O #BlogCidadania23 e o #ProgramaDiferente acompanharam nesta semana um evento organizado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pelo Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP) para celebrar os cinco anos da Operação Lava Jato. Como já fizemos aqui mesmo em outras oportunidades, a comparação entre a Lava Jato e sua antecessora italiana Mãos Limpas é inevitável.
Acompanhe nos links a seguir as falas na íntegra do ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol, do ministro do STF Luís Roberto Barroso e da economista Maria Cristina Pinotti, do CDPP, organizadora do livro “Corrupção: Lava Jato e Mãos Limpas”, que traz uma coletânea de artigos assinados por autoridades brasileiras e italianas.
Nestes cinco anos de atividade, a Operação Lava Jato – iniciada da investigação de um caso de lavagem de dinheiro – se transformou na maior ação de combate à corrupção de que se teve notícia no Brasil. Daí a comparação com a Operação Mãos Limpas (ou Mani Pulite), deflagrada na Itália no início da década de 1990.
Para o ministro Luís Roberto Barroso, a Lava Jato foi bem-sucedida ao quebrar o que chamou de “pacto oligárquico” firmado por uma casta de agentes públicos e privados que, segundo ele, se julgavam “sócios do Brasil” para saquear o Estado. Hoje, ele diz que enxerga a Lava Jato mais como uma “atitude” do que como uma operação.
O procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que a redução dos casos de corrupção passa, necessariamente, por um processo de renovação política. Ainda que não veja na renovação algo benéfico por si só, o procurador defende que a mudança virá sobretudo da mentalidade de uma nova geração de parlamentares e membros do Poder Executivo. “Sem renovação das práticas políticas, todo o trabalho da Lava Jato pode ter sido em vão”, disse Dallagnol.
O ministro Sergio Moro vê relação entre o combate à corrupção e a política econômica. Para ele, “o avanço no combate ao crime gera ganhos para a economia e para a qualidade da nossa democracia. O sistema de corrupção impede a eficiência econômica”. Moro afirmou ainda que não será em seu turno à frente do ministério que o Brasil permitirá que os esforços contra corrupção serem perdidos.
Porém, o fracasso da Mãos Limpas é atribuído em grande medida à reação do sistema político – que é também o grande desafio para o futuro da Lava Jato. Resta saber como será o movimento das peças nesse tabuleiro da política nos próximos anos, bem como o resultado do governo do presidente Jair Bolsonaro. É aí que mora o perigo.