O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, relembrou nesta quarta-feira (31) texto assinado pelo jornalista Carlos Marchi com um apanhado histórico do processo de fundação do PCB, as lutas, consensos e dissidências até chegar aos dias atuais como Cidadania.
“Uma história que reafirma a democracia e a liberdade como valores fundamentais do nosso partido, que, mais uma vez, está do lado certo da história ao agir para impedir a ampliação dos poderes do presidente Jair Bolsonaro em sua escalada golpista”, disse, em referência à tentativa de votar um projeto de lei na Câmara dos Deputados que permitiria o uso do dispositivo de Mobilização Nacional durante a pandemia.
Freire rechaçou as comemorações do golpe militar de 1964 e disse que o partido precisa seguir vigilante.
Leia o texto de Carlos Marchi abaixo:
O PCB foi fundado em 1922 e foi então chamado de Partido Comunista do Brasil.
Sua sigla original completa era Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista-PC-SBIC.
À época, os partidos comunistas não se consideravam partidos vinculados a um país, mas integrantes da Internacional Comunista.
Por isso sua sigla original foi esta – Partido Comunista do Brasil.
Em 1961, ante as denúncias sobre os crimes de Stalin, apresentadas por Kruschev em 1956, no 20º Congresso do PCUS, veio o racha.
A maioria dos membros aprovou a mudança do nome e da regra geral; surgiu a nomenclatura de Partido Comunista Brasileiro-PCB.
Desde então, o PCB passou a rejeitar os crimes contra a Humanidade praticados por Stalin.
Uma minoria discordou da decisão, partiu para o cisma e fundou o Partido Comunista do Brasil-PCdoB, que continuou estalinista.
O PCB adotou a ideia de que a chegada dos proletários ao poder deveria se fazer mediante a conscientização das massas.
O PCdoB prosseguiu defendendo o estalinismo, entrou em 1970 na órbita chinesa e continuou pregando a revolução pelas armas.
O PCB integrou-se às ações democráticas. Na década dos 70, o PCdoB iniciou a guerrilha do Araguaia.
Em 1992 o PCB abandonou seu nome e sigla históricos e adotou o nome de Partido Popular Socialista-PPS.
Mais uma vez, houve uma pequena cisão e os que se atribuíam a verdade histórica do comunismo refundaram a sigla PCB.
Tornaram-se um partido micro, linha-auxiliar do PT e com ínfima influência eleitoral.
Trazia, em seu bojo, uma contradição insuperável – participava de eleições, mas continuava pregando a revolução armada.
Foi a este “novo” PCB que Guilherme Boulos aderiu em 1998. Absolutamente nada a ver, portanto, com o histórico PCB.
Em março de 2019 o PPS mudou o seu nome para Cidadania, um partido com profundas raízes democráticas.
Então, pessoal, nada de confundir siglas para enganar incautos. O PCB histórico, ex-PPS, hoje chama-se Cidadania.
Nada de foices, martelos e luta armada para derrubar o “poder capitalista”. O Cidadania é parte da democracia.
Os partidos que seguem como linha-auxiliar do PT (e agora do PSOL) são o PCdoB e o “novo” PCB. Ficou bem claro agora?
Carlos Marchi