Vídeos mudam slogan para “O Brasil não pode matar” e lembram “Efeito Orloff – A Itália é o Brasil amanhã” numa comparação da estratégia do presidente com a do prefeito italiano de Milão, que se arrependeu de ter apoiado suspensão do isolamento social após morte de 4,4 mil pessoas por Covid-19
Em reação à campanha publicitária “O Brasil não pode parar”, que o governo nega ter lançado oficialmente, embora tenha contratado uma agência sem licitação com esse objetivo e publicado um vídeo com o lema em seu perfil nas redes sociais, os brasileiros inundaram a internet com fotos, vídeos e memes desconstruindo a estratégia bolsonarista de evitar o isolamento social como forma de combater a contaminação pelo corovírus.
O deboche típico do brasileiro, simbolizando no humor de grandes personalidades como Chico Anysio e Marcelo Adnet, foi colocado a serviço da informação correta sobre o combate ao coronavírus, por exemplo, em um vídeo em que o narrador substitui o slogan do governo por “O Brasil não pode matar”, lembrando que ir às ruas não vai ajudar a economia, mas certamente aumentará o número de óbitos por Covid-19.
Outro vídeo compara as campanhas do governo federal e da prefeitura de Milão (Itália) – ambas com o mesmo mote, não parar. A cidade italiana lançou vídeo semelhante e decidiu abrandar o isolamento social um mês atrás para tentar impulsionar a economia. Não só a economia não se recuperou, como a contaminação pelo coronavírus explodiu, levando a assustadores 4,4 mil mortos.
O prefeito, que compartilhou o vídeo, pediu desculpas e reconheceu o erro.
Esse vídeo lembra o chamado “Efeito Orloff” e diz que, sem isolamento social, a Itália de hoje é o Brasil de amanhã, brincando com a paródia original dos anos 1990, que dizia que “o Brasil é a Argentina amanhã”. Isso porque crises no país vizinho eram sentidas por aqui como “ressaca” logo depois.
A inspiração é a propaganda da vodka que dá nome ao efeito, na qual um ator acordava de ressaca por ter consumido bebida ruim e dizia “eu sou você amanhã”. Em outros meme, um endinheirado é carregado por escravos em uma liteira enquanto diz que “O Brasil não pode parar”.
Outro ainda mostra carreata contra o isolamento social e lembra que, se o Brasil não parar, os defensores da ideia, que contraria as recomendações científicas, estarão circulando em carros de luxo, como ocorreu hoje, enquanto a maioria correrá risco em transportes coletivos lotados.
Enquanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, segue em seu monólogo sem graça e macabro, classificando a doença de “histeria” e “gripezinha”, o Brasil vai subindo no ranking mortos e doentes. Até este sábado (28), o Brasil tinha 3.904 casos e 114 mortes confirmadas. A Itália soma 80 mil infectados e nove mil mortes. O Brasil pode matar?