Roberto Freire divulga nota de pesar por Dom Pedro Casaldáliga: “Homem de rara nobreza”

Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (Crédito da foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O presidente Nacional do Cidadania, Roberto Freire, divulgou nota de pesar na manhã deste sábado (8) pelo falecimento, aos 92 anos, de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, incansável na luta contra a destruição da floresta e a favor da causa indígena.

No livro “Campanha de rua – A cobertura jornalística de uma eleição presidencial”, o jornalista mineiro Maurício Lara relata a visita do hoje presidente do Cidadania, que disputava a presidência da República, em 1989, às cidades mineiras de Uberaba, Uberlândia e Patos de Minas.

Na época candidato do Partido Comunista Brasileiro, Freire enfrentava o preconceito dos eleitores no primeiro pleito pós-abertura democrática, quando comunismo ainda era palvrão. Pouco antes da chegada do candidato a Minas, Lara entrevistara Dom Pedro Casaldáliga, em Belo Horizonte.

E relatou a Freire o que dissera o bispo em sua defesa. “É preferível um ateu como Roberto Freire chegar à Presidência do que um católico corrupto”, comparou Casaldáliga. “Uma declaração que me honrou e jamais esqueci. Foi um homem de rara nobreza”, diz Freire.

Leia a nota de Freire:

Nota de pesar

O Cidadania manifesta seu profundo pesar pelo falecimento deste grande ser humano: Dom Pedro Casaldáliga. O bispo emérito de São Félix do Araguaia dedicou sua vida ao bom combate, aos direitos humanos, à igualdade entre os povos, à vida, indistintamente, como nosso bem mais precioso.

Sua partida, nesse momento de grave ameaça aos povos originários, pela ação de Bolsonaro e da Covid-19, nos inspira a travar a mesma luta, tão atual quanto há 50 anos, em memória da sua e da nossa história. No que pessoalmente me toca, jamais esqueço um nobre gesto seu.

Então candidato a presidente, em 1989, pelo PCB, sofri ataques os mais baixos por ser ateu. Em meu socorro, saiu esse homem de Deus e o fez publicamente: não importava crer ou não, se as ideais eram mais cristãs do que as de quem me atacava.Foi-se o mais nobre dos homens, mas ficam suas ideias e ações.

À família, à Igreja, aos amigos, a nossa solidariedade e um afetuoso abraço.

Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania

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