Presidente nacional do Cidadania diz que reportagem do Estadão deste sábado, com mensagem de Bolsonaro a Moro informando que trocaria comando da PF, é mais um elemento de prova da interferência política para proteger amigos e familiares
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, condenou duramente as posições de Jair Bolsonaro e de seus auxiliares na reunião ministerial do dia 22 de abril cujo vídeo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, tornou público nesta sexta (21). Segundo ele, a “linguagem de bordel” é o que há de menos grave no vídeo e os crimes, esses, sim, gravíssimos, devem ser investigados em uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional.
“Estamos analisando todo o vídeo da – vergonhosa e reveladora de crimes e espertezas – reunião de Bolsonaro com os ministros. O Congresso Nacional é o Poder que tem os meios necessários para, ouvindo a sociedade, apurar tudo o que se passou naquela sala. Só os apressados bolsonaristas pensam que as provas do crime são apenas as frases desvairadas e pornográficas de Bolsonaro, por isso dizem que o vídeo é positivo”, sustentou.
Freire citou reportagem do Estadão deste sábado (23), que revela mensagens em que Bolsonaro diz explicitamente ao então ministro da Justiça, Sérgio Moro, que iria trocar o diretor-geral da Polícia Federal à época, Maurício Valeixo. “Dois dias depois da reunião, a fala que anuncia a interferência política se confirmou. Bolsonaro trocou a direção da PF e a chefia no Rio. De quebra, tirou Moro. Buscou, assim, segundo ele, proteger família e amigos”, apontou.
Imunidade de rebanho
Os palavrões, segundo o presidente do Cidadania, são “grosserias e falta de educação”, graves mesmo são os crimes. “Em meio a uma pandemia mortal, Bolsonaro discutia interferir na PF, armar a população (milícia), usar órgãos de inteligência pra espionar “atrás da porta”, tirar proveito da doença pra explorar a Mata Atlântica, prender governadores e ministros do STF”, observou.
Ele classificou as falas da reunião de “cipoal vergonhoso de velhacarias”. “Uma falta de dignidade, o ajuntamento de espertos e boçais, o ataque às instituições republicanas e à democracia e as agressões a autoridades. Linguagem de bordel e espaço para prática de crimes. Incrível que tudo isso tenha ocorrido na reunião da mais alta autoridade do país”, lamentou.
Por fim, Freire disse que o fato de a pandemia só ter sido discutida em breve fala do então recém-empossado ministro da Saúde, Nelson Teich, é reveladora da desumanidade do governo de Bolsonaro. “No início da pandemia, havia uma divisão no governo: uns defendiam equilíbrio entre as curvas de infecção e recessão, outros a tal “imunidade de rebanho”. O fato de não terem tratado de Covid-19 escancara a opção pela morte de CPFs pra salvar grandes CNPJs” assinalou.