende – Investimento é mais importante que juro baixo
Acidente com ônibus em estrada deixa 41 mortos
Congresso aprova nova Lei de Falências

Folha de S. Paulo

Morre Diego Armando Maradona
Passa no Senado projeto da nova lei de falências
Colisão em rodovia no interior de São Paulo deixa 41 mortos
Saiba tudo sobre as vacinas em desenvolvimento
Loteamento de Covas é exposto por subprefeituras
Gestão Erundina falhou em ações que Boulos propõe
Negócio de US$ 2 bi cria primeira megaeditora
EUA estudam retirar restrições a viajantes do Brasil

Valor Econômico

Relator adiciona tributação de dividendos à reforma
‘Nova’ Lei de Falências inclui Fisco e produtor
Pátria entra na disputa por ativos da Oi
Um gênio que se vai
Milícias e o tráfico afetam eleições no RJ
Justiça exclui MPEs de plano de recuperação

EDITORIAIS

O Globo

Erário não deve cobrir déficit em fundos de estatais

Rombo em 12 dessas entidades chega perto de R$ 21 bilhões. O contribuinte não pode pagar a conta

O déficit de um conjunto de 12 fundos de pensão de estatais da União acaba de ser calculado pelo Ministério da Economia. São nada menos que R$ 20,6 bilhões, rombo que simboliza a incúria das corporações públicas com o dinheiro do contribuinte. O levantamento sobre a situação desses fundos revela que o buraco resulta de um erro cometido repetidas vezes na criação de planos de aposentadoria para os empregados, inspirados nas regras em vigor para o funcionalismo público que, como comprova a situação da Previdência, são insustentáveis no longo prazo.

A situação dos fundos deriva do impacto do modelo de “benefício definido”, em que os aposentados recebem um valor preestabelecido, independentemente de haver dinheiro para pagar. Era assim que funcionavam as aposentadorias até que o Plano Real forçou tais fundos a implementar ajustes. Eles criaram novos planos e aumentaram contribuições, mas o déficit atuarial — previsão de arrecadação menos os pagamentos devidos no futuro — continua gigantesco. Os novos planos passaram a ser de “contribuição definida”, como na previdência privada, e também de “contribuição variável”. Mas os antigos funcionam como um ralo para onde escoam bilhões. Prova disso é a situação dos fundos de funcionários de Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios, Eletrobras e Petrobras.

Em artigo no GLOBO, o ex-ministro Roberto Campos já alertava há anos que o BB transferia mais dinheiro ao fundo dos funcionários (Previ), do que pagava em dividendos ao Tesouro. Pois hoje a Previ tem um rombo de R$ 4,5 bilhões, porque mantém cinco planos do tipo “benefício definido”, em que estão 124 mil beneficiários, quase todos já aposentados. Na Petrobras, o Petros carrega um déficit de R$ 3,1 bilhões pela mesma razão. Seus quatro planos que garantem o valor da aposentadoria têm 70 mil participantes e somam um rombo de R$ 3,3 bilhões. A história se repete na Caixa Econômica (déficit de R$ 5,4 bilhões), no BNDES (R$ 1,4 bilhão), na Eletrobras e nos Correios.

Cabe perguntar, sobre as duas últimas estatais, como serão tratados os passivos dos fundos quando forem privatizadas. Nos Correios, o déficit de R$ 6,8 bilhões é causado quase na totalidade por 42% de 80 mil funcionários que optaram pelo “benefício definido” e já se aposentaram. Na Eletrobras, os nove planos que garantem o valor da aposentadoria têm 27 mil inscritos, dos quais 82% já recebem a aposentadoria. Têm um buraco de R$ 1 bilhão.

Os fundos das estatais se tornaram grandes investidores do capitalismo de compadrio nacional. Foram usados politicamente, especialmente pelos governos petistas interessados em turbinar “investimentos estratégicos” em setores como telecomunicações, energia ou infraestrutura. Também se tornaram foco de inúmeros esquemas de corrupção. Se não trouxeram o retorno para pagar os benefícios, porque não adotaram critérios de mercado, os administradores é que devem arcar com a responsabilidade pela gestão temerária. Não faz sentido repassar a conta ao contribuinte mais uma vez.

O Estado de S. Paulo

No País das Maravilhas

No país de Jair Bolsonaro, os pobres e desempregados, que vão enfrentar inevitável redução de renda, podem esperar

No país do presidente Jair Bolsonaro, os pobres e desempregados podem esperar. Sem qualquer plano factível para enfrentar a inevitável redução da renda de milhões de seus compatriotas em razão do fim do auxílio emergencial, Bolsonaro escolheu a negação: comporta-se ora como se o problema não fosse dele, ora como se os pobres afinal não existissem.

Não se pode dizer que o presidente seja incoerente. Para quem jura que em 1970 participou da repressão à luta armada durante a ditadura militar – mesmo que se possa comprovar facilmente que, na época, ele tinha apenas 15 anos de idade – não é difícil inventar que governa o País das Maravilhas.

Movido por devaneios desse tipo desde que tomou posse, Bolsonaro é uma inesgotável fonte de fantasias a respeito dos feitos de sua administração e do país que preside. Não fossem os “inimigos” do Brasil – a oposição, a imprensa, os governadores, o Congresso, o Supremo Tribunal Federal, a OMS, a ONU, os países europeus, a China, o coronavírus, a libertinagem no carnaval e o que mais aparecer –, estaríamos gozando a glória do pleno desenvolvimento econômico, social e moral.

No Brasil de Bolsonaro, por exemplo, não há racismo. Sem dedicar uma única palavra de conforto à família de um homem negro brutalmente assassinado por seguranças brancos num supermercado de Porto Alegre, crime que chocou o País, o presidente preferiu dizer que vivemos em harmonia racial e que o lugar de quem denuncia o racismo é o “lixo”.

Também no Brasil de Bolsonaro, não há devastação da Amazônia e do Pantanal e nunca se protegeu tanto o meio ambiente como em seu governo. Todas as críticas de governos estrangeiros e da imprensa a respeito do inegável avanço do desmatamento, diz o presidente, são fruto de uma campanha internacional destinada a manchar a imagem do País e prejudicar sua economia.

Na Shangri-lá exuberante de Bolsonaro, só “moleques” e “maricas” têm medo da pandemia de covid-19, pois afinal bastam algumas doses de cloroquina, o elixir bolsonarista, para derrotar o coronavírus. No começo, Bolsonaro qualificou a doença como “gripezinha”; agora, a ameaça de recrudescimento da pandemia é tratada pelo presidente como “conversinha”. De diminutivo em diminutivo, Bolsonaro – que trocou de ministro da Saúde até que encontrasse um que lhe fizesse todas as vontades, que faz campanha descarada contras as medidas de prevenção e que agora se empenha em desestimular a vacinação – esquiva-se da responsabilidade pela tragédia dos 170 mil mortos e de uma economia em frangalhos.

No mundo encantado de Bolsonaro, ao contrário, a economia do Brasil está sempre prestes a “decolar” e “voltou com muita força”, nas palavras de seu auxiliar Paulo Guedes. A esta altura, porém, quem lida com dinheiro e não gosta nem um pouco de perdê-lo tem demonstrado enorme dificuldade em acreditar nos prognósticos panglossianos do ministro da Economia e de seu chefe a respeito da recuperação do País e do encaminhamento de reformas e privatizações. Os terríveis números sobre inflação, escalada da dívida e desemprego deveriam bastar para desautorizar o otimismo não raro delirante do Palácio do Planalto.

Assim, aparentemente incapaz de encarar o mundo real em toda a sua aspereza, Bolsonaro nada tem a oferecer ao País para mitigar a crise que ele, ao contrário, ajuda a alimentar. Rejeitando todas as soluções que implicam algum grau de desgaste político e eleitoral, pois não pensa em outra coisa a não ser em sua sobrevivência no cargo e em sua reeleição, o presidente parece convencido de que, para resolver os problemas, basta fingir que eles não existem.

Esse estado de negação pode funcionar para os fanáticos que acreditam que Bolsonaro é o taumaturgo cujo toque haverá de curar a escrófula moral do País. Para todos os outros brasileiros, em especial os que não têm como compartilhar da ilusão bolsonarista porque estão concentrados demais em obter a próxima refeição, resta esperar que os demais Poderes, bem como as forças organizadas da sociedade, trabalhem o mais rápido possível para restabelecer a razão.

Folha de S. Paulo

Humano e genial

Dentro e fora dos campos, o argentino Maradona uniu o admirável e o equivocado

Morto nesta quarta-feira (25), Diego Armando Maradona Franco simbolizou como nenhum outro jogador a relação entre o que acontece dentro das quatro linhas do futebol e o mundo além delas.

Se Pelé foi o nome à frente da transformação do esporte num fenômeno global, o argentino capitaneou a reação ao negócio multimilionário. Vocalizou demandas sindicais dos atletas e apontou repetidamente a corrupção de seus dirigentes —sem deixar de se aliar a eles quando lhe interessava.

A transformação em ícone da esquerda latino-americana, denotada pela famosa tatuagem de Che Guevara, materializou-se com o empréstimo de sua imagem ao regime cubano, com o apoio ao chavismo e ao kirchnerismo e com protestos contra o governo americano.

Maradona desenvolveu extraordinária ligação sentimental com seu país. Não há de ser coincidência que sua maior atuação, e uma das mais famosas de qualquer atleta em qualquer esporte, tenha se dado na partida em que a Argentina eliminou a Inglaterra na Copa de 1986 —apenas quatro anos depois de os ingleses humilharem os argentinos na Guerra das Malvinas.

Fora da política, acabou por converter sua vida em uma das mais conhecidas histórias de envolvimento com drogas. Os sucessivos altos e baixos, com internações em hospitais e frequente proximidade com a morte, decerto resultaram em efeito mais didático do que muitas campanhas de saúde sobre a dependência química.

Teve tempo ainda para se envolver com a máfia italiana, o que resultou em outro episódio no qual as linhas do gramado do futebol ficaram borradas por questões fora delas. Segundo uma tese de investigação, a Camorra levou o Napoli, clube onde Maradona mais brilhou, a entregar um campeonato.

Quando esteve livre de obstáculos extracampo, Maradona ajudou a consolidar as características que fazem do futebol uma das mais celebradas criações humanas. Durante duas décadas, escreveu uma história repleta de jogadas imprevisíveis e de momentos lúdicos.

É provável que ninguém tenha tido papel individual tão importante numa Copa como o desempenhado pelo argentino em 1986.

Como sói acontecer com os gênios, carregou o admirável e o equivocado em ligação muito próxima. No papel de ídolo que cabe às estrelas do futebol, serve de exemplo e antiexemplo. Que a história dê a Maradona o tratamento que merece — humano nos erros e acertos fora de campo, genial dentro dele.

Valor Econômico

Onda de otimismo bate mais forte na bolsa brasileira

É provável que mais uma folga dada pelo cenário externo seja desperdiçada

As ondas de otimismo dos mercados financeiros recentes e a atual diferem. Há no curto prazo a possibilidade de vacinação segura em massa contra a covid-19 e ela também chegou à bolsa brasileira. Com o ingresso de R$ 26,7 bilhões até o dia 23, o Ibovespa alcançou o maior nível de pontos em nove meses e acumulou alta de 16,85% no mês, a maior do ano. A distensão dos mercados foi ampliada pela vitória de Joe Biden e a saída de cena de um fator maiúsculo de instabilidade, o presidente Donald Trump. Os mercados olham à frente com confiança, mas podem mudar de ideia. No caso do Brasil, o movimento de alta não parece sustentável.

Com a principal arma para assegurar a volta à normalidade econômica e social à mão – vacinas seguras e eficientes -, a busca por rentabilidade levantou as bolsas de países sob desconfiança e com desequilíbrios econômicos. A bolsa brasileira (em dólar) foi a que mais se valorizou, com 24,81%, seguida pela da instável Turquia (24%), do México, Rússia e África do Sul. À medida que os preços dos ativos se realocam haverá diferenciação, mas o movimento de aceitação do risco não vem dos fundamentos destes países, mas de fora.

Os países emergentes subiram na escala de atratividade dos investidores externos, com o índice MSCI de bolsas subindo 50% em relação ao vale de março, durante a pandemia. Eles despejaram US$ 22 bilhões nos mercados de ações apenas em novembro, segundo o IIF (FT, ontem). Pesquisa do Bank of America revela que um em cada dois administradores de fundos colocou os emergentes no topo da lista de prioridades.

Os investidores estão colocando preços em ativos com base naquilo que pode dar certo em um mundo que se livrará da covid-19 possivelmente em 2021. Reavaliarão suas premissas assim que algo der errado, e há boas doses de risco à frente. Mais estímulos fiscais e continuidade ou ampliação dos estímulos monetários com os democratas no poder nos EUA deveriam assegurar, por exemplo, a queda do dólar, que beneficiaria os emergentes em geral e os mais atolados em dívidas em particular (não é o caso do Brasil), além de dar alívio a dívidas das empresas.

No entanto, o contágio da covid-19 está se intensificando na Europa, nos Estados Unidos e, possivelmente, no Brasil. Ainda que as medidas de contenção sejam agora menos severas e provoquem menores danos econômicos, retardarão a retomada, enfraquecendo-a no quarto trimestre. A perspectiva de um Senado republicano nos EUA, se concretizada, tornará bem mais difícil a aprovação de pacotes fiscais à altura das necessidades, como ocorreu em novembro.

Mesmo em um cenário em que tudo vá bem, pode haver instabilidade. Com a vacina, o setor de serviços, que tem reagido com menor intensidade que a produção na retomada, deverá encontrar seu ritmo normal, o que torna possível uma antecipação no calendário da inflação e reversão dos sinais do Fed de que irá com juros perto do zero até 2024. Com recuperação mais robusta, a volta da simples especulação sobre quando o Fed voltará a elevar os juros tende a provocar sobressaltos maiores em um mundo muito mais endividado do que antes da pandemia.

No curto prazo, o otimismo dos mercados é benéfico ao Brasil. A queda do dólar, cuja duração oscilará ao sabor das soluções fiscais que surgirem no horizonte, pode reverter parte da forte pressão sobre os preços em um momento em que a alta da inflação se mostra mais prolongada do que o previsto – embora distante da meta. A busca do risco ajuda a rolagem da dívida pública. Em outubro o volume da dívida mobiliária interna em mãos de investidores estrangeiros já subiu de 9,44% para 9,79%, com aporte de R$ 25 bilhões.

Com algum arrefecimento da pressão cambial sobre a inflação, os juros poderão continuar por mais tempo em seus baixos níveis atuais e a rolagem da dívida se tornar menos custosa e mais suave do que foi nos últimos meses. No entanto, os juros longos se descolaram dos curtos, sinalizando que a Selic a 2% não é sustentável e que a inflação será maior, ambos sustentados pela desconfiança sobre a sustentabilidade fiscal do Brasil. Essa desconfiança só abrandará quando cessar (se cessar) a indecisão do governo, especialmente a do presidente, sobre rumos para as contas fiscais, o teto de gastos (ou alternativa crível a ele) e as reformas, que não andam.

É provável que mais uma folga dada pelo cenário externo seja desperdiçada, embora seja mais uma oportunidade de acertar o prumo e voltar ao crescimento.

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