Cidadania quer divulgação integral do vídeo que Moro citou como prova de interferência na PF

Deputado federal Marcelo Calero solicitou ao ministro Celso de Mello, relator do caso na Corte, a liberação de todo o conteúdo da reunião ministerial em que o presidente Jair Bolsonaro teria confessado que mudaria comando da corporação para proteger a família

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) ingressou com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ministro Celso de Mello dê publicidade “integral” ao vídeo da reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares, na qual ele teria falado sobre a necessidade de mudança no comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro.

Veículos de imprensa relatam que, no dia 22 de abril, durante o encontro com seus ministros, Bolsonaro associou a troca do superintendente do Rio à necessidade de proteger sua família. O episódio foi o estopim para a demissão do ex-ministro Sergio Moro, que não concordou com a iniciativa.

“O Brasil precisa conhecer a verdade”, cobrou Calero.

Sob suspeição

O presidente Nacional do Cidadania, Roberto Freire, também quer ampla divulgação para o vídeo, que traria, entre outros pontos, segundo a imprensa, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a ministra das Mulheres, Damares Alves, pedindo a prisão de ministros do STF, governadores e prefeitos que defendem o isolamento social como forma de conter a Covid-19.

“Se verdadeiros os relatos, Moro foi cirúrgico ao indicar vídeo como prova de interferência na PF. Colocará a baixaria desta gestão a nu. Bolsonaro agiu pra proteger a família. Weintraub quer o STF na cadeia. Damares pede prisão pra governadores e prefeitos. Que o STF divulgue!”, sustentou em seu perfil no Twitter.

A líder do Cidadania no Senado, senadora Eliziane Gama (MA), seguiu a mesma linha. Em entrevista ao site O Antagonista, cobrou que o vídeo seja exibido em rede nacional. Na avaliação da parlamentar, até que se apure o caso, Bolsonaro “está sob suspeição”.

“Se forem verdade as acusações de que Bolsonaro teria cobrado a troca da Polícia Federal no Rio para proteger seus familiares, o presidente cometeu crime e deverá ser punido”, observou Eliziane ao site.

No Twitter, a senadora reforçou que o teor da reunião precisa “vir à tona pelo bem da sociedade”. ”O país não merece ter um presidente sob suspeita”, ponderou. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) usou passagem bíblica comumente citada por Jair Bolsonaro para cobrar publicidade total sobre a reunião.

“Notícias dão conta de que o motivo [para a troca na PF] seria a exigência direta de proteção à sua família, que seria ‘perseguida’. O Brasil precisa ter acesso a essas informações. Só a verdade liberta”, disse.

Também o senador Jorge Kajuru defendeu que o STF torne pública a gravação do encontro entre Bolsonaro e seus ministros.

“Sou totalmente favorável à transparência. Que venham a público o vídeo e quaisquer fatos relacionados a ele. Quem não deve não teme”, afirmou o senador ao site Antagonista.

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