Em live nesta quarta-feira (26), o psicanalista e coordenador do Cidadania Diversidade, Eliseu Neto, debateu com o produtor e voluntário do Centro LGBT+, Júlio Cardia, a advogada e mestre em antropologia Andréia Peixoto e psicólogo e pesquisador Vinícius Mota divisões e moralismo existentes dentro da própria comunidade LGBT que colocam em risco a luta por direitos e expõem lideranças que atuam em defesa da causa.
Eliseu Neto citou como exemplo tentativas de destruir a imagem de candidatos LGBTs por integrantes da própria comunidade, comportamento que, em sua visão, imita o moralismo colocado em prática por Jair Bolsonaro e seus simpatizantes.
“Mais recentemente, um colega e pré-candidato do Cidadania teve sua privacidade exposta pela comunidade LGBT no intuito de desmoralizar o seu caráter e o seu projeto político. Partiram da personalização para desmoralizar um projeto sério. Esta live tem como objetivo mostrar o tanto que isso é ruim para a própria comunidade e como atitudes negativas assim refletem e ecoam posicionamentos moralistas e preconceituosos contra o os quais todos lutamos”, afirmou.
Júlio Cardia ponderou que tais atitudes reforçam o conservadorismo brasileiro. Ele deu como exemplo o fato de as famílias terem dificuldades em aceitar o relacionamento homoafetivo.
Vinícius Mota, por sua vez, destacou a hipocrisia da sociedade brasileira e lembrou que as mulheres ainda são as que mais sofrem com vazamentos ou publicações de imagens não autorizadas. Para ele, a situação mostra o machismo brasileiro em que uma mulher é “crucificada” e um homem, “perdoado”. Ele lembrou que apesar de haver perseguição por parte de LGBTs, o que merece a condenação de todos, a mulher é ainda a que mais sofre com essa realidade.
A advogada Andréia Peixoto disse que a tecnologia e a comunicação dinâmica têm mostrado novos paradigmas e questionamentos sociais, ressaltando que futuramente a sociedade terá de mudar os seus posicionamentos em relação aos costumes. Destacou que o ato de divulgar ou compartilhar material de um indivíduo sem autorização é considerado crime no País e passível de punição.