Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (20/05/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Pazuello protege Bolsonaro, nega fatos e se contradiz na CPI da Covid
Suspeita de contrabando torna Salles alvo da PF
Heleno reavalia o Centrão
Câmara aprova MP para venda da Eletrobras. Texto vai ao Senado
Auxílio emergencial sofre atraso no estado e no município
Plano de saúde: Executivo prevê menor reajuste da História em contratos coletivos
A falência de Eike Batista: Decisão da Justiça permite leilão de bens da MMX para quitar dívidas de R$ 4 bi
Viúva acusa PMs de matar mototaxista inocente
‘Big Brother’ político
China vai enviar menos IFA para fazer CoronaVac
Europa reabre fronteiras a turista com duas doses de vacina

O Estado de S. Paulo

Salles vira alvo da PF em investigação sobre venda ilegal de madeira
Pazuello blinda Bolsonaro e distorce fatos na CPI
Quase um ‘BBB’: País acompanha depoimentos como um reality
Mais da metade dos adultos em SP tem proteção contra covid
Deputados aprovam texto-base da MP que privatiza a Eletrobrás
SP terá flexibilização de medidas em junho
EUA pressionam, mas Israel mantém bombardeios em Gaza

Folha de S. Paulo

Salles é alvo de investigação da PF sobre madeira ilegal
Inquérito surgiu a partir de despacho do Ibama em 2020 para facilitar exportação madeireira
Apuração preocupa investidores por desmate e potencial corrupção, diz fundo norueguês
Eduardo Pazuello mente em CPI e evita comprometer Bolsonaro
Distorções incluem oxigênio, Supremo e ordem; veja checagem
Planalto celebra, e comissão fala em contradições
UTIs não se esvaziam, mas SP afrouxa restrições
Cai índice dos que veem pandemia fora do controle
Uma em 4 usou remédio para previnir ou tratar precocemente Covid
Sete estados registram 90% de leitos ocupados
Câmara aprova texto que visa a vender Eletrobras
Metroviários decidem encerrar greve na capital, e operação volta ao normal hoje
SP prevê vacinação de pessoas de 55 a 59 anos em julho
Inquérito de deportação contra diplomatas de Maduro são abertos pela PF
UE chega a acordo para abrir turismo a países ‘seguros’

Valor Econômico

Expectativa de regulação faz criptomoeda desabar
Salles é alvo da PF e tem sigilo quebrado
Sul deve liderar o crescimento entre regiões do país neste ano
Na CPI, Pazuello tenta blindar Bolsonaro
Após IPO bilionário, Rede D’Or busca nova captação
UE abre turismo, mas brasileiro segue impedido

EDITORIAIS

O Globo

É necessária ampla investigação sobre os desmandos de Salles

Operador da tosca visão bolsonarista do meio ambiente, ministro do Meio Ambiente é mais que apenas o símbolo de uma política ambiental desastrosa

Não passou em branco a demissão do superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, depois que apresentou notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pela suspeita de envolvimento na maior apreensão de madeira ilegal no país. A PF deflagrou ontem, com autorização do ministro do STF Alexandre de Moraes, operação para apurar crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, em que Salles foi alvo de busca e apreensão. As investigações apuram desvio de conduta de servidores na exportação de madeira e são anteriores ao episódio que levou à exoneração de Saraiva.

Moraes também depôs o presidente do Ibama, Eduardo Bim, outro acusado de cumplicidade na liberação da gigantesca carga madeireira apreendida por Saraiva, avaliada em R$ 129 milhões. O despacho faz ainda menção a operações financeiras de Salles, suspeitas aos olhos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Operador da tosca visão bolsonarista do meio ambiente, Salles é mais que apenas o símbolo de uma política ambiental desastrosa. É seu formulador e executor. É claro seu projeto de tornar inócuas a fiscalização e a punição de crimes ambientais pelo Ibama e pelo ICMBio. A defesa de atividades ilegais já ocorrera antes com garimpeiros, quando Salles suspendeu a fiscalização na reserva indígena dos mundurukus, no Pará, ao visitá-la.

A reação do Supremo é bem-vinda diante não apenas da escandalosa criminalidade ambiental, mas também dos avanços do Congresso para tornar a legislação mais permissiva e tolerante com a devastação das florestas.

Exemplos são o projeto de lei recém-aprovado na Câmara que praticamente torna letra morta o licenciamento ambiental e outro de regularização fundiária, apelidado “PL da grilagem”, que tramita no Senado, mas poderá ser retomado na Câmara diante da resistência dos senadores. O Senado, que ainda examinará o projeto do licenciamento, precisa continuar a resistir à investida das madeireiras ilegais e ao lobby da devastação.

Nenhum desses projetos pode ser aprovado, sob pena de a imagem do Brasil ficar ainda mais degradada no exterior. Se aprovados, será inviável consolidar as conquistas ambientais que o país já realizou, quanto mais ampliá-las para honrar nossos compromissos internacionais, facilitar nossas exportações e promover uma transição bem-sucedida para a economia de baixo carbono.

A preservação do meio ambiente e da Amazônia é, em si, um objetivo estratégico para o Brasil. Só pela visão retrógrada diante de tamanho desafio, Salles e sua equipe já representam um retrocesso evidente na política ambiental brasileira. Agora, a suspeita de crimes ambientais que pesa sobre eles torna a situação ainda mais insustentável. É preciso que tais crimes sejam investigados e punidos com o rigor da lei. Como quaisquer crimes.

O Estado de S. Paulo

Otimismo de curto prazo

As expectativas de crescimento têm melhorado, mas o investimento produtivo continua baixo, faltam reformas e os recursos federais são escassos

Têm melhorado em Brasília e no mercado as expectativas de crescimento. A economia brasileira crescerá 3,50% neste ano, segundo a nova projeção do governo. A anterior indicava expansão de 3,20%. Várias instituições, incluídos grandes bancos, elevaram suas apostas. Segundo levantamento do Broadcast com 35 empresas do setor, a média das previsões passou de 3,2% para 3,8%. Na última pesquisa Focus, conduzida semanalmente pelo Banco Central (BC), a mediana das projeções chegou a 3,45%. Quatro semanas antes estava em 3,04%. Pela maioria desses cálculos, o Brasil chegará ao fim de 2021 sem ter retomado o nível de atividade anterior à pandemia. Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 4,1%.

O aumento da arrecadação, registrado pela administração federal e também pelos governos estaduais, é apontado pelo secretário especial da Fazenda, Bruno Funchal, como um bom indicador de recuperação dos negócios. Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, a nova projeção de crescimento do governo central é conservadora. “Mas reflete”, acrescentou, “o bom momento que estamos vivendo no lado econômico.”

Sinalizações desse “bom momento” apareceram, nos últimos dias, nos balanços do primeiro trimestre publicados pelo BC e pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Pelo Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), o desempenho da economia no período de janeiro a março foi 2,30% superior ao dos três meses finais do ano passado. Mais detalhado, o Monitor do PIB-FGV apontou crescimento de 1,7% no mesmo período. Publicados mensalmente, os dois indicadores são vistos como prévias do PIB, divulgado a cada três meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A próxima divulgação do PIB oficial está prevista para 1.º de junho.

Embora registrando crescimento no primeiro trimestre, os dois indicadores apontaram recuo na passagem de fevereiro para março. Pelo IBC-Br, a queda foi de 1,59%. Segundo o Monitor, a perda foi de 2,1%. O bom resultado trimestral “surpreendeu”, de acordo com o pesquisador Claudio Considera, responsável pelo Monitor-FGV.

Nesse comentário, ele ressaltou o desempenho positivo dos três grandes setores – agropecuária, indústria e serviços – e o crescimento registrado também do lado da demanda. Mas acrescentou uma advertência: “Na comparação mensal, o fraco desempenho de março frente a fevereiro mostra a fragilidade deste crescimento, dado o acirramento das medidas de isolamento social em diversas cidades brasileiras”.

Outros fatores, além do isolamento, podem ter contribuído para o enfraquecimento da economia, especialmente do consumo familiar, nesse período. Não há como menosprezar o desemprego elevado nem as dificuldades de milhões de famílias pobres, privadas por mais de três meses do auxílio emergencial. Mas o professor Considera, em seu comentário, chamou a atenção para um aspecto de enorme importância das políticas públicas: a necessidade de avanço da vacinação como “primeiro passo para que a economia possa crescer de forma mais sustentável a longo prazo”. Não só no longo, pode-se acrescentar, mas também no curto prazo, como evidencia a experiência de países mais bem administrados.

Mas, para entender e avaliar com mais precisão a mudança nas expectativas, convém observar as projeções para os próximos anos. Economistas do governo e do mercado têm elevado suas estimativas de crescimento em 2021, mas sem alterar de forma significativa a expansão calculada para 2022 e para os anos seguintes.

O governo manteve em 2,5% a expansão do PIB esperada para cada um dos próximos quatro anos. Na pesquisa Focus, a mediana das projeções para 2022 foi de 2,33% para 2,38%. Para 2023 e 2024 continuou em 2,5%. Não aparecem nas estimativas sinais de aumento do potencial econômico. O investimento produtivo continua baixo, faltam reformas de grande alcance e os recursos federais são escassos, embora haja dinheiro num orçamento paralelo para agradar aos aliados ocasionais de um governo sem partido.

Folha de S. Paulo

Missão impossível

Pazuello encena na CPI a estratégia canhestra de defesa do governo Bolsonaro

“Missão cumprida”, respondeu Eduardo Pazuello à pergunta da CPI sobre o motivo de sua exoneração do cargo de ministro da Saúde.

Durante seus dias à frente da pasta, morreram ao menos 283 mil pessoas de Covid-19. Pazuello saiu em março, derrubado também pelo clamor nacional de indignação por causa da explosão do número de mortes, pela falta de medicamentos para entubação e pelo colapso asfixiante de Manaus.

O ex-ministro não conseguiu cumprir a missão de isentar Jair Bolsonaro de tamanho desastre, embora tenha tentado fazê-lo.

O general mentiu, embaralhou fatos e contradisse sem provas outros depoimentos à CPI. Quanto a Bolsonaro, afirmou que jamais recebeu ordens que se contrapusessem à orientação de seu ministério e que declarações do presidente a respeito da epidemia não deveriam ser tomadas ao pé da letra.

Deduz-se, portanto, que Bolsonaro não interferiu no desastre gestado na pasta da Saúde e que a propaganda presidencial que sabotou e sabota as medidas sanitárias é um programa político. De um lado, Bolsonaro foi negligente ou cúmplice de um Pazuello autônomo; de outro, um farsante doloso.

O general disse que foi avisado tardiamente do colapso de Manaus, o que é negado por documentos. Que seu ministério respondeu a ofertas da Pfizer, o que é negado pela direção da empresa e pelo ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten. Que o aplicativo TrateCov, de orientação de tratamento precoce, nunca entrou em operação, refutando a realidade.

Atribuiu atrasos na compra de vacinas a medidas do TCU e da CGU, negadas pelas instituições. Em suma, acabou por indicar à CPI uma longa lista de acareações.

Em um vídeo de outubro de 2020, o militar submisso dizia ao lado de Bolsonaro que “um manda, outro obedece”. O presidente afirmara em público que não compraria vacinas do Butantan. Mas a cena seria “apenas uma posição de internet”.

Assim como sugeriu o depoimento de outro ex-ministro, Ernesto Araújo (Itamaraty), a falação de Pazuello demarca uma estratégia de defesa do governo. Bolsonaro não dava ordens nos piores feitos dos ministros, os quais tampouco se responsabilizam pelo desastre.

Apesar de falsearem à larga, de certo modo o que dizem os ministros têm um grão sujo de verdade: o governo mal governa. Dedica-se à agitação e propaganda negacionista, à sabotagem das instituições, da máquina do Estado e das operações comezinhas da administração. No mundo delirante do bolsonarismo, é tudo verdade.

Valor Econômico

Crescem incertezas sobre a elevação dos juros nos EUA

Fed não pretende agir preventivamente até que a inflação medida, não projetada, suba de verdade

A possibilidade de volta em grande estilo da inflação nos Estados Unidos dará a tônica dos mercados financeiros nos próximos meses. O índice cheio de abril, ante abril de 2020, foi de 4,2%. O núcleo do índice quase dobrou, de 1,6% para 3%. Até mesmo defensores dos estímulos fiscais e monetários acreditam que há um exagero claro nas doses e que a inflação vai surpreender, obrigando o Federal Reserve a reagir em condições adversas. O Fed observa tranquilamente a alta dos preços, acreditando que ela se deve a fatores transitórios, que desvanecerão em 2022.

As atividades se revigoraram amplamente com o início da vacinação em massa nos Estados Unidos (2 milhões por dia atualmente) e com a perspectiva de que a imunidade de rebanho, com 70% dos americanos imunizados, será atingida neste verão. Os números lembram arrancadas chinesas. O consumo real em 12 meses cresceu 9,6% (abril), o maior ritmo desde 1946. O Produto Interno Bruto, por algumas projeções, aproxima-se de 8%. O auxílio de US$ 1.400 aos contribuintes elevou a US$ 2,3 trilhão a poupança acumulada dos americanos. Uma pesquisa do Fed de Nova York mostrou que 42% do auxílio foi poupado, enquanto um terço foi destinado ao pagamento de dívidas e 25% para os gastos de consumo.

Há uma conjunção de vontades, com o Fed mudando a políticas de metas e procurando produzir inflação a todo custo, pois não atinge os 2% desde que o alvo foi fixado em 2012. Por suas projeções, não chegará lá uma década depois. O novo presidente americano, Joe Biden, dobrou a dose do pacote de socorro à economia e consumidores do antecessor Donald Trump, e aprovou US$ 1,9 trilhão para esse fim. Tem propostas de mais US$ 2,3 trilhões para projetos de infraestrutura verde, tecnologia e combate a mudanças climáticas e outro de US$ 1,8 trilhão para reforçar a rede de proteção social. Se forem aprovados integralmente, o que não deve ocorrer, o total de estímulos seria de algo como 27% do PIB.

A inflação começou a subir e as expectativas de inflação junto com elas. A taxa de equilíbrio, a que compatibiliza rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos com a dos títulos protegidos da inflação, atingiu 2,5%, e os papéis de 10 anos apontam viés de alta. As projeções indicam uma defasagem grande entre os mercados estimam que poderá acontecer no curto prazo e a posição do banco central, que conta com a manutenção da política monetária estimulativa até o fim de 2023.

A ata da mais recente reunião do Fed, em abril, envelheceu rapidamente com a alta dos preços. Mas o argumento para manter a política é o mesmo. O Fed vislumbra alta acima de 2% até o fim do ano e queda em 2022. A inflação é temporária e se deve a aumentos nos preços de importação (commodities, petróleo etc), majoração de preços dos setores mais prejudicados pela pandemia e que agora estão em recuperação após a vacinação (tipicamente serviços), efeitos altistas causados pelos gargalos nas cadeias de produção, além de efeitos estatísticos: as bases da inflação de abril, maio e junho de 2020 são muito baixas.

A ata do Fed mostra tímidos sinais de que a atitude do banco pode mudar um pouco mais à frente. “Há riscos de pressão inflacionárias aumentando para níveis indesejáveis antes que se tornem suficientemente evidentes para provocar uma reação da política monetária”, apontou um par de membros do FOMC. Um número maior de membros sugeriu que se a economia fizesse rápidos avanços em direção às metas “seria apropriado em algum momento das próximas reuniões que se começasse a discussão de um plano para ajustar o ritmo de compra dos ativos”.

A visão de que a inflação é provisória é comum aos membros do Fed, unânimes em manter a taxa dos fed funds estacionada próximo a zero, por enquanto. Sinalizações equivocadas ou precipitadas já encontram um terreno fértil para causar severa instabilidade financeira global, como no “taper tantrum” de 2013. A meta modificada do Fed, que permite que a inflação seja ligeiramente acima de 2% por algum tempo, deixa claro que o banco não pretende agir preventivamente até que a inflação medida, não a projetada, suba de verdade. Mas esta fórmula é enigmática o bastante para sinalizar os próximos passos do banco ou permitir vislumbrar quando afinal o banco central moverá a taxa de juros e diante de que inflação. O Fed está apostando alto.

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