Comissão também aprovou reconvocação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
A CPI da Pandemia aprovou, nesta quarta-feira (26), a convocação de nove governadores de estados onde foram realizadas operações da Polícia Federal e Ministério Público Federal para apurar supostos desvios de recursos federais do combate à Covid-19. Os requerimentos foram apresentados pelo líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), e outros senadores.
“Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Tocantins, Pará e Piauí. CPI inicia a fase 2”, escreveu em rede social o parlamentar do Cidadania, ao apontar os estados cujos governadores irão depor na comissão de inquérito, que investiga possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus, e o repasse de recursos a estados e municípios.
Retirada
O requerimento para convocação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), estava na pauta, mas foi retirado antes da reunião. Segundo Alessandro Vieira, o pedido foi revisto porque o governo não é alvo de investigação relacionada à pandemia.
“Revisamos o requerimento e o objeto de investigação não é o governo e sim um hospital filantrópico que além de recurso federal recebeu recurso do governo do estado. Portanto não é o governo do estado que tem que prestar contas e sim o hospital. Como o acordo é só convocar quando o objeto da investigação for relacionado ao governo ou à capital do estado, retiramos”, justificou o senador.
Reconvocação de Pazuello e Queiroga
Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e seu antecessor, Eduardo Pazuello, foram reconvocados novamente. Para Alessandro Vieira, um dos atores do requerimento para ouvir novamente Pazuello, o primeiro depoimento do ex-ministro à comissão ‘foi permeado por diversas contradições, verificadas no cotejo com documentos e informações disponibilizados à CPI e mesmo publicamente divulgados’.
A pedido do líder do Cidadania, o empresário Carlos Wizard também vai depor no colegiado, que pretende investigar financiamento de ações de mídia em favor do chamado “tratamento precoce”. Wizard seria um dos defensores do chamado “kit covid”, cujos medicamentos são ineficazes no combate à covid-19.
Alessandro Vieira solicitou ainda a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático de Wizard, que ainda serão avaliados.
“A transferência dos dados solicitados permitirá delimitar os exatos contornos da participação do Sr. Wizard nas discussões acerca das medidas tomadas para o combate à pandemia, identificando-se se houve participação efetiva de indivíduos que não fazem parte do governo federal e tampouco dispõem de conhecimento médico ou de áreas afins”, disse o senador.
Arthur Weintraub, Luana Araújo e Markinhos Show
Por requerimento de Alessandro Vieira, os membros do colegiado também aprovaram convocação do advogado Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República e irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, e a médica infectologista Luana Araújo como testemunhas.
Arthur Weintraub deverá prestar esclarecimentos sobre a existência do gabinete paralelo de aconselhamento a Bolsonaro. Luana Araújo explicará por que desistiu de comandar a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 apenas dez dias depois de ter sido anunciada para o posto por Queiroga.
Markinhos Show, que foi marqueteiro do Ministério da Saúde, será convocado para testemunhar na CPI, a pedido dos senadores Alessandro Vieira e Humberto Costa (PT-PE).
Informação
A comissão aprovou também uma série de requerimentos de informação. Entre eles, um do senador Alessandro Vieira que pode elucidar a estratégia adotada pelo governo federal no enfrentamento da crise no sistema de saúde de Manaus, no início do ano, devido ao recrudescimento da pandemia, à falta de oxigênio e ao colapso do sistema.
O requerimento pede que que a Presidência da República envie as seguintes informações à CPI: descrição e ata da visita técnica ao Ministério da Saúde em 5 de Janeiro; ata da reunião com ministros em 6 de Janeiro; ata da reunião com o então ministro-chefe da Casa Civil Braga Netto e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, em 8 de Janeiro; ata da reunião com o deputado Osmar Terra (MDB-RS) em 13 de Janeiro; e a ata da reunião com ministros em 15 de Janeiro. Na justificativa, Alessandro lembra que, em depoimento à CPI, no dia 20, Pazuello citou as reuniões com Bolsonaro como relevantes para a definição da estratégia adotada durante a crise em Manaus.
Debates
A CPI fará ainda dois debates com especialistas sobre a eficácia de medicamentos no tratamento da Covid. Serão ouvidos dois especialistas a favor e dois contrários ao uso de remédios como a cloroquina e ivermectina. (Com informações das agências de notícias)