Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (11/09/2020)

MANCHETES

O Globo

Economia pede que Justiça explique intimação a varejistas
‘QG da propina’: Crivella é alvo de operação
Fux: ‘Harmonia não se confunde com subserviência’
Verba proporcional a candidatos negros já vale em 2020
Comércio supera expectativa e cresce 5,2% em julho
Jane Fraser é a 1ª mulher à frente de banco global
Indigenista morre com flechada ao tentar impedir conflito
Juiz suspende volta às aulas, mas cientístas discordam
Só 52% de crianças e jovens do Brasil têm vacinas em dia
Maya Gabeira e seu novo recorde em ‘paredão’ de 7 andares
Colômbia tem 10 mortes em atos contra a violência policial

O Estado de S. Paulo

Fux diz que harmonia entre Poderes não significa subserviência
Liminar fixa verba para negros já na próxima eleição
Justiça tem novo penduricalho
Militares ganham mais poder sobre Orçamento
Auxílio a pescadores
Pandemia e auxílio mudam hábitos de consumo
Vacina para tuberculose será estudada contra covid
Secretário de Guedes cobra pasta da Justiça
Título verde move US$ 8,1 no Brasil
Escola particular em SP deve voltar no formato ‘bolha’
Índio isolado mata sertanista com flecha
Contram proíbe radar oculto nas vias do País
Trump ataca autor a quem falou de vírus

Folha de S. Paulo

Cidade de São Paulo tem desaceleração da Covid pela 1ª vez
Alta transmissão do vírus acende alerta no interior do estado
Fux afirma, em posse, que STF não será subserviente
Cota financeira para negros valerá já nesta eleição
Advogados creem em anulação da operação da PF
Objetivo da Lava Jato é me tirar, fala defensor de Lula
Governo avalia altas de materiais de construção
Polícia faz buscas no gabinete e na casa de Crivella
Guedes questiona ato que Bolsonaro diz ter autorizado
Vereadores aprovam plebiscito sobre o futuro do Minhocão
Após saída da Globo, SBT transmitirá a Libertadores até 2020
Latam tem pedido de empréstimo rejeitado pela Justiça de NY
União Europeia ameaça reagir se Reino Unido tentar alterar brexit
Incêndio atinge área destruída por explosão há 1 mês em Beirute

Valor Econômico

Supremo exige certidão fiscal na recuperação
Na liderança
Com sobressaltos, Eldorado toca gestão
BHP subordina bônus a metas ambientais
Os dilemas do criador da Netflix
Fim de ciclo
Publicidade já ensaia recuperação
Incerteza fiscal eleva juro pago pelo Tesouro

EDITORIAIS

O Globo

Escolas foram ignoradas na flexibilização

Bares, praias, igrejas e academias estão lotados — e não há plano para volta às aulas de 13 milhões de alunos

Após seis meses de escolas fechadas devido à pandemia de Covid-19, cerca de 60% das redes municipais de Educação no país não criaram protocolos para a volta às aulas. Nada menos que 13,3 milhões de alunos ainda não têm data para retomar as atividades presenciais. O dado, que consta de levantamento feito pela União Brasileira de Dirigentes em Educação, Itaú Social e Unicef em 4.272 municípios (77% do total), preocupa. Admita-se que as secretarias tenham visões distintas sobre o momento ideal para a volta às aulas — sabe-se que o consenso nesse campo é difícil. Mesmo assim, não dispor ao menos de um plano com esse objetivo é desalentador.

Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que, em junho, o Brasil somava 16 semanas com escolas fechadas, superando a média de países da OCDE, de 14 semanas. Em termos globais, os efeitos da suspensão das aulas serão catastróficos — e duradouros. Segundo a organização, os impactos na atividade econômica deverão durar até o fim do século, levando a uma contração de 1,5% na economia mundial ao longo do período.

Os estragos não se contam apenas em números ou cifras. Estudo do epidemiologista Wanderson de Oliveira mostra que as longas quarentenas podem causar prejuízos sérios às crianças. Agravam transtornos psicológicos, comprometem a segurança alimentar e aumentam os casos de abusos e maus-tratos.

Estamos numa fase de declínio da epidemia, e o risco para o sistema de saúde parece menor. Nos países europeus que já enfrentam uma segunda onda de casos, a letalidade do vírus tem tem sido notadamente mais baixa. Qualquer retomada precisaria, naturalmente, ser organizada de modo a minimizar os riscos e assegurar a saúde da população. Mas é algo perfeitamente viável, como mostram experiências bem-sucedidas em países como Alemanha, França, Bélgica ou Holanda. Este é o momento em que as escolas deveriam estar prontas e equipadas para medir a temperatura dos estudantes na entrada, testar casos suspeitos, manter alunos afastados na sala de aula etc. Nada disso foi feito.

No Brasil, estados e municípios em sua maioria decretaram o fechamento das escolas em março. Em junho, quando os números ainda estavam em alta, deram início à retomada de atividades. Governadores e prefeitos têm autonomia para tomar essas decisões, mas, diante da ausência flagrante de coordenação do MEC, assiste-se a um total descompasso. Há escolas que já voltaram, algumas se preparam para o retorno, e muitas outras, nem querem saber. No tradicional Colégio Pedro II, os alunos nem aulas remotas têm. É a pedagogia da colcha de retalhos.

Abriram-se shoppings, bares, restaurantes, igrejas e academias. Liberaram-se parques, pontos turísticos e praias — efusivamente lotadas nos fins de semana. Escolas? Figuram como ponto cego nos planos de flexibilização. O Brasil sempre mostra a sua cara.

O Estado de S. Paulo

Inflação e populismo

A comida encareceu, o consumidor reclamou e o governo reagiu com um showzinho eleitoral, baseado num script já desmoralizado há trinta anos

A comida encareceu, o consumidor reclamou e o governo reagiu com mais populismo. O presidente pediu patriotismo e lucro “próximo de zero” aos donos de supermercados. Em seguida, o Ministério da Justiça deu cinco dias a produtores e comerciantes para explicarem a alta de preços, acenando com multas se forem comprovados aumentos abusivos – um conceito misterioso e estranho à ciência econômica. Enfim, foi zerada a tarifa de importação do arroz, o vilão mais notório da nova crise inflacionária. Resta esperar e conferir se o produto estrangeiro de fato derrubará os preços – efeito duvidoso, se o dólar continuar muito caro. Por enquanto só se viu o showzinho eleitoral, baseado num script já desmoralizado há 30 anos.

Com tanto barulho, muita gente poderá desconfiar de um novo estouro inflacionário. Mas convém olhar alguns números. Com alta de 0,24% em agosto, 0,70% no ano e 2,44% em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), retrato principal da inflação, estará mesmo fora dos conformes?

Para o consumidor pouco familiarizado com estatísticas, aquele número mensal, 0,24%, é uma ficção sem sentido. Algo mais próximo da verdade talvez apareça nos detalhes. Com alta de 3,08% em agosto, o preço do arroz acumula aumento de 19,25% no ano. O do feijão subiu mais de 30% em oito meses, dependendo do tipo e da região, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No entanto, o custo da alimentação fora de casa diminuiu 0,29% em julho e 0,11% em agosto. Mas quem se importa com isso, se menos pessoas estão comendo fora? Roupas e calçados também ficaram mais baratos, assim como a educação (descontos foram concedidos depois do fechamento de escolas). De novo, isso faz diferença?

Consumidores tendem a dar mais atenção à alta de preços do que à baixa. Além disso, a inflação medida pelos institutos de pesquisa reflete a média das variações de centenas de preços. Seria espantoso se os gastos de alguma família tivessem os mesmos itens do orçamento modelo, com os mesmos pesos. Além disso, hábitos mudaram com a pandemia. Os modelos de orçamento, no entanto, foram mantidos.

Mas a disparada dos preços da comida – porque houve, de fato, disparada – é um fato bem mais complexo do que talvez perceba a maior parte das pessoas, incluídas várias autoridades. Em vários momentos o valor do dólar esteve cerca de 40% acima do nível do início do ano. Valores em torno de R$ 5,60 têm reaparecido com frequência. Um segundo fator, parcialmente associado ao primeiro, é o aumento das exportações do agronegócio.

As estrelas dessas exportações continuam sendo a soja, seus derivados, o milho e as carnes. De janeiro a julho o setor exportou US$ 61,19 bilhões, 9,2% mais que um ano antes, segundo o Ministério da Agricultura. Essa receita, recorde para o período, resultou principalmente do volume, 15,8% superior ao de janeiro-julho de 2019. A China continuou como destino principal.

O aumento do volume exportado ajuda a entender a alta dos preços internos, mas há também o efeito do câmbio. Com maiores embarques e dólar muito mais caro, produtores e distribuidores de alimentos ajustaram seus preços às novas condições.

O câmbio e a perspectiva do retorno em reais estimularam também os embarques de produtos de menor peso nas exportações, como o arroz. As vendas externas de 982,89 mil toneladas desse produto entre janeiro e julho foram um recorde para o período. As vendas têm ficado, em alguns meses, perto do dobro dos volumes de 2019. Alguma surpresa, ainda, quanto aos preços internos?

Quanto ao câmbio, o real tem sido uma das moedas mais desvalorizadas. Muito capital tem saído do País. Além disso, diminuiu o ingresso de recursos, principalmente de curto prazo. Há incerteza quanto às finanças públicas, por causa das prioridades eleitorais do presidente e das pressões por gastos. Além disso, o fogo nas florestas assusta investidores. Parte importante dos problemas está no Palácio do Planalto, bem longe dos armazéns agrícolas e dos supermercados.

Folha de S. Paulo

Inflação e populismo

Alta no preços dos alimentos requer medidas racionais, não ações demagógicas

A repercussão da crise do arroz despertou um instinto essencial de Jair Bolsonaro, a demagogia. Mais do que a escassez relativa do produto e a carestia, foi o burburinho nas redes sociais e nos meios de comunicação que moveu o presidente, pois o problema já era notável havia semanas.

Bolsonaro age a seu modo. Isto é, tenta se descolar da crise, procura demonstrar dureza de modo populista, bafeja autoritarismo, toma medidas para inglês ver e assevera, ao mesmo tempo, que é um democrata e um liberal que tenta combater os inimigos do povo.

Seu governo intimou produtores, industriais e comerciantes a explicarem o aumento de preços, por exemplo, medida de resto sem resultado prático. Decerto tomou a decisão acertada, embora tardia, de facilitar importações de arroz.

Um acompanhamento mais metódico teria permitido um diálogo profissional com empresas e especialistas do ramo, de modo a tomar medidas possíveis, cabíveis e a bom termo. Mas essa seria a atitude de um governo racional.

O problema é de fato espinhoso. A inflação geral, medida pelo IPCA, está em 2,4% ao ano, das cinco mais baixas desde 1999, quando o país adotou o sistema de metas de inflação e o câmbio flutuante. A alta dos alimentos consumidos em casa, porém, está entre as 20% maiores do período, em 11,4% ao ano.

Nesses pouco mais de 20 anos, já houve carestias maiores. Mas jamais foi tamanha a disparidade entre o IPCA e a inflação de alimentos. Não há, porém, indício de descontrole inflacionário, sobretudo porque os preços estão ancorados pela grave crise, que contém ainda mais reajustes nos serviços e deprime os salários.

É verdade que o desequilíbrio de preços pode por vezes começar em um cenário de grande incerteza. As avaliações de risco são difíceis, pois dependem da recuperação econômica e do efeito do fim do gasto extraordinário do governo.

Há que se considerar ainda o risco de descontrole fiscal. Tentativas irresponsáveis de burlar o teto de gastos, por exemplo, podem provocar tensão financeira e desvalorizar ainda mais o real, um fator possível de inflação.

Diante desses problemas do mundo real, o presidente reage de modo estabanado, demagógico ou muitas vezes inepto. Foi assim com o preço dos combustíveis, com a pandemia, com as queimadas, com a política de reformas.

O controle das expectativas econômicas e a administração de todos esses problemas, da oferta de alimentos à boa gestão fiscal, depende de governo sereno, metódico e racional. É irrealista esperar tais comedimentos de Jair Bolsonaro, mas se deve insistir nessa tarefa um tanto inglória.

Valor Econômico

Agenda ambiental tem novos avanços no Brasil

A agenda ambiental avança com o apoio esclarecido dos governos, ou a despeito deles

Depois de aos poucos penetrar no mundo dos investimentos, a onda verde chegou enfim a outra fronteira essencial do sistema financeiro – a supervisão, regulação e à política de empréstimos das instituições bancárias. Os bancos têm um papel vital a desempenhar, pois controlam a maior parte dos recursos que tanto podem financiar projetos que preservem o ambiente, como atividades que o destruam. No caso brasileiro, a ação dos maiores conglomerados bancários tornou-se visível na iniciativa conjunta para combater o desmatamento na Amazônia. O Banco Central deu esta semana outro passo importante para a sustentabilidade.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, deu continuidade a uma série de ações que haviam sido objeto de regulação pelas gestões anteriores, como a resolução 4327, do governo Dilma, que criou diretrizes para responsabilidade ambiental das instituições financeiras, e a 4557, de 2017, no governo Temer, que estabelece estruturas de gerenciamento dos riscos ambientais. Pelo menos no âmbito das autoridades monetárias – quase uma exceção – há uma sequência lógica e concatenada de ações para o mesmo fim, independente da coloração política muito diferente dos ocupantes do Planalto. É um exemplo de como deveria agir a burocracia de Estado.

O que o BC brasileiro vai fazer é mais do que cuidar de sua própria pegada de carbono, ou utilizar critérios de sustentabilidade para escolher eventuais gestores de suas reservas internacionais. O BC quer aprofundar sua supervisão e regulação às necessidades de transição para uma economia de baixo carbono. Pretende criar um documento para coleta qualitativa de informações das instituições financeiras sobre riscos socio-ambientais e climáticos de operações feitas com segmentos sensíveis. Procurará também automatizar o cruzamento destes dados com informações públicas disponíveis, como georreferenciamento. Formatará a incorporação de cenários de risco nos testes de estresse dos bancos.

Um aspecto crucial é que o BC, dentro de suas atribuições, abrirá mais espaço para a concessão de crédito segundo as melhores práticas ambientais. Será criado um Birô Verde de crédito rural, que agirá de acordo com critérios que identifiquem operações verdes. Com isto, será mais fácil emitir títulos sustentáveis, que poderão receber certificação ou selo de adequação a critérios de sustentabilidade definidos para todo o sistema. O BC aumentará em 20% os limites para contratação de crédito rural que tenham essas características.

Estas ações guardam similaridade de propósitos com a ação conjunta de Santander, Itaú e Bradesco ao estabelecer 10 projetos para a Amazônia e criar um Conselho Consultivo Amazônia dirigido por 7 especialistas em diversas áreas para formular e acompanhar os projetos. Eles incluem, além de apoio a medidas de conservação, provisão de meios para a criação de infraestrutura sustentável, ampliação e financiamento de possibilidades de exploração sustentável da floresta – em especial da bioeconomia. Para isso será estimulada a criação de mercado de ativos e instrumentos verdes, a atração de investimentos, a promoção de parcerias para o desenvolvimento tecnológico e apoio a lideranças regionais envolvidas em projetos socioeconômicos sustentáveis na região.

A experiência acumulada pelo BC e os bancos deverá servir para que seja expandida, como deve, para a proteção do ambiente em todos os biomas ameaçados, como Cerrados e Pantanal, e para a universalização de critérios de respeito ao ambiente nas políticas de crédito.

O ativismo que engloba os bancos é mais antigo e intenso no exterior. O Credit Suisse acaba de se associar ao Climate Bond Iniciative para auxiliar na transição para uma economia de baixo carbono, com recursos para que as empresas possam atingir metas de redução. Buscará também criar critérios mais circunstanciados e princípios para a emissão de bônus sustentáveis (FT, Moral Money). A Alphabet, controladora do Google, fez esta semana emissão recorde de US$ 5,8 bilhões deste tipo de bônus.

A agenda ambiental avança com o apoio esclarecido dos governos, ou a despeito deles, o que é sempre um sinal decisivo de vitalidade. Isto é ainda mais importante no Brasil, que tem um governo que promove o retrocesso ambiental em toda a linha e a devastação da Amazônia.

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IMPRENSA HOJE

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Os chineses tentam atrair a adesão do Brasil ao programa há anos. Até agora, os governos brasileiros resistiram, por razões econômicas e geopolíticas.

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