Documento da reunião da executiva nacional de 28/12/2022

A Comissão Executiva Nacional, reunida em 28 de dezembro de 2022, avaliou a conjuntura política do país nos dias imediatamente anteriores à posse do Presidente Lula e decidiu encaminhar suas conclusões à apreciação do Diretório Nacional, a título de indicativos.

O elemento de maior gravidade na situação atual são a tentativa de atentado terrorista em Brasília e a escalada das manifestações presentes nas principais cidades brasileiras contra o resultado eleitoral, em favor de alguma intervenção militar no sentido de impedir a posse do presidente eleito. Em que pese as medidas preventivas determinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, as manifestações prosseguem, com desdobramentos graves, primeiro nos tumultos de rua ocorridos em Brasília e, mais recentemente, com atentados terroristas, felizmente abortados, até agora, antes de sua execução.

A gravidade desse conjunto de fatos é potencializada pelo apoio que parte importante da população presta aos manifestantes, conforme pesquisas, bem como pela tolerância que recebem de parte dos responsáveis pela manutenção da ordem pública nas cidades.

Os sinais apontam para a dificuldade que o novo governo terá no restabelecimento de uma situação de normalidade democrática plena no país. Para lidar a contento com essa situação, o novo governo precisará de uma ampla base, no mundo político e na sociedade. Será necessário reproduzir a frente ampla que se formou no segundo turno das eleições num governo de frente ampla democrática. A tarefa não é simples e exige sensibilidade e responsabilidade, tanto do Presidente da República e dos partidos a ele mais próximos, quanto dos aliados que se somaram no decorrer do processo. Nesse aspecto, a presença de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente, inclusive no plano internacional, e de Simone Tebet Ministério do Planejamento, dão ao governo perfil de coalizão de centro-esquerda, ampla e democrática.
Nesse quadro, foram acertadas as decisões sucessivas do partido, no sentido de apoiar Lula no segundo turno das eleições e, posteriormente, o processo de transição. O partido deve prosseguir nessa direção, apoiar o governo eleito a partir de sua posse e cooperar com ele, na tarefa da reconstrução da ordem democrática, abalada por quatro anos de confronto de governantes com a legalidade.

No que se refere à proposta de ampliação da Federação constituída com o PSDB com o Podemos, consideramos prematura qualquer decisão nessa direção. Urge realizar antes de qualquer decisão o balanço da Federação existente, com um partido que em diversos momentos descumpriu as regras de funcionamento acordadas, apresentou um resultado eleitoral aquém das expectativas e mostra, na voz de suas lideranças, disposição para adotar uma postura oposicionista em relação ao novo governo.

Finalmente, encaminhamos ao Diretório Nacional a proposta de definir um calendário mínimo de reuniões dos coletivos dirigentes. A pandemia mostrou a eficácia das reuniões remotas, sem ônus para os recursos do partido. Não há razão para que a Comissão Executiva não se reúna na periodicidade estabelecida no estatuto, inclusive presencialmente, tampouco para que o Diretório, em momentos de crise política ou ordinariamente, nos termos do estatuto do Cidadania.

Nossa tradição é a direção coletiva, que só existe quando há reunião. Precisamos dela para acumular reflexão, conhecer nossas divergências internas de forma clara e construir uma posição politica que unifique ao máximo o partido pela convergência de ideias e objetividade dos fatos políticos.

Comissão Executiva Nacional

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