Lideranças do Cidadania pedem união contra Jair Bolsonaro no Janelas pela Democracia

Roberto Freire, Eliziane Gama, Cristovam Buarque, Stepan Nercessian e Raquel Dias participaram do ato suprapartidário nesta quinta-feira; cineasta Zelito Viana também marcou presença a convite do partido, que ainda homenageou os profissionais do SUS lembrando Sérgio Arouca, figura central na idealização do sistema

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, reforçou nesta quinta-feira (18) a necessidade de uma ampla frente contra o autoritarismo do governo Bolsonaro e a favor da democracia e da liberdade, durante participação no Janelas pela Democracia, conferência virtual que reuniu lideranças de PDT, PSB, PV e Rede, além do Cidadania. 

“As janelas democráticas precisam ser ainda mais abertas, para que todos possam participar e se integrar numa luta que hoje pouco pode se fazer nas ruas, até porque é totalmente desaconselhável. Esse dia chegará e nós iremos às ruas a partir dessas janelas, que estão chamando e conclamando uma sociedade que começa a se organizar contra a antidemocracia”, disse.

Freire lamentou que o país seja conduzido por um presidente incapaz e desumano num momento em que os brasileiros passam por uma grande tragédia na saúde.

“Estamos enfrentando uma pandemia que atingiu toda a humanidade e com muita força está atingindo os brasileiros. E, infelizmente, temos um presidente que é negacionista, que acha que não existe pandemia, que isto é um vírus de um país tentando acabar com as economias do mundo ocidental e, em especial, dos Estados Unidos. É alguém que não tem o mínimo senso de realidade. E pior, não tem senso nenhum de responsabilidade”, destacou.

O ex-parlamentar alertou para o fato de que o país também pode passar por uma segunda onda da doença, assim como já está acontecendo em Pequim. “Não temos isolamento direito, podemos ter uma segunda onda, tudo isso para a infelicidade do povo brasileiro. E sem nenhuma solidariedade dele [Bolsonaro], até porque ele não tem nenhuma empatia, ele tem é desumanidade”.

Estado Democrático

Na avaliação da líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), o governo vem demonstrando seu desprezo pela democracia. “É um governo que vive em conflito diário com os outros poderes, não respeita a liberdade de imprensa e ao mesmo tempo participa de manifestações antidemocráticas. Chegou inclusive a convocar a Força Nacional de Segurança para combater os atos democráticos”, condenou.

Gama afirmou que o autoritarismo do governo ficou mais evidente quando tentaram esconder o número total de mortos e infectados pela covid-19. “Chegou a dar uma ordem para que o número total de mortos não passasse de mil por dia. Um total desrespeito a memória dessas pessoas e a família delas”.

Para a senadora, o momento exige união para assegurar a liberdade e a democracia. “É muito importante hoje que o cidadão brasileiro tenha essa compreensão de lutar de uma forma muito firme para que o Estado Democrático de Direito possa de fato ser assegurado no nosso país. Os partidos já estão fazendo isso, a exemplo do Cidadania, que tem tido um protagonismo muito importante nesses tempos sombrios que infelizmente estamos vivendo”, disse.

Pauta pós-Bolsonaro

O ex-senador Cristovam Buarque falou sobre o risco de queda da democracia com o presidente Bolsonaro. Segundo ele, isso é consequência de um país que não serviu àquilo que a população esperava. 

“Deixamos 100 milhões sem esgoto, 35 milhões sem água, 12 milhões de analfabetos, o país continua tendo a maior concentração de renda, nossas escolas estão entre as piores do mundo. Precisamos impedir que Bolsonaro acabe com a democracia, mas precisamos estar unidos também em defesa de algo pós-Bolsonaro, uma democracia que construa o Brasil que o povo brasileiro espera de nós”, alertou.

Buarque acredita que o país enfrentará um grande desafio pós-pandemia e ressaltou a importância da luta por uma democracia que sirva ao povo brasileiro. “É preciso definir desde já como vamos melhorar o Brasil, mesmo durante os anos que não teremos crescimento por falta de investimento. E é preciso saber como o crescimento que virá depois carregará a inclusão social e a sustentabilidade ecológica, duas pernas fundamentais do futuro. Esse é o nosso desafio”, reforçou.

Para o ex-deputado, ator e filiado ao Cidadania, Stepan Nercessian, o país deve lutar por duas grandes causas. “A primeira pelas nossas vidas e a dos nossos semelhantes no combate contra o coronavírus. A segunda pela preservação da nossa democracia”, defendeu. Ele convocou a sociedade para um grande panelaço. “Vamos para as janelas pela democracia, para um grande panelaço dizer que não compactuamos com a morte, com a violência e nem com a censura. Somos todos pela vida e pela democracia”, completou. 

Contra a intolerância

Integrante do Mulheres 23, a ativista e gestora pública Raquel Dias defendeu uma ampla frente democrática para combater também o racismo estrutural. “Vivemos em tempos de luta. Ágata, João Pedro, Miguel, Floyd são todos nomes que trazem às nossas mentes e corações a crueldade com que o racismo estrutural nos vitima. Sejamos antirracistas com a mesma força com que somos antifascistas. Precisamos nos unir em uma frente ampla para combatermos a escalada do autoritarismo e da intolerância”. 

A convite do Cidadania, o cineasta Zelito Viana participou do evento e destacou que o país está sendo governado por um presidente que destruiu a cultura, o meio ambiente, a saúde, a educação, e o direito das minorias. Para ele, o único objetivo de Bolsonaro é desestabilizar as instituições democráticas do país. 

“Não é à toa que ele estimula e participa de manifestações que pregam abertamente o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Vimos a famigerada reunião de ministros e o presidente pregando abertamente o armamento da população. Isso é um absurdo, um descalabro e a gente dos 70% tem que se manifestar contra. Temos que acabar com este governo louco a que estamos sendo submetidos”, assinalou. 

Durante o evento, o Cidadania apresentou um vídeo de homenagem ao Sistema Único de Saúde (SUS). Uma instituição que sobreviveu a falta de recursos, a ataques e tentativas de desmoralização, mas continua sendo um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde públicos do mundo, que garante acesso universal, integral e gratuito para toda a população do país.

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