“Lyra diz ainda que o ministro Ernesto Araújo se vale de dados distorcidos, de números escolhidos a dedo e errados sobre a situação ambiental no Brasil (Foto: Jorge William)
“Bolsonaro teve – e perdeu – a chance de se fazer respeitar com o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Repleta de fatos distorcidos e visões de mundo extremistas, a fala do presidente brasileiro envergonhou o País perante o mundo”.
A crítica é do articulista político Fernando Lyra, em artigo de sua autoria publicado na revista Política Democrática online (veja aqui), produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania 23.
De acordo com Lyra, o mesmo presidente da República que abriu a AGNU (Assembleia Geral das Nações Unidas) não se dispôs a perfilar-se, no dia anterior, junto a outros chefes de Estado, para expressar as visões e ambições do Brasil em relação ao tema que, globalmente, é o que mais tem mobilizado cidadãos, empresas e governos em todo o mundo: a mudança do clima.
“Melhor assim: não haveria muito o que falar. Há poucos dias, seu chanceler, Ernesto Araújo, que antes de tomar posse já havia descrito a mudança do clima como um dogma, explicitou em discurso num centro de estudos conservador norte-americano o que o novo governo pensa: não acredita no aquecimento global como resultado da ação humana; as queimadas e alertas de desmatamento no Brasil são superdimensionados e a mudança do clima é um pretexto para a ditadura e a perda da soberania nacional”, diz o articulista no artigo.
A fórmula, de acordo com Lyra, tem sido a mesma em todos os encontros.
“O ministro se vale de dados distorcidos, alguns números escolhidos a dedo e outros simplesmente errados. Se a ideia era esclarecer a verdade sobre a atual política ambiental brasileira, pode-se considerar a missão do ministro um sucesso: ninguém acredita nele”, afirma.
De acordo com o autor, até mesmo os insuspeitos órgãos conservadores de imprensa que o entrevistaram, escolhidos a dedo, apresentaram reportagens demolidoras em que contrastavam as falas do ministro com a realidade que hoje o mundo inteiro conhece. Ele lembra que a reportagem da agência Associated Press, após entrevista com o ministro, ironizou, apontando que, em julho, Bolsonaro descartou preocupações globais sobre incêndios na maior floresta tropical do mundo, dizendo que a Amazônia é do Brasil, não sua.
“Agora, o governo do presidente de extrema direita tem nova mensagem: está tudo bem e a floresta tropical está aberta para investimentos privados”, escreveu.
A ironia não é gratuita, segundo o autor do artigo. Ele acentua que, durante a mesma viagem, o ministro do Meio Ambiente relatou à imprensa, após encontro no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a futura criação de um novo fundo, a ser operado pelo banco, sem oferecer qualquer tipo de detalhes sobre países ou entidades doadoras, recebedoras, valores ou prazo para entrar em funcionamento. (Assessoria FAP)