Empresário e suplente de Flávio Bolsonaro revelou ao jornal Folha de S.Paulo que o senador recebeu informações antecipadas da Polícia Federal sobre operação que investigava esquema de rachadinha
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, defendeu nesta segunda-feira (18) a instalação urgente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional para apurar mais um escândalo envolvendo a família Bolsonaro: a que um delegado da Polícia Federal vazou aos investigados informações sobre a operação Funda da Onça, que apurava rachadinha no gabinete do senador Flávio Bolsonaro.
A acusão partiu do suplente do parlamentar, o empresário Paulo Marinho, e foi publicada, neste domingo, no jornal Folha de S.Paulo.
“Há claro elo nessa denúncia do suplente de Flávio Bolsonaro com as intenções e gestos de Bolsonaro de ter controle político da Polícia Federal. Interessante saber que, naquele episódio narrado pelo Paulo Marinho, estava presente o famoso delegado Ramagem. Além de Aras, cabe CPI”, apontou Roberto Freire.
Líderes do Cidadania já haviam proposto uma CPMI para apurar, conforme acusação do ex-ministro Sérgio Moro, a tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na atuação da Polícia Federal. Para Roberto Freire, a Comissão deve incluir as denúncias do empresário Paulo Marinho. Casos isso não seja possível, ele defende que um novo pedido de investigação seja apresentado.
“Esta denúncia tem que ser apurada. Penso que partidos democráticos no Congresso Nacional devem aditar no pedido de CPI esse fato novo trazido à cola pelo suplente de Flávio Bolsonaro. Ou Moro mirou no que viu e acertou no que não viu ou sabia muito bem o que estava fazendo. Bebianno morto, quem sabe tudo sobre a campanha de 2018 é Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro. Ele diz ter nomes e datas. Fato novo a ser acrescido no pedido da CPI no Congresso”, cobrou Freire.
STF
Ontem (17), o deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello novas diligências em razão dos fatos noticiados pela Folha. Calero pede para que sejam ouvidos os envolvidos mencionados, como os ex-assessores Fabrício Queiroz e Nathalia de Melo Queiroz, os advogados Antônio Pitombo e Vitor Alves, bem como o delegado Alexandre Ramagem.
O deputado ainda solicita que seja expedido mandado de busca e apreensão do telefone celular que pertenceu a Gustavo Bebbiano, já falecido, e que conteria provas de interesse da investigação.
“A Operação “Furna da Onça” foi coordenada pela Delegada Federal Xenia Soares e ocorreu em desdobramento à Operação “Cadeia Velha”, a qual foi coordenada pelo Delegado Federal Alexandre Ramagem, indicado preferido pelo presidente Jair Bolsonaro ao cargo de diretor-geral da Polícia Federal”, traz a petição.
E continua: “Há fundada suspeita, portanto, de que Alexandre Ramagem tenha sido o delegado mencionado por Paulo Marinho como o responsável pelo vazamento da operação “Furna da Onça” que envolveria o clã Bolsonaro. A suspeita se dá em razão de Alexandre Ramagem, pouco depois, ter assumido a segurança do então presidente eleito”.
Em seguida, lembra Calero, foi indicado para a Agência Brasileira de Informação (ABIN) e depois foi, sucessivamente, “o pivô da recente exoneração do Diretor da Polícia Federal e, por consequência, do Ministro Sérgio Moro, à razão de pretendidas interferências presidenciais na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro”.