Em live nesta sexta-feira (21) com o pré-candidato a vereador por São Paulo pelo Cidadania Pedro Melo, o coordenador do núcleo Diversidade23 do partido e psicanalista, Eliseu Neto, falou da necessidade de as escolas serem um espaço de maior representatividade e respeito à comunidade LGBT. Ele é pré-candidato a vereador pelo partido no Rio de Janeiro por meio do coletivo Bancada do Livro.
“Ainda temos um modelo de escola super ultrapassado, são espaços racistas, machistas e LGBTfóbicos. É bem-vinda a presença de uma diretora trans, um professor gay assumido que fale sobre isso. Não adianta eu ter uma aula de orientação sexual e todos os professores serem homofóbicos e fazerem piadinhas. É preciso de um ambiente acolhedor”, disse.
Segundo Neto, esse modelo excludente pode ser transformado com pautas civilizatórias. “Uma escola para a diversidade não é importante somente para os LGBTS, embora seja muito. Quando defendemos as pautas LGBTs, de direitos, estamos defendendo um mundo melhor inclusive para os heterossexuais, para que eles saibam se relacionar melhor, lidar melhor em conjunto, que tenham mais empatia, que são competências hoje exigidas no mercado de trabalho”, sustentou.
O psicanalista também abordou as conquistas da comunidade, como a garantia do casamento, o direito de adoção, a retificação do nome social. “Em 2010, quase não tínhamos direitos. Tenho orgulho tremendo de ter lutado pela criminalização da homofobia, conseguimos garantir o nome social das pessoas trans no ensino básico e o direito de doar sangue”, disse, ao apontar lutas das quais participou ativamente com o Cidadania.
Mesmo com todos os avanços, Neto ainda vê uma parcela da população que tenta atacar os movimentos LGBTs, segundo ele, por “terem seus privilégios atingidos”. “Esse avanço da sociedade é inegável e vamos continuar avançando apesar deles. As instituições estão dando o recado, inclusive o Congresso Nacional, que ignorou a pauta conservadora do Bolsonaro. Essa minoria que se sente atingida nos seus privilégios é que se incomoda com o negro na universidade, com o gay que beija na rua”, apontou.
O coordenador do Diversidade falou da atuação do Congresso Nacional na defesa das pautas LGBTs. Ele reconhece que, apesar de poucas, algumas vitórias podem ser creditadas ao trabalho dos parlamentares.
“Eles estenderam a Lei Maria da Penha para as pessoas trans, o estatuto da juventude teve uma cláusula acrescentada sobre pessoas LGBTs, o estatuto da pessoa com deficiência também trata essa questão, e a lei de bullying que claramente protege a população LGBT. E, no debate que estamos fazendo agora sobre o projeto de fake news, colocamos uma proteção especial para o nome social dentro das redes sociais, para que ele seja respeitado, e uma cláusula para que qualquer tipo de homofobia e transfobia seja imediatamente retirado das redes sociais”, destacou.
Partido e diversidade
Sobre o espaço que os partidos destinam para a comunidade LGBT, Neto defendeu o Cidadania como um dos únicos que se abrem para os movimentos como forma de renovação política.
“Isso faz uma tremenda diferença. Eu, por exemplo, ajudei a escrever o novo estatuto do Cidadania. O segundo artigo dele proíbe qualquer tipo de homofobia e transfobia. Não é qualquer partido que tem isso. Então a gente ocupar esses espaços é muito importante”, ressaltou.
O pré-candidato a vereador Pedro Melo também falou da necessidade de uma maior participação de LGBTs nos partidos políticos e na defesa da causa, mesmo por aqueles que não são da comunidade.
“Eleições proporcionais para vereador, por exemplo, tem o voto da legenda e muitas vezes os partidos têm os candidatos LGBTs, mas muitos não vão chegar lá. E aqueles que vão ocupar os espaços daquele partido não se comprometem com a causa. Então, muitas vezes, um LGBT ajuda a colocar um hétero, cis, branco lá e ele não vai lutar por nós. E felizmente essa não é a realidade do Cidadania, que tem uma pauta de respeito à comunidade LGBT”, elogiou.
Na ocasião, Melo ainda apontou um problema que enxerga entre os membros da comunidade, que, muitas vezes, criticam uns aos outros, o que dificulta a luta pela causa.
“Infelizmente, temos no movimento LGBT esse péssimo hábito de deslegitimar a luta de um LGBT do seu lado, enquanto lá fora tem um governo Bolsonaro que não se importa com a gente. Em vez de um defender a luta do outro, ficamos nos atacando. É uma reflexão que o movimento LGBT merece fazer. Muitas vezes, os gays são os primeiros a apontar ou a criticar outro gay. Falta um pouco mais de empatia. Precisamos fazer essa autocrítica”, ponderou.