O mercado financeiro contra o povo brasileiro: o lucro acima de tudo

O levantamento da Genial/Quaest, divulgado nesta quarta-feira (19), escancara uma realidade óbvia para mim: o mercado financeiro brasileiro, dominado pela Faria Lima, é estruturalmente contra qualquer governo que priorize o bem-estar da população mais pobre. A pesquisa mostra que a 68% dos entrevistados confiam no governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, 10% no presidente do BC Gabriel Galípolo, 5% no ministro da fazenda Fernando Haddad e apenas 3% no Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas o que explica essa diferença? Por que Lula e Haddad são rechaçados pela elite financeira, enquanto Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é tão bem visto? Para mim, a resposta é simples: enquanto o governo federal busca justiça social, redução de impostos para os mais pobres e investimentos públicos para melhorar a vida do trabalhador, Tarcísio faz o jogo do mercado, entregando patrimônio público e precarizando serviços essenciais.

A privatização da Sabesp é um exemplo gritante. A empresa, historicamente lucrativa e eficiente na gestão da água, foi vendida sob a justificativa de atrair investimentos privados. Mas a água não é mercadoria! Não se trata de uma simples empresa, mas de um serviço essencial para a população. Quem ganha com essa privatização? O povo, que verá aumentos na conta e queda na qualidade do serviço? Ou os grandes fundos de investimento, que enxergam na Sabesp apenas mais uma fonte de lucro para explorar?

O mesmo acontece na educação. Tarcísio entregou 33 escolas públicas à iniciativa privada, um verdadeiro atentado contra o direito constitucional à educação gratuita e de qualidade. Quem se beneficia? Certamente não são os estudantes das periferias, mas sim empresas que lucram com dinheiro público dos nossos impostos para oferecer um serviço que deveria ser garantido pelo Estado.

Por outro lado, Lula e Haddad propõem medidas que beneficiam os trabalhadores e a classe média, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e o aumento da alíquota para os que ganham acima de R$ 50 mil. Esse projeto tem enfrentado resistência no Congresso Nacional porque o aumento da alíquota para os mais ricos prejudica os amigos e familiares dos congressistas. O lobby e a pressão do setor financeiro sobre os parlamentares são enormes, afinal, quem tem dinheiro tem influência. Essa mudança no imposto de renda significa mais justiça tributária: menos peso para os que ganham pouco e mais contribuição dos que concentram riqueza. Mas, para o mercado financeiro, isso é inaceitável, pois reduz a margem de lucro da elite econômica que sempre explorou o Brasil.

Dificilmente um governo de centro-esquerda ou de esquerda conseguirá a aprovação do mercado financeiro. E sabe por quê? Porque no dia em que o mercado financeiro apoiar as políticas de um governo, pode ter certeza de que a classe trabalhadora e a população mais pobre estarão sendo prejudicadas de alguma forma. Foi o que aconteceu na reforma da previdência: ao invés de cortar benefícios fiscais e renúncias bilionárias de grandes grupos econômicos, preferiu-se tirar direitos dos trabalhadores mais pobres. Para mim, esse é o termômetro perfeito: se o mercado financeiro está insatisfeito, ótimo! Isso significa que a população trabalhadora e pobre está no centro das políticas públicas.

A verdade é que qualquer governo que ouse trazer benefícios sociais para a população será atacado pelo mercado financeiro. Redução da carga tributária para os trabalhadores, fortalecimento dos serviços públicos, melhoria do salário mínimo e geração de empregos sempre encontrarão resistência da Faria Lima e da elite empresarial brasileira.

O mercado financeiro torce contra o Brasil. Quando os números mostram crescimento do PIB, aumento da renda real dos trabalhadores e queda do desemprego, eles dizem que “o país está uma desgraça”. Por quê? Porque o país ideal para eles é aquele em que poucos lucram bilhões enquanto milhões vivem na miséria.

Outro exemplo disso é a resistência à redução da jornada de trabalho. O modelo 6×1, exaustivo e desumano, poderia ser substituído por algo mais justo, especialmente para os trabalhadores de setores de alta rotatividade, como o comércio e os serviços. Mas o mercado financeiro não quer saber disso e faz terrorismo dizendo que isso quebrará as empresas e a economia. Para eles, a prioridade é o lucro das grandes multinacionais e corporações e, se isso significa manter jornadas desgastantes, salários baixos e exploração, que assim seja.

O Brasil precisa de um mercado financeiro que trabalhe pelo desenvolvimento nacional, e não de uma elite econômica que age como inimiga do próprio povo. Se há um conflito entre os interesses da Faria Lima e os interesses da maioria dos brasileiros, que fique claro de que lado estou: do lado da maioria trabalhadora.

Isaías Keven Lima de Alcântara (J23).

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