Presidente do Cidadania lembra que ex-ministro deixou governo em abril de 2020, quando havia 1.952 mortes; hoje são 409 mil, numero 208 vezes maior
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou nesta terça-feira (4) que a tentativa da base governista de culpar o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta pelo atual estágio da pandemia deixa claras a desídia e a incompetência de Jair Bolsonaro no combate à Covid-19.
Mandetta deixou a pasta em abril de 2020, quando cientistas não tinham total conhecimento da doença. Ainda assim, alertou em reuniões e em carta dirigida ao presidente para o risco de ignorar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele depôs hoje na CPI da Covid.
“Quanto mais apertam Mandetta sobre o início da pandemia na CPI, ainda em março de 2020, mais clara fica a desídia de Bolsonaro hoje, maio de 2021. O presidente fez criminosamente a opção de expor a população ao contágio na busca da imunidade do rebanho. E continua a defender cloroquina e ivermectina a essa altura do campeonato. É, no mínimo, delinquência política”, criticou.
Cloroquina
Mandetta relatou em seu depoimento que antes de sair do Ministério ainda teve de enfrentar a pressão do Palácio do Planalto para mudar a bula da cloroquina. O objetivo era incluir a indicação do remédio no tratamento da Covid sem que houvesse base científica para tal.
Hoje, já se sabe que a droga não apenas não é eficaz contra a doença como pode levar à morte por problemas no coração. O ex-ministro também lembrou que reforçou ao presidente e aos demais ministros a necessidade de isolamento social como forma de deter o avanço da Pandemia. E projetou 180 mil mortes em um ano, número que Bolsonaro teria colocado em dúvida.
Sobre isso, Freire observou a digital do presidente está em cada uma das milhares de mortes evitáveis. Ele também aproveitou para rebater o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que sugeriu, em vídeo, ser Mandetta o responsável pela crise sanitária.
“Não adianta querer culpar Mandetta. Quando ele saiu, havia menos de 2 mil mortes por Covid. Ele inclusive alertou que poderia ser muito pior e pediu em carta que Bolsonaro seguisse a OMS. Hoje, são 409 mil. Vocês não têm vergonha? O bolsonarismo embrutece”, argumentou Freire, para quem, Faria é um político inteligente e sabe que a declaração é falaciosa.