Alessandro Vieira: como Eichmann, Pazuello seguiu ordens sem questionar mal que causariam

“Um burocrata que nunca entendeu que sua missão era salvar vidas, não obedecer ao chefe de ocasião”, disse o senador sobre o ex-ministro (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Sem conseguir respostas objetivas do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre suas ações à frente da pasta no enfrentamento da Covid-19 quanto à tomada de decisões de compra de vacinas, indicação de medicamentos sem eficácia e negação de medidas não farmacológicas, o líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), disse que ele ‘errou ao não estabelecer como prioridade a defesa da vida’.

“Talvez o fato da sua formação esteja distante do quadro da saúde, vossa excelência está equivocada. A Constituição brasileira coloca como valor máximo a defesa da vida. No exemplo de Israel, que serve de referência para o governo brasileiro, o diferencial foi exatamente que o primeiro-ministro compreendeu o valor máximo da vida, acelerou as compras, negociou pessoalmente e garantiu que seu país fosse vacinado em grande proporção. Com todo o respeito, vossa excelência errou”, afirmou o senador, no segundo dia do dopoimento do ex-ministro à CPI da Pandemia.

Alessandro Vieira disse que Pazuello ‘não é um homem mau’, mas  ‘um burocrata que seguiu ordens sem pensar’ à frente do Ministério de Saúde na pior crise sanitária da história do País.

“Um burocrata que nunca entendeu que sua missão era salvar vidas, não obedecer ao chefe de ocasião. Perdemos milhares de vidas por conta desta visão distorcida. Distorção que [Luiz Henrique] Mandetta e [Nelson] Teich rejeitaram”, disse o senador na rede social, ao citar os ex-ministros da Saúde que deixaram o cargo por não aceitaram o uso de hidrocloroquina e outros medicamentos ineficazes contra a Covid-19 defendidos pelo governo.

O líder do Cidadania solicitou à CPI a juntada de artigos de revistas científicas que reprovaram o uso da hidroxicloroquina, assim como vídeos do presidente Bolsonaro defendendo o medicamento.

Fechamento de hospital

Ao ser questionado por Alessandro Vieira, Eduardo Pazuello não soube responder quem mandou desativar o hospital de campanha do governo federal montado em Águas Lindas de Goiás (GO). A unidade foi inaugurada em junho de 2020 e fechada em outubro do mesmo ano.

O ex-ministro disse apenas que não mandou fechar nenhum hospital. A unidade era federal, e, portanto, só poderia ter sido desativado com consentimento do governo Bolsonaro.

“O hospital de campanha de Águas Lindas de Goiás foi fechado sem determinação de vossa excelência?”, indagou o senador.

Pazuello declarou que ‘isso aí veio da própria demanda do estado [de Goiás]. Não nós que determinamos’.

Alessandro Vieira, então, relembrou que o estado de Goiás pediu prorrogação da permanência do hospital. O ex-ministro disse que não possuía informações a respeito e que poderia verificar.

Comparação

Por conta da postura de Pazuello nos dois dias de depoimentos à CPI, Alessandro Vieira o comparou ao militar nazista Adolf Eichmann. Na visão do senador, ambos não se diziam culpados pois estavam apenas “seguindo ordens”.

Eichmann foi um tenente-coronel do exército nazista e um dos principais organizadores do Holocausto. Ele era responsável por gerir a deportação em massa de judeus para os campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

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