COP30: a UE apresentará meta de redução de emissões para 2035 e a Itália marca presença com iniciativas sustentáveis

Por Renata Bueno, ex-parlamentar italiana e advogada internacional

A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) – COP30, programada para 10 a 21 de novembro em Belém do Pará, será um marco histórico ao trazer a principal conferência climática da ONU para o coração da Amazônia. Pela primeira vez, líderes globais se reunirão na maior floresta tropical do mundo, destacando a urgência de ações concretas para combater as mudanças climáticas e proteger biomas essenciais. Como ex-parlamentar italiana, vejo este evento como uma oportunidade única para a União Europeia (UE), a Itália e o Brasil liderarem a agenda ambiental global. Neste artigo, abordo a meta de redução de emissões da UE para 2035, a participação ativa da Itália com iniciativas inovadoras e a relevância de sediar a COP30 na Amazônia brasileira.

A meta da UE para 2035 será um passo Ambicioso, mas em aberto
A União Europeia, referência em políticas climáticas, apresentará na COP30 sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) atualizada, com metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para 2035. Após intensas negociações, os 27 Estados-membros chegaram a um acordo provisório em setembro, propondo uma faixa de corte entre 66,25% e 72,5% em relação aos níveis de 1990, incluindo setores como uso da terra, silvicultura (LULUCF) e aviação internacional. Essa meta, formalizada em uma carta de intenção à ONU, será refinada até outubro para se tornar vinculante na COP30.

A faixa deriva da trajetória entre a meta de 55% de redução até 2030 (já em vigor) e a proposta de 90% até 2040, apresentada pela Comissão Europeia em julho de 2025. Contudo, especialistas do Climate Action Tracker alertam que, para alinhar-se ao limite de 1,5°C do Acordo de Paris, a UE deveria mirar pelo menos 74% de corte (excluindo LULUCF). Apesar das críticas, a NDC da UE será um farol para outros emissores globais, como China e Índia, que ainda precisam apresentar suas metas. Na COP30, a pressão será por compromissos mais ambiciosos, financiamentos climáticos e o fim de subsídios aos combustíveis fósseis.

A presença italiana na COP30 destaca inovação e parcerias com o Brasil
A estará presente em Belém com uma participação robusta e inovadora, conforme anunciado pelo embaixador italiano no Brasil, Alessandro Cortese. O país contribuirá com eventos e iniciativas que reforçam sua liderança em sustentabilidade e fortalecem os laços com o Brasil. Um dos destaques é a “AquaPraça”, uma estrutura flutuante sustentável projetada pelo renomado arquiteto Carlo Ratti, curador da Bienal de Arquitetura de Veneza. Financiada pelo Ministério das Relações Exteriores italiano, a AquaPraça será um espaço inovador para debates sobre bioeconomia, preservação florestal e resfriamento sustentável, alinhando design italiano à agenda climática global.

Além disso, a Itália financiará ações voltadas ao resfriamento sustentável, uma prioridade para reduzir emissões em setores como refrigeração e climatização, que representam uma fatia crescente do consumo energético global. A Costa Crociere, empresa italiana, também disponibilizará um navio para apoiar a logística de delegações, minimizando impactos ambientais. Essas iniciativas, combinadas com eventos conjuntos com o Brasil, reforçam a parceria ítalo-brasileira, que vai além da diplomacia: envolve troca cultural, tecnológica e econômica, áreas em que atuei como parlamentar pela América do Sul.

A Itália traz à COP30 sua experiência com o Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PNRR), que destina bilhões à transição verde, incluindo energias renováveis e economia circular. Em Belém, o país poderá compartilhar essas lições enquanto aprende com as comunidades amazônicas, que há séculos praticam a conservação. Como ex-deputada, vejo nesse diálogo uma chance de fortalecer a cooperação Sul-Sul, essencial para um futuro sustentável.

A Amazônia como palco da COP30 é um símbolo de urgência e justiça climática
Sediada em Belém, a COP30 coloca a Amazônia no centro do debate climático global. A floresta, que absorve bilhões de toneladas de CO2 e abriga um terço das florestas tropicais do mundo, é um ativo insubstituível na luta contra o aquecimento global. Belém, com 1,3 milhão de habitantes e um PIB per capita de R$ 20.562 bilhões, é o portal econômico e logístico da região, exportando produtos como açaí e castanha-do-pará. Realizar a COP na Amazônia não é apenas simbólico: é um chamado para que líderes mundiais vejam de perto os desafios do desmatamento e a resiliência de povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

O evento também reposiciona o Brasil como protagonista climático. Com uma matriz energética 90% renovável, o país pode liderar discussões sobre bioeconomia e transição energética. A COP30 deve atrair 40 mil visitantes, gerando investimentos em infraestrutura sustentável, como o Parque da Cidade (zona azul) e o Porto Futuro II, revitalizado para turismo. Obras de saneamento, BRT e capacitação em idiomas criarão empregos e reduzirão desigualdades no Norte. Apesar de desafios logísticos, como custos de hospedagem, a COP30 reforça a necessidade de conferências inclusivas, dando voz às comunidades locais.

A COP30 em Belém é uma oportunidade histórica para alinhar ambição climática e justiça global. A meta da UE para 2035, ainda que provisória, sinaliza compromisso, mas precisa ser mais ousada. A Itália, com a Aquapraca e iniciativas de resfriamento sustentável, demonstra que inovação e cooperação são chaves para a transição verde. Como advogada e ex-parlamentar, apelo para que a Itália, a UE e o Brasil liderem pelo exemplo: elevem metas, financiem países em desenvolvimento e priorizem a proteção da Amazônia. Que Belém 2025 seja lembrada como a COP da floresta, da ação e da esperança.

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