A AGU chegou a alertar, segundo o ex-ministro, que ‘aquilo não era correto do ponto de vista da probidade administrativa’ (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta terça-feira (4), na CPI da Pandemia, respondendo à pergunta do líder do Cidadania do Senado, Alessandro Vieira (SE), que o governo sabia da falta de lastro científico na compra de medicamentos, como a cloroquina – o que pode ser enquadrado como crime de improbidade.
Mandetta disse que o governo driblou a obrigatoriedade que todo ministro da Saúde tem de, ao fazer compra de qualquer item, passar pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia pelo SUS). A AGU (Advocacia-Geral da União) chegou a alertar, segundo o ex-ministro, que ‘aquilo não era correto do ponto de vista da probidade administrativa’.
“Eu não posso como ministro decidir comprar um remédio qualquer porque eu quero. É preciso passar por esse comitê técnico. Esse medicamento não passava no comitê porque seria exigida a evidência científica”, disse Mandetta.
Questionado por Alessandro Vieira, Mandetta confirmou ter alertado o presidente de que, nas palavras do senador, ‘a conduta presidencial e o gerenciamento da crise iriam levar o País a uma catástrofe com milhares de mortos’.
“Todos os ministros que participavam das reuniões de terça específicas [com o presidente] sabiam sobre isso”, afirmou, acrescentando que até entregou ao presidente uma carta em mãos detalhando a gravidade da situação.
O ex-ministro informou, ainda, que ministros com grande poder de decisão, até o final de março, nunca se interessaram em sentar e analisar os dados da saúde. (Assessoria do parlamentar)