Em reunião com Armínio Fraga, Cidadania decide propor extensão da renda básica emergencial

Para o economista, papel do Estado será fundamental para atravessar os efeitos da pandemia, sejam eles sanitários ou econômicos. Ele defendeu que a ajuda assistencial funcione como uma espécie de transição para que populações mais carentes enfrentem o drama do desemprego e do sumiço da renda (Foto: Armínio Fraga no Fórum Econômico Mundial 2009. Crédito: Bel Pedrosa)

O Cidadania decidiu, nesta quinta-feira (7), preparar uma proposta que estenda a renda básica emergencial por mais três meses. Líderes do partido decidiram sugerir a ampliação do auxilio de R$ 600, que vem sendo pago a brasileiros atingidos pelos efeitos da pandemia do coronavírus, após se reunirem virtualmente com o economista Armínio Fraga.

Para o líder Arnaldo Jardim (SP), o cenário econômico-social atual e futuro é extremamente preocupante e o país precisa reagir no pós-pandemia, principalmente para aplacar a questão do desemprego. 
Jardim adiantou que a assessoria do partido estuda que mecanismo vai adotar para tentar ampliar o pagamento da renda básica emergencial. O Congresso Nacional aprovou recentemente que o benefício seja pago até junho. A ideia do Cidadania é estender esse auxílio até setembro.

Participaram do encontro com Armínio, além de Jardim, o presidente nacional da legenda, Roberto Freire, e os deputados federais Alex Manente (SP), Rubens Bueno (PR), Daniel Coelho (PE), Paula Belmonte (DF) e Marcelo Calero (RJ), além de assessores técnicos.

Armínio disse aos parlamentares que o papel do Estado será fundamental para atravessar os efeitos da pandemia, sejam eles sanitários ou econômicos. E defendeu que a ajuda assistencial funcione como uma espécie de transição para que populações mais carentes enfrentem o drama do desemprego e, por consequência, do sumiço da renda.

“Temos que gastar. É uma situação fora do script”, acrescentou o economista Armínio Fraga.

O deputado Daniel Coelho observou que, principalmente, as populações de regiões mais pobres do Brasil têm demandado a renda básica emergencial, o que exige uma prorrogação desse pagamento por mais três meses.

Crise de liderança

Armínio Fraga defendeu que o governo federal monte uma espécie de central da crise para monitorar os efeitos da pandemia na área econômica, social e sanitária, como fizeram vários países do mundo. No entanto, vê com pessimismo o gerenciamento deste processo pelo qual o Brasil passa. 

“Quando junta tudo isso a um governo incapaz de lidar com crise é apavorante. O presidente da República não tem liderado este processo”, disse.

Para Fraga, O Congresso Nacional tem dado respostas no enfrentamento da pandemia, local que considera um espaço de resistência.

Proximidade

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, defendeu um relacionamento mais intenso entre o partido e o  economista.

“Nós buscamos um projeto social democrata. Eu concordo com a clareza que expôs a situação e soluções para enfrentar a crise sem perder a responsabilidade. Quem sabe podemos estar juntos numa alternativa futura para o país”, disse Freire.

Democracia

Ao responder uma pergunta feita pelo deputado Marcelo Calero, Armínio Fraga disse enxergar problemas do presidente da República na relação com o Congresso Nacional, falta de respostas do Executivo a algumas demandas surgidas na crise e desrespeito à lei. Também destacou a importância da preservação dos pilares da democracia.

O economista ainda disse ser contra a criação de uma nova CPMF para melhorar a arrecadação. Também tem críticas ao que chamou de “política de subsídios malucos”.

O deputado Alex Manente perguntou sobre o que o economista acha da discussão sobre emissão de novas moedas. E sobre alternativas como o fomento às parcerias público-privadas para buscar investidores para área de infra-estrutura do país.

O economista disse que partir para a emissão de dinheiro novo “é para quem tem juro zero”. Sobre a busca de investidor para área pública, vê com bons olhos. Inclusive, defendeu a aprovação do projeto do saneamento básico.

O vice-presidente do Cidadania, deputado federal Rubens Bueno, que também participou da rodada virtual de debate, elogiou as teses de Armínio. Bueno o felicitou por ter um olhar sobre os problemas e soluções para país com preocupação primordial pela democracia.

A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), afirmou que a iniciativa do partido em ampliar a renda básica emergencial é fundamental para garantir a assistência à população mais vulnerável do Brasil. Também adiantou que os senadores do partido encampam a medida.

A deputada Carmen Zanotto (SC) não participou da reunião virtual, já que no mesmo horário estava numa audiência pública com o ministro da Saúde, Nelson Teich. Carmen é relatora da Comissão Externa de Enfrentamento ao Novo Coronavírus.

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