Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (22/04/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Países levam novas metas à Cúpula do Clima, e Brasil vai pedir dinheiro
Brasil ‘estaciona’ em pico de 2.800 mortos ao dia, em média
Atrasada, vacinação de grupos prioritários só deve acabar em setembro
Pandemia emocional – O que você sente tem nome: definhar
CPI reúne munição, e Flávio Bolsonaro fala em ‘virar o jogo’
Servidores de ex-territórios podem gerar custo extra à União
Câmara do Rio prepara cassação de Dr. Jairinho
Com ajuste, Rio terá 30 anos para pagar dívida
O Globo é o jornal mais lido pelos brasileiros
Covid explode na Índia

O Estado de S. Paulo

Brasil pedirá verba contra desmate, sem usar bilhões parados
Médico olavista ganha espaço na Saúde e busca nova cloroquina
Quebra de confidencialidade
Mortes sem elo direto com covid superaram em 55 mil o previsto
Relator de reforma defende exceções para 2 categorias
Corte de salário e jornada deve atingir 5 milhões
Bruno Covas tem líquido no pulmão e abdômen

Folha de S. Paulo

Cúpula do Clima testa EUA de Biden e liderança global
Bolsonaro evitará entrar em detalhes em discurso curto
PF intima Boulos por tuíte contra presidente
STF deve concluir hoje julgamentos sobre Lula e Moro
Quadro de Covas piora, e prefeito ficará internado
Cai total de capitais com lotação de UTI acima de 90%
Queiroga atrasa fim da vacinação de prioritários
Celso Granato – Coronavírus fez o inesperado e deu um baile na gente
Registrada 1ª morte por reinfecção de Covid com variantes brasileiras
Policiais da Rota passarão a usar câmera ‘grava tudo’ na roupa
Brasileiros apelam ao Itamaraty por estudos nos EUA
Putin ameaça ocidente e vê protestos por opositor

Valor Econômico

Revolução energética é saída para o clima, defendem EUA
Ibovespa só supera Turquia neste ano
Teto independe da dívida, diz Persio Arida
Trabalho infantil pode se agravar no pós-pandemia
Recuperação do Othon suspensa por débito fiscal
Brasil perde 2ª cimenteira em seis meses
Retomada mais lenta e incerta
Castello Branco busca a ‘virada’ na Vale

EDITORIAIS

O Globo

A causa da queda do real tem nome: Jair Bolsonaro

Sem o “risco Bolsonaro”, economistas estimam que o dólar estaria abaixo dos R$ 5,00

Apenas pela lei da oferta e da procura, o dólar no Brasil não estaria no nível em que está, acima dos R$ 5,50. O ciclo de alta nos preços das commodities, na esteira do avanço da vacinação, pode fazer o Brasil fechar as contas externas em 2021 com um superávit (US$ 2 bilhões), algo que não acontece há 14 anos (as últimas previsões oficiais falavam num déficit de US$ 19 bilhões). A alta na cotação de produtos básicos exportados tem sido um canal forte de captação de divisas. Só em março, o agronegócio vendeu ao exterior US$ 11,57 bilhões, quase 30% mais que no mesmo mês do ano passado. As reservas externas, que começaram a ser formadas naquele período de bonança, estão há algum tempo acima dos US$ 300 bilhões.

Juros baixos e os gastos públicos em alta nos Estados Unidos fazem o dólar desvalorizar em relação a quase todas as moedas. Numa análise de 31 delas, feita por economistas da Fundação Getulio Vargas, há apenas três exceções, entre elas o real. Só a lira turca desvalorizou mais no período de doze meses até março.

A explicação para o aparente paradoxo tem nome: Jair Bolsonaro. Ou a capacidade que tem o governo Bolsonaro de gerar crises e incertezas. Sem o “risco Bolsonaro”, economistas estimam que o dólar estaria abaixo dos R$ 5,00. O temor de que o governo não é confiável em suas promessas de responsabilidade fiscal vai ficando mais e mais forte e se transforma em certeza com a fórmula esdrúxula encontrada para tentar consertar o Orçamento inexequível.

O resultado dessas manobras radicais, numa pista fiscal já íngreme, é que os gastos acima do teto poderão passar de R$ 125 bilhões este ano, sob o pretexto do combate à pandemia, enquanto se preservam ao máximo emendas dos aliados no Congresso. Os mercados reagem ao comportamento temerário do modo previsível: não querem nada com isso.

Cálculos feitos pelo economista Marcos Mendes, do Insper, mostram que as idas e vindas nas negociações entre Centrão, Planalto e o ministro Paulo Guedes ainda não garantiram o respeito ao teto de gastos. Vários malabarismos contábeis têm sido ensaiados, mas a conta continua sem fechar.

Na ponta do lápis, a proposta de cancelar entre R$ 10 bilhões e R$ 16 bilhões em emendas não obrigatórias ainda deixaria um resíduo para cortes de R$ 24 bilhões a R$ 30 bilhões. Abre-se espaço para a contabilidade criativa. Com o agravamento da pandemia, o governo deixou de somar no déficit primário, como se fossem gastos com saúde, os recursos para o Pronampe (pequenas empresas) e BEm (manutenção de emprego e renda). Preocupa que despesas não prioritárias venham a usar a mesma brecha.

Outra preocupação é o reajuste nos salários no funcionalismo em 2022. As demandas represadas pelo congelamento na pandemia já se fazem sentir. Só a derrubada escandalosa de um veto a reajustes na Receita Federal de 11 anos atrás resultou num trem da alegria que poderá custar R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos.

À medida que fica cada vez mais claro que Bolsonaro fará tudo para se reeleger no ano que vem, crescem as chances de mais problemas na área fiscal. Um presidente sem credibilidade retrai investimentos, prejudica os negócios. O câmbio e suas oscilações refletem essa percepção.

O Estado de S. Paulo

O meio ambiente que os brasileiros desejam

O País apoia a preservação ambiental. Esse é o único prumo possível para essa política

Hoje se inicia a Cúpula dos Líderes sobre o Clima. O Brasil, que por muito tempo foi referência em políticas ambientais, chega à reunião internacional com sua imagem desgastada. O governo de Jair Bolsonaro conseguiu reunir não apenas os piores resultados, como também as piores práticas na área ambiental. Houve até notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de obstruir investigação ambiental e favorecer madeireiros investigados.

Desde o ano passado, quando as queimadas e o desmatamento ilegal colocaram o Brasil na situação de pária ambiental no cenário internacional, o governo de Jair Bolsonaro tem prometido uma política ambiental mais responsável. No entanto, até agora o que se viu foi a continuidade do descuido com o meio ambiente.

Nesta semana, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou que, em março deste ano, foram desmatados 810 km² da Amazônia Legal. Obtidos pelo Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), os dados revelam aumento de 216% de desmatamento em relação ao mesmo mês de 2020. Juntos, os Estados do Pará e Mato Grosso concentram 60% do desmatamento no período.

No mesmo dia da divulgação dos dados do desmatamento de março, o chefe da unidade técnica do Ibama no Porto de Paranaguá (PR), Antonio Fabricio Vieira, foi exonerado. Seu recente trabalho de fiscalização deve gerar 30 autos de infração contra empresas que não apresentaram a documentação exigida. A função do Ibama no porto é especialmente relevante. No ano passado, pelo Porto de Paranaguá foram exportados mais de 35 mil m³ de madeira nativa.

A exoneração gerou a suspeita de mais uma intervenção com o objetivo de abrandar a fiscalização. Em carta ao presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, mais de 360 servidores do órgão criticaram uma recente instrução normativa que exige autorização de um superior do agente de fiscalização para a aplicação de multa.

Na prática, a medida criou nova instância de avaliação dos processos, que – para piorar – ainda não consta do sistema para a consolidação das multas. O resultado foi imediato. A nova instrução normativa levou à total paralisação das emissões de multas do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).

A confirmar a falta de compromisso com o meio ambiente, o governo de Jair Bolsonaro tem dito que as promessas de maior proteção ambiental estão condicionadas ao recebimento de dinheiro estrangeiro. Cai no conto quem quiser, pois foi esse mesmo governo que, em 2019, conseguiu travar o funcionamento do Fundo Amazônia. Criado em 2008 com doações da Noruega e Alemanha e administrado pelo BNDES, o fundo financiava projetos de redução do desmatamento.

A respeito das metas ambientais condicionadas a doações estrangeiras, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, colocou a questão nos devidos termos. “A gente não tem que ser mendigo”, disse.

É de notar que a lição do vice-presidente Hamilton Mourão a respeito do que é soberania está em sintonia com a responsabilidade que a população vem pedindo ao governo de Jair Bolsonaro em relação ao meio ambiente. De forma contundente, os mais diversos setores da sociedade têm manifestado a necessidade de uma política ambiental responsável e efetiva.

Em carta ao presidente da República, 34 líderes empresariais mostraram os benefícios para o País de metas ambientais mais ambiciosas. Depois, artistas se mobilizaram para exigir uma nova política ambiental do governo brasileiro, incluindo a saída de Ricardo Salles.

Outra iniciativa que revela o grau de descontentamento com a política ambiental de Jair Bolsonaro é a carta de 23 governadores enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propondo uma parceria entre os dois países em prol do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. O recado político é explícito: o que Jair Bolsonaro está fazendo com o meio ambiente não representa a vontade e o sentir da população.

O País apoia a preservação do meio ambiente. Esse é o único prumo possível para a política ambiental.

Folha de S. Paulo

Em perigo

Liberdade de imprensa se degrada no Brasil de Bolsonaro, mostra relatório global

Se a liberdade de imprensa fosse uma espécie biológica, ela estaria na lista de animais ameaçados no Brasil, na subcategoria EN (em perigo), apenas uma antes da CR (em perigo crítico). Depois disso, pelos critérios da União Internacional para Conservação da Natureza, vem a lista dos já extintos, como tiranossauros e pássaros dodô.

É que a liberdade de imprensa no país, pelo ranking deste ano da ONG Repórteres sem Fronteiras, foi rebaixada da zona laranja (situação sensível) para a vermelha (situação difícil) —uma antes da preta (grave), a derradeira. É a primeira vez que entramos nesse território desde que o ranking foi criado, duas décadas atrás.

O Brasil perdeu quatro posições em relação a 2020, quando ainda ocupava a zona laranja. Passamos da 107ª posição global para a 111ª. Estamos ao lado de Bolívia, Nicarágua, Rússia, Filipinas, Índia e Turquia —nações que dificilmente seriam citadas como exemplos de boa institucionalidade.

Os otimistas podem se regozijar por não nos alinharmos a China, Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia, que ocupam os últimos lugares entre 180 países analisados.

Problemas estruturais, como o número relativamente alto de jornalistas assassinados e a alta concentração proprietária das empresas que atuam no setor, fazem com que o Brasil nunca tenha frequentado a metade superior da lista.

Nos últimos anos, mais especificamente desde a eleição de Jair Bolsonaro para o cargo de presidente, a situação se deteriorou.

Multiplicaram-se os processos judiciais abusivos movidos contra jornalistas, assim como os ataques verbais contra profissionais desferidos por simpatizantes do presidente, quando não pelo próprio.

Há intenção deliberada desse grupo de destruir a credibilidade da imprensa que não lhe é dócil nem laudatória —se alguém mostra que você está mentindo, a melhor estratégia de defesa é atacar a reputação de quem revela essa verdade inconveniente.

Bolsonaro e seus seguidores passarão, cedo ou tarde. Isso poderá ajudar o Brasil a superar a fase mais aguda de perigo em que se encontra, mas não será o bastante para colocá-lo na parte superior do ranking, que se deve almejar.

A tarefa depende tanto de avanços materiais (melhoria da infraestrutura de apoio à informação) como institucionais (eficiência do Judiciário). A batalha vale a pena.

Dado o caráter instrumental da liberdade de imprensa para todo tipo de avanço social, não é uma coincidência que os países que lideram os rankings de qualidade de vida, democracia, educação, riqueza ou saúde ocupem também as mais altas posições na lista do Repórteres sem Fronteiras.

Valor Econômico

Governo tenta maquiar agenda de devastação ambiental

A aproximação de Biden com Bolsonaro tenta trazer o Brasil de volta ao jogo ambiental e abre espaço a que o governo mude de direção

O Brasil não vai aumentar a ambição de suas metas para colaborar com o combate ao aquecimento global no âmbito do Acordo de Paris, como deixou claro a carta enviada pelo presidente Jair Bolsonaro ao presidente dos EUA, Joe Biden, hóspede da Cúpula do Clima que reunirá hoje 40 chefes de Estado. O governo brasileiro não está interessado nisso e age há muito tempo na direção oposta. Quer ao mesmo tempo dinheiro de fora para continuar seu trabalho consciente, coerente e sistemático de destruição ambiental. Não há chance de que consiga enganar alguém.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse, dias antes da cúpula, que “são os outros países que precisam aumentar suas ambições” ambientais (O Globo, 16-4). Ele afirma que pediu US$ 1 bilhão para reduzir o desmatamento na Amazônia em 30% ou 40%. Pelas suas contas, está sendo modesto: as emissões de carbono do país caíram 7,8 bilhões de toneladas de CO2 de 2006 a 2017, e o Brasil deveria ser compensado por isso com US$ 133 bilhões. Salles quer o crédito por um trabalho que não é seu e que desdenha.

O governo de Bolsonaro arrumou um jeito de até mesmo reduzir de fato as apresentadas no Acordo de Paris. Manteve o objetivo de cortar 37% das emissões até 2025 e 43% até 2030, em relação ao que emitia em 2005. Reviu os números dessa base bem para cima e poderá emitir muito mais, uma folga compatível com a devastação de 13 mil km2, quando em 2020, quando o desmatamento foi o maior em 12 anos, 11.088 km2 de florestas foram ao chão. (Valor, 16-4).

A exigência de mais recursos é cínica diante da displicência com que o ministro costuma tratar o assunto – nunca foi um problema seriamente apontado por Salles antes. Sob pretexto de enquadrar Ongs “trapaceiras” ele conseguiu desmanchar o Fundo Amazônia, que trouxe US$ 3 bilhões ao país e estava fazendo a coisa certa. Como gestor, Salles sequer se deu ao incômodo de espernear contra a sistemática redução de verbas a que seu governo submete Ibama e ICMBio – instituições de monitoramento e vigilância desfalcadas, depauperadas e desprotegidas, enquanto loteou cargos de chefia para policiais militares.

O governo de Bolsonaro pede recursos externos, mas sequer tem interesse em gastar o pouco dinheiro que destina ao ambiente. Desde abril de 2018 foram liberados R$ 48,8 milhões, parcela de R$ 140 milhões voltados ao monitoramento ambiental e combate ao desmatamento ilegal da Amazônia. Não foram usados até agora. (O Globo, 17-4).

Com a maré crescente de indignação internacional e nacional com a piromania na Amazônia e no Pantanal, a devastação no Cerrado e o desaparecimento da Mata Atlântica, que podem trazer sérias consequências políticas e econômicas contra o Brasil, o governo sequer se esforça em guardar as aparências. O delegado e chefe da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, que comandou a maior apreensão de madeira ilegal na região, foi demitido. Salles se reuniu com os madeireiros e deu razão a eles.

Ao cumprir ordens de Bolsonaro para acabar com a “indústria da multa” – estreou no cargo demitindo o fiscal do Ibama que multou o então deputado Jair Bolsonaro por pesca ilegal em Angra dos Reis – suas ordens não surpreendem. Após criar instância de “conciliação” às multas aplicadas pelo Ibama, uma instrução normativa dispôs que as infrações terão de passar pelo crivo de um superior hierárquico. Fiscais do Ibama, em protesto, suspenderam a fiscalização ambiental. Além disso, foram afrouxadas as regras de exportação de madeira, inclusive do ipê, a mais procurada e valiosa pelos criminosos que saqueiam a Amazônia.

A cúpula do clima convocada por Joe Biden quer mostrar que os EUA voltaram com força para apoiar a agenda ambiental global, depois de anos de negacionismo de Donald Trump, e serve para emular os demais países a que sejam mais assertivos em sua luta contra o aquecimento global. A aproximação com a China no tema, em meio a uma disputa por hegemonia que será longa e conflituosa, dá mais credibilidade à promessa americana e amplia horizontes sobre o que Biden quer fazer para que os objetivos sejam atingidos.

A aproximação de Biden com Bolsonaro, que ameaçou recorrer à “pólvora” contra ele e foi um dos últimos a reconhecer sua vitória, tenta trazer também o Brasil de volta ao jogo ambiental e abre espaço a que o governo mude de direção. As chances de converter Bolsonaro e seus radicais a essa causa são, porém, remotas. Segundo o ditado popular, desse mato não sai coelho – se é que sobrarão mato e coelhos.

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