Segundo Eduarda La Rocque, a direita tem culpado o Estado pela ineficiência do sistema, e a esquerda culpa a ganância do mercado pelas mazelas sociais (Ilustração: Reprodução)
“É preciso que saiamos das metodologias setoriais em ‘caixinhas’ para abordagens em rede, para que possamos desenvolver um modelo de desenvolvimento que seja sustentável e inclusivo que garanta a sobrevivência da democracia em nosso País”. A avaliação é da economista Eduarda La Rocque, em artigo na 11ª edição da revista Política Democrática online (veja aqui), produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania.
Eduarda, que é diretora do Instituto Jones Santos Neves (ES) e ex-secretária de Fazenda da Prefeitura do Rio de Janeiro, afirma que “regimes democráticos só sobreviverão com uma maior coesão social a partir de um alinhamento mínimo com relação a valores – ética e transparência acima de tudo –, ao invés da visão polarizada entre esquerda e direita’.
Segundo a economista, a direita tem culpado o Estado pela ineficiência do sistema, e a esquerda culpa a ganância do mercado pelas mazelas sociais.
“Ambos com razão. O tecido social fica esgarçado, e aumenta significativamente o risco de ascensão de ditadores”, destaca.
“Deu no que deu. À margem dos riscos que hoje vivemos no Brasil à democracia, centro-me no tema da ‘inclusão’, um termo bem aberto. Inclusão de quem? Trata-se de uma pauta de direitos humanos ou de economia?”, questiona Eduarda.
Em seguida, ela responde que “de ambos, obviamente, e de vários aspectos mais. Em seminário de que participei recentemente, foquei minha apresentação na inclusão dos mais pobres na economia e na cidadania, através de um modelo de desenvolvimento territorial baseado no conceito de prosperidade”.
Eduarda acrescenta que o Brasil tem de encarar de frente a questão das desigualdades, de renda, de oportunidades.
“Uma proposta progressista de Brasil deve colocar como prioridade número um o combate às desigualdades estruturais que vivemos, tais como a pobreza, o racismo, o machismo, a homofobia”, afirma.
“Integrar as políticas públicas nos territórios de uma forma participativa é o único caminho viável para o desenvolvimento sustentável, que significa um processo de melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, principalmente para os mais vulneráveis”, diz, acrescentando que “um território pode ser uma favela, um bairro, uma cidade, uma microrregião do Estado”.
O modelo de desenvolvimento territorial, segundo a economista, é composto por três etapas. A composição de um conselho de atores envolvidos e comprometidos com o desenvolvimento do território; a pactuação de metas de desenvolvimento holísticas; e uma matriz de responsabilidades para alcançar e monitorar as metas.
“Para dar certo, depende de representatividade dos atores, informação qualificada e empoderamento do conselho”, sugere. (Assessoria FAP)