Economic News Brasil entrevista Alexandre Pereira: “Um Olhar Sobre as Profissões”

Por Jeane Meire

No quatro Um Olhar Sobre as Profissões deste domingo, entrevistamos Alexandre Pereira, secretário de Turismo da cidade de Fortaleza, capital do Ceará. Alexandre  é graduado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), mestrando em Administração Pública pela Universidade de Lisboa (Portugal), pós-graduado em Gestão Estratégica pelo Instituto Europeu de Administração e Negócios (INSEAD), na França, pós-graduado em Gestão Pública e Privada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e em Gestão Pública pela Fundação Dom Cabral (MG).

1. Por que você decidiu por essa área? Quais foram os critérios?

Alexandre Pereira: Na realidade, sempre fui empresário, sempre atuei na área privada, sou administrador de empresas por formação. Mas comecei a me apaixonar pela administração pública quando me tornei presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC). O CIC sempre foi um braço político da FIEC, eu também fui vice-presidente da FIEC. E aí comecei a me interessar pela área pública porque comecei a entender a complexidade do problema e comecei a estudar a área pública e acabei sendo convidado para ser Secretário de Desenvolvimento Econômico, do Governador CID, me apaixonei pela gestão pública, e depois o prefeito Roberto Cláudio me chamou para ser Secretário do Turismo. Na realidade me apaixonei pela área do turismo porque é derivada do desenvolvimento econômico. E isso culminou com esse meu mestrado que estou concluindo, se Deus quiser, agora em abril, em Administração Pública na Universidade de Lisboa.

2. Existe alguma história sua interessante na faculdade ou durante os anos de experiência relacionada à profissão? Algo peculiar ou memorável?

AP: O que acho muito interessante é que, quando eu entrei na Administração de Empresas, na Universidade Estadual do Ceará (UECE) – eu também cursava Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Ceará (UFC), acabei não concluindo a Engenharia – eu nunca me vi na área pública, sempre me vi na área empresarial. E, de repente, eu me descobri um gestor público. Então, nas empresas que eu participo hoje participo só como sócio. Hoje resolvi me dedicar a essa área pública. Então, o peculiar é isso, e o memorável é eu ter decidido, após os 50 anos, fazer um mestrado, eu acho que isso foi uma superação mesmo na minha vida e estou muito feliz de estar concluindo agora.

3. Como está a situação do profissional diante da crise sanitária e como isso afeta nas carreiras da área?
AP: 
Com relação à situação do profissional, está difícil, como está também para grande parte dos diversos setores da economia e não só no Brasil, mas no mundo todo. Mas acredito que, com a vacina, pouco a pouco vai ser possível o retorno às atividades e vai chegar um momento em que as coisas irão se normalizar. Por essa razão, penso que as carreiras da área não serão afetadas diretamente. O que haverá é uma mudança de visão. O turismo nunca mais será o mesmo, pois o turista mudou depois dessa experiência. Ele agora tem um perfil mais digitalizado, mais inseguro, evitando aglomerações, mais exigente e mais sustentável. É o que está sendo chamado de turista 4.0. Então, não apenas as carreiras, mas toda a cadeia do setor precisa se adaptar a esse novo perfil de turista.

4. Quais foram as principais conquistas do turismo em Fortaleza nos últimos anos?

AP: Nos últimos anos Fortaleza teve conquistas muito importantes para o setor do turismo, com grande destaque para a infraestrutura. Nosso aeroporto foi reformado e ampliado, passando a ser um dos mais modernos do país, o que nos deu também oportunidade para contar com um hub aéreo, interligando nossa cidade diretamente a grandes destinos internacionais; temos uma nova Beira Mar –  ainda em obras, mas já muito próxima da conclusão – , mais bonita ainda do que já era e muito mais ordenada e pensada para o lazer do turista e do fortalezense; temos o Polo Gastronômico da Varjota; os diversos corredores turísticos urbanizados e qualificados; só para citar algumas das obras importantes para o turismo da cidade. Outra conquista que temos que ter em vista é o fato de Fortaleza estar sempre nos primeiros lugares dos rankings dos principais buscadores de viagem e do próprio Ministério do Turismo. Mesmo nas pesquisas realizadas já durante a pandemia, Fortaleza aparece entre os principais destinos que o brasileiro pretende visitar. Para o período de janeiro deste ano, por exemplo, foi o destino mais buscado de acordo com pesquisa do site Decolar. Já a CVC divulgou que fomos o local mais procurado por quem tinha intenção de viajar no feriado de Carnaval. É importante saber que continuamos bem no ranking e temos que continuar trabalhando para manter essa posição.

5. Quais os projetos para o turismo e os profissionais em Fortaleza no ano de 2021?
AP:
 Apesar da pandemia, do trabalho em home office e de todas as dificuldades ao longo de 2020 e até hoje, a Secretaria do Turismo de Fortaleza nunca parou. Temos muitas ideias e muitos projetos para lançar quando seja o momento em que possamos seguir adiante sem comprometer a segurança dos fortalezenses e dos turistas. Atualmente, trabalhamos em dois projetos principais. O primeiro, de turismo integrado, surgiu no final de 2019 e consiste em trabalhar em parceria com outros destinos do Ceará e do Rio Grande do Norte para atrair juntos o visitante, que irá desfrutar de atrações nos dois Estados, numa mesma viagem. A ideia é promover esse pacote em feiras e eventos, fortalecendo os quatro destinos. O projeto já está fechado, em fase de negociação com as operadoras. O outro grande projeto que trabalhamos atualmente visa fortalecer o turismo náutico na nossa cidade, mostrando tudo o que temos a oferecer em termos de esportes e passeios náuticos. Nesse projeto destaco a modalidade do mergulho de contemplação, pois seremos inseridos na segunda fase do Programa de Recifes Artificiais, do Ministério do Turismo. Já realizamos diversas reuniões com as diferentes entidades ligadas a essas variadas modalidades náuticas e estamos avançando bem com o projeto. Além disso, temos a criação de roteiros de experiência, com a exploração de diferentes temáticas na cidade. Tudo isso, claro, pensando sempre no fortalezense, antes mesmo do turista, pois defendemos a máxima de que cidade boa para o turista é a cidade que é boa para o morador.

6. Como você resumiria o profissional de Turismo em uma frase?
AP:
 O profissional de turismo é um realizador de sonhos!

7. Existe algo que queira acrescentar?

AP: Sim, gostaria de ressaltar algo a que me referi antes sobre o perfil do novo turista. A pandemia marcou o começo de novos tempos. Agora, quem não entender isso e acompanhar as mudanças que vieram para ficar não irá se manter no mercado. O momento é de absorver essas mudanças e de se reinventar. No caso do turismo, é preciso entender e conquistar esse novo turista de que falei anteriormente, o turista 4.0, que é mais cuidadoso, mais antenado do que nunca e que quer viver experiências diferentes. O digital, por exemplo, veio para ficar, e a empresa que não estiver também no ambiente virtual vai ficar para trás. Estudos demonstram que a questão da inovação e da sustentabilidade são essenciais para o consumidor hoje em dia, o turista incluído. Então é preciso também buscar maneiras de inovar e de pensar em linkar sua marca com iniciativas sustentáveis, como o apoio a alguma causa. De acordo com uma pesquisa do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), de 2018, naquela época 40% dos turistas já preferiam pagar mais, mas comprar de empresas sustentáveis. Atualmente, depois de tudo o que passamos, esse número está bem mais alto, as pessoas estão mais conscientes e preocupadas em cuidar do ambiente. O novo viajante também se interessa mais por experiência autênticas, que o ponham em contato com a Natureza ou a cultura do lugar – e aí os roteiros de experiência no qual estamos trabalhando na Setfor são um exemplo disso. Enfim, o mundo mudou e é preciso acompanhar essas mudanças. Como gestor, procuro sempre estar atualizado e seguir as novas tendências, considerando, claro, nossas realidades e seguindo também meu instinto. (Fonte: Publicado originalmente no site Economic News Brasil em 28/03/2021).

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