Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (08/04/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Cientistas identificam nova cepa do coronavírus em BH
Dilema argentino para enfrentar a segunda onda
Vacinação privada – Especialistas apontam falha em projeto aprovado na Câmara
Globo e Google Cloud anunciam parceria de inovação
Congresso ameaça retaliar se houver vetos ao Orçamento
Bolsonaro: É inadmissível um reajuste de 39% no gás’
Leilão de aeroportos rende 3,3 bilhões
Câmara: mudança na Lei de Segurança Nacional avança
Desvios na Saúde – Testemunho por baixo do pano
Linha Amarela volta a ter pedágio a partir de amanhã
Dr. Jairinho agiu para corpo do enteado não ser levado ao IML

O Estado de S. Paulo

Empresas e ONGs cobram metas ambientais ambiciosas
Aeroportos redem R$ 3,3 bilhões em leilão
Bolsonaro promete a empresários acelerar vacinação
Cai ocupação de UTIs em SP
‘Estadão’ bate recorde histórico de audiência
Alfredo Bosi – Acadêmico e crítico morre aos 84 anos
Argentina terá toque de recolher por 3 semanas

Folha de S. Paulo

No país, mais de mil cidades têm problema com oxigênio
Em 21 capitais e no DF, UTIs têm 90% de ocupação
SP anuncia vacinação de 65 a 67 e pode ampliar fase emergencial
Anthony Fauci – Brasil deveria pensar seriamente em lockdown
Com 3.823% de ágio, aeroportos rendem R$ 3,3 bi
Em São Paulo, vírus faz número dos que morrem quase igualar total dos que nascem
Bolsonaro janta com empresários em clima otimista
Hospitais militares não recebem civis e têm até 85% de leitos vagos
Câmara amplia compra de doses privadas; texto vai para o Senado
Regulador europeu relaciona AVC a Oxford, mas recomenda uso
Morre o crítico Alfredo Bosi, 84, vítima da Covid
Interior paulista tem madrugada de assaltos e pânico
Nas redes, Lula tem pico e empata com Bolsonaro
Guedes teve mais de 2 meses para rever Orçamento
Erdogan ignora líder europeia e gera protestos

Valor Econômico

Investidor mira longo prazo e paga R$ 3,3 bi por aeroportos
TCU pedirá explicações à Economia
Políticos desmoralizam o lockdown
Apesar de reação, EMA recomenda AstraZeneca
Após vacinação em massa, covid recua em Serrana
Fala de Bolsonaro afeta o câmbio e ação da Petrobras
Vales perdem espaço para terapia on-line
Odebrecht volta a negociar a venda do controle da Brasken
Globo vai para nuvem do Google

EDITORIAIS

O Globo

Bolsonaro desinforma sobre o ‘tratamento precoce’ contra Covid

O uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina pode causar efeitos colaterais graves

Não há remédio para a obsessão do presidente Jair Bolsonaro em defender um certo “tratamento precoce” contra o novo coronavírus que não encontra nenhum respaldo na Ciência. Nos últimos dias, ele tem dito que médicos precisam ter “liberdade total” para receitar tratamento contra a Covid-19 — leia-se cloroquina, ivermectina, azitromicina e outras drogas que integram o sinistro e ineficaz “Kit Covid”.

Ontem — um dia depois de o país bater o vergonhoso recorde de 4.211 mortes diárias —, Bolsonaro desembarcou em Chapecó (SC) para visitar o prefeito João Rodrigues (PSD), que, diz o presidente, faz “um trabalho excepcional” com o tal “tratamento precoce”. “Vamos buscar alternativas, não vamos aceitar a política do fique em casa, feche tudo, lockdown”, disse Bolsonaro. “O vírus não vai embora. Esse vírus, como outros, veio para ficar, e vai ficar a vida toda.”

Bolsonaro já publicara numa rede social um vídeo em que Rodrigues diz que, graças ao “tratamento precoce”, Chapecó conseguiu zerar internações e reduzir drasticamente o número de mortes. Só que a fábula da cloroquina encantada não tem final feliz.

Entre 1º de janeiro e ontem, o número de mortes por Covid-19 em Chapecó subiu 342% (de 123 para 544). A taxa de mortalidade se mantém acima da média do estado e do país. As internações foram zeradas apenas numa unidade. As demais continuam lotadas. Na quarta-feira, havia 179 pessoas hospitalizadas. Rodrigues omitiu também que Chapecó passou por duas semanas de lockdown — palavra que causa urticária em Bolsonaro — , com provável desaceleração da pandemia.

O problema do “tratamento precoce” não é só a ineficácia comprovada por pilhas de estudos científicos. O uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina pode causar efeitos colaterais graves. Em São Paulo, pelo menos quatro pacientes que contraíram Covid-19 e tomaram essas drogas tiveram sérias lesões no fígado e precisaram entrar na fila do transplante. Na Anvisa, as notificações de efeitos adversos do “Kit Covid” aumentaram 558%. Ao menos nove mortes foram relatadas.

Impressiona que, contra todas as evidências, o Conselho Federal de Medicina continue a defender esse “tratamento precoce”, alegando que não há consenso científico sobre o uso dos medicamentos e que os médicos têm autonomia para decidir. “É um discurso de quem não usa a ciência como norteador e acaba sendo um argumento que faz com que acreditem numa solução que é uma mentira” , disse o médico Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, em entrevista à “Folha de S.Paulo”.

Após um ano de pandemia e 341 mil mortos, não é admissível que o presidente continue a agir como garoto-propaganda de medicamentos ineficazes, vendendo ilusões a pacientes que nem sequer conseguem um leito de hospital para ter mais chance de sobreviver. Fossem tempos menos obscuros, o Ministério da Saúde teria sido o primeiro a advertir: “tratamento precoce” contra a Covid-19 faz mal à saúde.

O Estado de S. Paulo

Notas dissonantes

Ministro das Relações Exteriores fez um discurso profissional e de apaziguamento. Ministro da Justiça mostrou alinhamento total com Bolsonaro

Os discursos de posse dos novos ministros das Relações Exteriores, o embaixador Carlos Alberto Franco França, e da Justiça e Segurança Pública, o delegado da Polícia Federal (PF) Anderson Torres, foram diametralmente opostos no que concerne à compreensão de qual seja o papel de suas pastas nesta quadra dramática da história nacional.

Enquanto o novo chanceler foi “simples, direto e objetivo” e indicou com seu discurso a volta da “atitude profissional da diplomacia”, como analisou o embaixador Rubens Barbosa, o novo ministro da Justiça preferiu transmitir a mensagem que o presidente Jair Bolsonaro queria ouvir, o que não raro colide com as reais necessidades do País.

“A primeira urgência (do País) é o combate à pandemia da covid-19”, disse o ministro Carlos França, deixando claro que “esta é uma tarefa que extrapola uma visão unicamente de governo”, mas que, no próprio governo, compete não só ao Ministério da Saúde, mas também ao Itamaraty.

Só o fato de o novo chanceler demonstrar ter os pés fincados no mundo real e um senso de prioridade bem calibrado já é, por si só, um enorme alívio para a Nação, que por mais de dois anos teve de suportar o sequestro da Casa de Rio Branco por um bando de alucinados que agiam sob as ordens de um obscuro ex-astrólogo, e não de acordo com os princípios que regem as relações exteriores inscritos na Constituição.

Carlos França corretamente reconheceu que “o momento é de urgências”, dividindo-as em três: a urgência no campo da saúde, em especial na mobilização das representações diplomáticas do Brasil nos esforços para aquisição de vacinas e insumos; a urgência da economia; e, por fim, a urgência do desenvolvimento sustentável. Música para os ouvidos de quem até outro dia tinha de aguentar a triste figura do ex-ministro Ernesto Araújo, não sem tempo retirado do cargo, depois de atacar nações parceiras, como a China, disseminar teorias conspirativas estapafúrdias e, como se não bastasse, mostrar-se orgulhoso por ter rebaixado o Brasil à condição de pária internacional.

Se o ministro das Relações Exteriores fez um discurso de apaziguamento e reorientação profissional do Itamaraty, o ministro da Justiça mostrou alinhamento total à falaciosa oposição que o presidente da República faz entre o combate à pandemia e a retomada da atividade econômica, como se uma coisa fosse dissociada da outra. No discurso de posse, Anderson Torres afirmou que “precisamos trazer de volta a economia deste país, colocar as pessoas para trabalhar”, pois, em sua visão, o Brasil precisa “girar para a gente poder sair desta pandemia”.

Anderson Torres disse ter “medo” de haver “crises maiores” do que a crise sanitária “decorrentes da fome, do desemprego e de outros problemas”, insinuando que o Brasil estaria à beira do caos social, com aumento da criminalidade, invasões de supermercados e conflitos fratricidas nas ruas de todo o País. “Nesse momento, a força da segurança pública tem que se fazer presente, garantindo a todos um ir e vir sereno e pacífico”, disse o ministro da Justiça. Foi um discurso escrito sob medida para o agrado de Jair Bolsonaro, que, dia sim e outro também, alude ao “caos” inexistente para criticar as medidas de combate à pandemia adotadas por governadores e prefeitos.

Não surpreende que os dois novos ministros da Esplanada tenham adotado discursos tão díspares. É sabido que a demissão de Ernesto Araújo não ocorreu por livre e espontânea vontade de Bolsonaro, mas por imposição do Centrão, que via nos desatinos do ex- chanceler um entrave para a vacinação dos brasileiros e, portanto, uma grande ameaça às pretensões eleitorais dos membros do grupo.

Já na pasta da Justiça e da Segurança Pública, ao que parece sem sofrer interferências externas, Bolsonaro pôde dar vazão à sua natureza, alçando ao cargo um delegado que parece sensível a seus interesses e de sua prole de encalacrados em inquéritos e ações judiciais.

Folha de S. Paulo

Justiça torta

Novo ministro principia com troca na PF e declaração temerária sobre “ir e vir”

O novo ministro da Justiça, Anderson Torres, já diz a que veio. Em seu discurso de posse, numa cerimônia quase secreta, à qual a imprensa não teve acesso presencial, afirmou que cabe à “força da segurança pública” fazer-se presente para garantir “um ir e vir sereno”.

Difícil imaginar uma frase que revele maior alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro, que transformou o combate ao distanciamento social em palavra de ordem. Difícil também imaginar uma afirmação tão despropositada.

A menos que a “força da segurança pública” tenha encontrado uma fórmula revolucionária para aprisionar o Sars-CoV-2, não há muito que ela possa fazer para garantir o “ir e vir sereno”, já que é o coronavírus, não algum instinto sádico de governadores e prefeitos, que em última instância impõe limitações à circulação de pessoas.

Era mais ou menos isso o que se esperava do novo titular da Justiça, que chegou ao cargo por ser ligado à chamada bancada da bala e aos filhos do presidente. Pior será se sua declaração temerária insuflar ânimos nas polícias estaduais.

Não se pode afirmar, porém, que Torres não tenha surpreendido.

Fez saber que trocaria imediatamente o diretor-geral da Polícia Federal, cargo que já custou uma investigação contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, e pôs ali o delegado Paulo Maiurino, que não tem conexões com a família e já desempenhou funções de confiança em administrações de PSDB e PT.

Maiurino é visto como um delegado de perfil político, com especial trânsito no STF, onde atuou como secretário de Segurança sob a presidência de José Dias Toffoli. Não se trata obviamente de um desafeto de Bolsonaro, mas tampouco pode ser descrito como um apoiador entusiasmado do presidente.

Vale lembrar que este fez sua malfadada reforma ministerial porque está politicamente fraco —e não porque está forte. Ao que tudo indica, já não encontra espaço para colocar qualquer um em qualquer cargo, especialmente não em postos que envolvem estruturas de Estado, como se viu com os comandos das três Forças Armadas e agora com a Polícia Federal.

Dada a importância da PF, cumpre discutir aperfeiçoamentos legislativos para a condução ao cargo de diretor-geral. O melhor é exigir que o indicado pelo Executivo seja sabatinado e aprovado pelo Senado, a exemplo do que ocorre com o FBI nos Estados Unidos e mesmo aqui com as embaixadas.

Não que o Senado brasileiro costume fazer objeções a nomes apontados pelo Palácio do Planalto, mas seria uma forma de assinalar institucionalmente que certos postos na estrutura do Estado não estão à disposição dos projetos pessoais do governante de turno.

Valor Econômico

Persiste o negacionismo nos compromissos ambientais

Dos EUA não virá um centavo ao Brasil antes que medidas indiquem que o desmatamento ilegal não será mais tolerado

O governo brasileiro continua menosprezando a agenda climática, um dos eixos em torno dos quais giram negociações internacionais vitais. É o que dá um tom de cinismo e zombaria impróprios ao pedido do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de aporte de US$ 1 bilhão de capital externo para reduzir o desmatamento na Amazônia em 30% ou 40% em apenas um ano. Como um dos 40 convidados pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para participar no dia 22 da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, Bolsonaro não deve pedir dinheiro, nem qualquer outra coisa. Não se conhece qualquer proposta construtiva relevante que o Brasil levará à reunião.

Nas semanas que antecedem a cúpula, Salles esteve ocupado procurando liberar cargas de madeira apreendidas pela Polícia Federal, dando razão sumária às empresas proprietárias dos bens. Foi uma das maiores apreensões de madeira da história recente, de 131 mil m3, “produto de ação criminosa”, segundo o chefe da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva. O ministro contesta as apreensões, diz que as madeiras foram extraídas de áreas privadas, “todas com escritura, plano de manejo aprovado e etiqueta na tora”. Saraiva argumenta que “o que estava na guia florestal sobre madeira não era compatível com a carga. Deveriam ter entregue o plano de manejo e não fizeram isso”. (Folha de S. Paulo, 31-3).

As empresas já bateram em todas as portas, inclusive na do vice-presidente, Hamilton Mourão, que coordena as ações do governo na Amazônia. Sobre o assunto, Mourão é claro: “A apreensão se baseia em documentos falsos. Se não houver a apresentação de um registro lícito da extração dessa madeira, fica difícil a liberação”, disse ao Valor (7-4).

Não é exceção, mas padrão de conduta, que Salles intervenha contra os órgãos de fiscalização ambiental. Seguindo o lema do chefe Bolsonaro de acabar com “a indústria de multas”, o ministro criou uma junta de conciliação para arbitrar sobre as penalidades aplicadas pelo Ibama. Desde outubro de 2019 não se cobra mais nada. Em 2020 foram 9.516 autos de infração, 20% menos que em 2019 e o menor número desde 2004. Nos dois anos de governo Bolsonaro, o desmatamento voltou a bater recordes, o que exigiria mais estrutura e recursos para os órgãos de fiscalização.

Salles, que quer dinheiro de fora, sequer se dá ao trabalho de impedir que o orçamento do Ministério do Meio Ambiente encolha a cada ano. As verbas do ICMBio, que cuida das unidades de conservação, devem cair 56,6% este ano, e as do Ibama, 32,5%. Todo o dinheiro disponível para a fiscalização ambiental não chega a R$ 130 milhões.

A malemolência de Salles em lutar por verbas decorre dos objetivos claros de sua administração e do governo que a rege. Bolsonaro e sua trupe cogitaram no início acabar com o ministério e fundi-lo com o da Agricultura. O plano não prosperou e em seu lugar subsiste a gestão calculadamente demolidora do ministro. Há meses estuda-se fundir o ICMBio com o Ibama, reduzindo o poder e quadros de ambos que, por sinal, não foram, nem serão, ampliados neste governo.

Salles, na mesma entrevista em que divagou sobre que faria o com US$ 1 bilhão, afirmou que concurso para preencher vagas no ministério leva tempo, que não há orçamento para isso e que “é muito mais barato e rápido pagar diárias” da Força Nacional. Dinheiro não é o problema, e sim a orientação política avessa a qualquer regulamentação que tolha interesses privados, legais ou não, na exploração predatória do ambiente. Foi Salles quem conseguiu interromper os recursos externos do Fundo Amazônia.

O acordo de sobrevivência com o Centrão deu mais instrumentos à agenda anti-ambiental do governo. A Comissão de Meio Ambiente da Câmara foi entregue à radical bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), que atribuiu às Ongs a autoria dos incêndios que devastaram a Amazônia em 2019. Para ela, a região “nunca queimou tão pouco”. Assumiu a Comissão da Agricultura uma bolsonarista que defende o “projeto de lei da grilagem”.

Com a vitória de Biden, a agenda ambiental reviveu. A intenção americana e europeia é apertar o cerco ao desmatamento da Amazônia. Em entrevista, um oficial do Departamento de Estado dos EUA deixou claro que não virá um centavo ao Brasil antes que medidas imediatas concretas indiquem que “o desmatamento ilegal não será mais tolerado”. Biden não é um radical e está disposto a caminhar ao lado da China, sua rival, em direção a acordos amplos e pragmáticos sobre o clima. Por palavras e atos, o governo brasileiro mostra que não leva nada disso a sério.

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