Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (04/05/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

MEC tem menor verba desde 2018 para investir
Com um dos maiores orçamentos, Defesa pede mais R$ 1 bi
País tenta comprar mais 100 milhões de doses da Pfizer
STF restabelece comorbidade como prioridade para vacina
Turismo move multidão
Ao vivo, mas só lá fora
Ministro da Justiça entra na mira da CPI da Covid
Covas é transferido para unidade de terapia intensiva
Tributária: relator deve propor unificar impostos em fases
Henry: casal é indiciado por homicídio e tortura
Apple permite controle sobre rastreamento e atinge Facebook

O Estado de S. Paulo

Câmara debate volta de doação de empresas para candidatos
Hemorragia no sistema digestivo leva Covas à UTI
Ricardo Nunes – ‘Estou preparado, o prefeito confia em mim’
Capitais atrasam segunda dose da Coronavac
Exportações podem dar ao País superávit recorde
Ele plantou 33 mil mudas. E criou um floresta em SP
Morre, ao 87, Leôncio Martins Rodrigues
UE mantém restrição a turista com Coronavac

Folha de S. Paulo

Congresso já pressiona por extensão de auxílio
Mais de metade das domésticas fica sem renda na crise, indica pesquisa
Com câncer, Bruno Covas tem piora e é levado para UTI
Prefeito em exercício, Nunes faz 1º dia maratona de reuniões
Pfizer pode enviar 35 mi de doses em outubro
CPI quer saber se ministros seguiram decisões técnicas
Saúde vai sugerir protocolo médico sem cloroquina
Brasil deve ficar de fora de reabertura da Europa para turistas
Sociólogo Leôncio Martins Rodrigues morre aos 87 anos
Investimento militar cai pela metade em 2020
Variação de língua rende nota mais baixa em Portugal
Índia passa México e vira 3º país com mais mortes pelo vírus

Valor Econômico

Eleição acirrada ao conselho marca nova fase para a Vale
Saldo comercial tem elevação de 67,9% em abril
Ensino remoto afeta formação dos jovens
União Europeia propõe receber turista vacinado
Digitalização ‘à chinesa’ inspira Magalu
De vento em popa
Especialistas reforçam que pandemia continua grave

EDITORIAIS

O Globo

Erro do governo levou à suspensão da segunda dose

Os contratempos com a segunda dose são mais um exemplo da desorganização e da falta de planejamento que marcam a campanha de vacinação

Por seguirem a orientação do Ministério da Saúde — usar todo o estoque para a primeira dose, de modo a acelerar o ritmo da campanha de imunização —, prefeituras acabaram ficando sem vacinas para o reforço, ao menos da CoronaVac, que responde por cerca de 70% do total. Cidades de 15 estados, incluindo sete capitais, tiveram de suspender ontem a segunda dose da vacina. A interrupção, mais uma, entrou no radar da CPI da Covid, que pretende ouvir o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o ex Eduardo Pazuello.

Os contratempos com a segunda dose são mais um exemplo da desorganização e da falta de planejamento que marcam a campanha de vacinação. Em 19 de fevereiro, Pazuello tinha dito aos prefeitos que não era necessário reservar vacinas para a segunda dose, mesmo sem garantia de que não faltariam. Quase duas semanas depois, o Ministério da Saúde informou o contrário: era preciso guardá-las. Em 20 de março, nos últimos dias de Pazuello na pasta, o ministério voltou atrás e orientou os municípios a não fazer reservas. No dia 26, já na gestão de Marcelo Queiroga, o governo mudou de ideia de novo e recomendou que as prefeituras estocassem vacinas para a segunda dose.

A escassez de CoronaVac é atribuída ao atraso na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da China. Devido às remessas irregulares, o Instituto Butantan não conseguiu cumprir o cronograma pactuado com o governo para entregar 46 milhões de doses. Na sexta-feira, enviou ao Programa Nacional de Imunização (PNI) mais um lote de 420 mil doses, insuficiente para suprir as necessidades. O governo não deu prazo para regularizar a situação.

A interrupção da segunda dose acontece justamente no momento em que haveria motivo para otimismo. O Brasil dispõe da maior quantidade de vacinas desde o início da campanha — a maioria da Oxford/AstraZeneca. Na sexta-feira, o PNI recebeu 7 milhões de doses da Fiocruz e do Butantan. No fim de semana, mais 4 milhões do consórcio Covax, capitaneado pela OMS. A esperança é que, com esses 11 milhões, o país possa aumentar o ritmo para 1,5 milhão de vacinados por dia — hoje, somando primeira e segunda doses, está em torno de 1 milhão. Daria para imunizar todo o grupo prioritário (80 milhões) até junho, três meses antes do previsto. A ressalva é que, até agora, nenhuma projeção do tipo foi cumprida.

Os gargalos são conhecidos. A campanha está amparada basicamente em duas vacinas: CoronaVac e AstraZeneca, produzidas no Brasil, mas dependentes de importação do IFA. O Ministério da Saúde já comprou 100 milhões de doses da Pfizer/BioNTech e 40 milhões da Janssen. Foi feita uma entrega da Pfizer, mas o grosso da encomenda só deverá chegar no último trimestre.

Com 15% de vacinados em três meses, o Brasil paga o preço de não ter comprado vacinas quando deveria, no ano passado, e de ter feito apostas equivocadas — a escassez de vacinas será um dos principais temas das investigações da CPI. Apesar de expressivo, o estoque recebido no fim de semana dá para cerca de dez dias. O resto é incerteza. A meta do governo Bolsonaro — vacinar toda a população até o fim do ano — depende de uma série de condições, e não apenas no Brasil. A única certeza é que, em muitos municípios, os idosos que forem hoje aos postos de vacinação tomar a segunda dose da CoronaVac perderão a viagem.

O Estado de S. Paulo

Demonstração de fraqueza

O envolvimento dos Bolsonaros em manifestações golpistas em plena pandemia mostra que o clã presidencial está acuado

Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro associou-se a manifestações de caráter claramente golpista. O mote dos protestos, realizados no sábado em diversas capitais, foi resumido na palavra de ordem “Eu autorizo” – referência a uma recente declaração de Bolsonaro segundo a qual ele estava apenas esperando um “sinal” do “povo” para “tomar providências”, pois “o Brasil está no limite”. Os manifestantes, portanto, deram sua “autorização” para Bolsonaro agir.

É ocioso especular sobre a representatividade das manifestações a partir de seu tamanho – que, ademais, não foi mensurado. Mas pode-se afirmar que, ao contrário de demonstrar força, os protestos revelaram a fraqueza crescente do governo.

As manifestações antecederam a semana em que estão previstos os depoimentos de todos os ex-ministros da Saúde do governo Bolsonaro e do atual, Marcelo Queiroga, na CPI da Pandemia. Ou seja, foram programadas com o claro objetivo de intimidar os senadores que vão começar a levantar questões potencialmente embaraçosas para o governo.

Sem articulação política decente no Senado, o governo vem sofrendo sucessivas derrotas. Foi incapaz de impedir que a CPI ganhasse assinaturas suficientes para sua instalação, não conseguiu influenciar a indicação dos integrantes da comissão e ainda fez o papelão de tentar impedir na Justiça, sem sucesso, a indicação do desafeto Renan Calheiros para a relatoria.

A Bolsonaro restou, portanto, contar com a truculência de suas falanges para transformar a política em briga de rua. É o recurso de quem perdeu quase toda a sua já escassa capacidade de interlocução nas instituições democráticas, reduzindo de forma drástica seu poder de influenciar o debate nacional. Cada vez menos brasileiros levam o presidente a sério.

É por isso que Bolsonaro tornou a ameaçar com “providências” caso o “povo” lhe desse uma “sinalização”. Como costuma acontecer, o presidente não disse com todas as letras quais seriam essas “providências”, mas, nas outras oportunidades em que fez as mesmas ameaças, mencionou sua condição de “chefe supremo das Forças Armadas” e chegou a falar do Exército como se fosse sua guarda pretoriana.

Ou seja, Bolsonaro deixa no ar a possibilidade de articular um golpe – tal como defenderam explicitamente seus simpatizantes nas manifestações de sábado – com o argumento de que as instituições democráticas não o deixam governar, situação que, segundo a versão bolsonarista, levou o País à beira do caos.

No momento, o único caos está no Palácio do Planalto. O resto do País enfrenta com bravura e serenidade a enorme crise que o bolsonarismo agravou. A despeito da fome, do desemprego, da escassez de vacinas e da falta de perspectivas, não se vê entre os brasileiros o nível de inquietação que Bolsonaro aponta. Na verdade, o presidente parece ávido por um pretexto para exercitar sua vocação autoritária.

É aí que entram os manifestantes que foram às ruas para “autorizar” Bolsonaro a tomar “providências”. Esses seriam o “povo” de que fala o presidente, razão pela qual Bolsonaro os prestigiou sobrevoando um dos protestos a bordo de um helicóptero da Força Aérea. Não lhe pareceu imprudente vincular-se a um ato que chamou o Supremo Tribunal Federal de “organização criminosa”, entre outras barbaridades.

Um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, foi mais longe e, com a máscara no queixo, discursou num carro de som. Outro filho, o senador Flávio Bolsonaro, que criticou a instalação da CPI da Pandemia sob o argumento de que promoveria aglomeração e colocaria a vida dos senadores em risco, elogiou em suas redes as “ruas lotadas em todo o Brasil” – ocupadas por gente aglomerada e sem máscara.

O envolvimento dos Bolsonaros em irresponsáveis manifestações golpistas em plena pandemia mostra que o clã presidencial, acuado, está decidido a dobrar a aposta tanto no desafio à democracia como no menosprezo pela vida de seus compatriotas. Cabe à CPI, bem como às instituições de Estado, impedir, serenamente, que esse repto prospere.

Folha de S. Paulo

Presidente periférico

Pandemia escancara despreparo e desconexão institucional da aventura Bolsonaro

Jair Bolsonaro era um deputado periférico que em circunstância excepcional sagrou-se presidente. A imagem que se firma dele a cada desdobramento da política é a do presidente que se torna periférico.

Como se viu no sábado (1º), ele arrasta para as ruas um séquito assemelhado aos que acompanham os charlatães religiosos. São pessoas ressentidas com os limites que a Constituição de 1988 impõe à tirania, a expor pautas e retalhos de ideias exóticos, cuja inviabilidade num país complexo como o Brasil do século 21 vai ficando evidente.

Compelidos a camuflar os lemas escancaradamente golpistas de outrora, os bolsonaristas de parada agora destampam um “Eu autorizo”. A psicanálise poderá explicar que essas figuras liliputianas estão expressando a mensagem contrária: não podem nada; não autorizam nada fora das regras do jogo.

Em paralelo, a administração Bolsonaro vai se despedaçando, o que atrai excêntricos e oportunistas para seus escombros. Desfaz-se em bravatas, comentários demófobos, fracassos e inoperância a ambiciosa agenda reformista do ministro Paulo Guedes (Economia).

Sentindo cheiro da presa encurralada, enquanto se reduz a expectativa de poder em torno do presidente além de 2022, os partidos do centrão avançam sobre cargos e verbas com a voracidade dos visigodos no último assalto a Roma.

Começa para efeito prático nesta terça (4) a CPI da catástrofe sanitária, que o governo não logrou evitar nem conseguirá controlar.

A comissão de senadores não tratará de tema abstrato, diante das mais de 400 mil mortes, cifra ainda em forte expansão. Tampouco terá dificuldade para assentar a irresponsabilidade da gestão federal, e do presidente da República em particular, no combate à pandemia.

Bolsonaro mostrou-se incapaz de recomendar cautelas à população cuja vida corria risco e de compadecer-se com enlutados. Foi vetor de aglomerações e atitudes lesivas à saúde. Sua incompetência —direta e derivada de auxiliares ineptos que nomeou— privou o país de dezenas de milhões de doses tempestivas de vacina, de drogas e oxigênio para doentes que sufocavam.

A pandemia, com seus desafios prementes e ubíquos, concorreu para escancarar todas as fraquezas políticas e gerenciais constitutivas da aventura Bolsonaro. O potencial danoso do despreparo técnico, aliado à desconexão orgânica com partidos e agentes institucionais, tornou-se indisfarçável sob o crivo da emergência sanitária.

Não surpreende que Jair Bolsonaro vá retornando às margens do sistema, agora trajando a faixa presidencial. Decisões importantes para o país contornam o Palácio do Planalto —anomalia que se tenta arrastar penosamente até 2022.

Valor Econômico

Efeito da covid 19 na educação vai da evasão à desigualdade

Se não forem compensadas, as aulas perdidas podem reduzir em cerca de 8% a renda ao longo da vida dos estudantes

Um dos temas mais controversos ao longo da pandemia é a efetividade de se fechar as escolas para conter o contágio pelo novo coronavírus. Não há dúvida, no entanto, a respeito do impacto negativo da suspensão das aulas para os estudantes, a educação, o futuro do mercado de trabalho e a própria economia. Uma série de pesquisas começa a dimensionar o problema.

Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em conjunto com a Unesco, Unicef e o Banco Mundial calcula que, no ano passado, 1,5 bilhão de estudantes ficaram sem aulas por períodos variados em 188 nações, constituindo um dos grupos mais afetados pelas medidas para conter a pandemia. A OCDE nota que as taxas de infecção na população não têm correlação com o número de dias em que escolas estiveram fechadas. Países com taxas de infecção semelhantes suspenderam as aulas por períodos diferentes.

Mas o estudo ressalta uma coincidência nefasta: países com o pior resultado no teste Pisa, que compara globalmente o desempenho de estudantes de 15 anos, tenderam a fechar as escolas por períodos mais longos em 2020. Mais especificamente, os que fecharam as escolas secundárias por maior tempo estão entre os 54% cujos estudantes tiveram pior desempenho nos testes de leitura do Pisa de 2018. Para piorar, em muitos desses casos, os estudantes não tiveram acesso ao ensino remoto nem receberam apoio para aprender por conta própria. As perdas de aprendizagem durante a pandemia vão acentuar a desigualdade no ensino com consequências sociais negativas não só dentro de cada país como entre as nações.

A OCDE endossa pesquisa dos economistas Eric Hanushek e Ludger Woessmann, que calcularam quanto o fechamento das escolas vai contribuir para a redução do PIB de 19 países, incluindo o Brasil, até o fim do século. Com as escolas fechadas por quatro meses em 2020, as perdas variam de US$ 504 bilhões para a África do Sul a US$ 15,5 trilhões para a China, e foram estimadas em US$ 2,1 trilhões para o Brasil. Com as escolas fechadas o dobro do tempo, as perdas geralmente dobram, como no caso do Brasil, onde atinge US$ 4,2 trilhões.

Mas o ônus recai sobre os indivíduos. Hanushek e Woessmann estimam que os estudantes podem esperar salários 3% menores ao longo de suas vidas a cada três meses perdidos de aprendizado, não importa em que estágio está. Com outro recorte, o Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula que, se não forem compensadas, as aulas perdidas podem reduzir em cerca de 8% a renda ao longo da vida dos estudantes brasileiros da faixa de 10 a 19 anos – é o dobro da perda média estimada para a América Latina.

Para a Unicef, os mais afetados são os estudantes mais novos, que têm nas escolas fonte de alimentação e não só de aprendizagem. São especialmente prejudicadas as crianças mais vulneráveis e as que não têm acesso ao ensino à distância. A suspensão das aulas deve aumentar a evasão na América Latina e Caribe, segundo o organismo, causando um retrocesso de oito anos na educação na região, acentuando a pobreza e desigualdade. Já há números da Unicef que medem isso no Brasil, onde o abandono escolar passou de 1,4 milhão antes da pandemia para 5,5 milhões de estudantes, o equivalente a 15% da população entre 6 anos e 17 anos. Esse número representa um retrocesso de 20 anos.

A situação dos mais velhos não é muito melhor. Sem aulas para frequentar, os adolescentes também não estão encontrando trabalho. O grupo dos “nem-nem” chegou a 25,5% dos jovens de 15 a 29 anos que nem estudavam nem trabalhavam no último trimestre de 2020, o maior percentual em oito anos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, segundo levantamento da pesquisadora Thais Barcellos, da consultoria IDados (Valor 29/4). Ao longo do ano, chegou a atingir 30%. Quando o mercado de trabalho encolhe, os jovens são geralmente os mais afetados.

A situação vai exigir um esforço extra das autoridades para superar os danos causados pela interrupção das aulas e para reverter a tendência à evasão. Os investimentos em educação são um dos instrumentos mais eficientes na redução da desigualdade, conforme constatou o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made/USP), diminuindo em quase 10% o índice de Gini. O efeito é louvável, mas não é o único. Investir em educação promove a competitividade do país e deve fazer parte de um necessário plano de recuperação para superar os efeitos danosos da covid-19.

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