Deputados também manifestaram preocupação com flexibilização do isolamento social, liberação de medicamentos sem eficácia comprovada e fim da transparência na divulgação de dados sobre os casos de Covid-19 no Brasil
O líder do Cidadania na Câmara, deputado federal Arnaldo Jardim (SP), recebeu com preocupação a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “um comandante”, segundo ele, “em meio à batalha” contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “Só espero que não se demita a ciência, não se abra mão de uma equipe de técnicos e não se abdique do planejamento para enfrentar a pandemia”, sustentou.
Jardim lembrou que a composição do ministério é prerrogativa do presidente, mas reforçou que a troca não pode significar o abandono de práticas recomendadas pela medicina e por órgãos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alusão à pressão de Jair Bolsonaro para a liberação da cloroquina como tratamento preferencial para a doença, ele pediu que se siga o protocolo para “julgar qualquer medicamento, que é testá-lo antes de fazer apologia sem ter certeza sobre a sua eficácia”.
O líder também defendeu que a ciência e a transparência continuem marcando a condução do ministério na gestão do médico oncologista Nelson Teich, que substituiu Mandetta. “É ciência, ciência e ciência. Esperamos que esse seja o parâmetro do novo titular da saúde. Com a saída de Mandetta, torcemos para que não seja demitida a política do isolamento social, a transparência na divulgação de dados sobre o novo coronavírus, a integração da pasta com municípios e estados”, apontou.
Sobre eventual flexibilização do isolamento social, única forma conhecida de impedir a rápida propagação da Covid-19, como defende Bolsonaro, o deputado federal e vice-presidente do Cidadania, Rubens Bueno (Cidadania-PR), disse que “não é possível flexibilizar vidas”. Ele também cobrou que a ciência guie a atuação do novo ministro da Saúde. “Desejo êxito, mas sem a propagação de curas milagrosas para confrontar a ciência. Todos estamos preocupados com os empregos e com a economia, só que a vida sempre deve vir em primeiro lugar”, argumentou.