Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (04/03/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Com 1.840 mortes e pouca vacina, cidades fecham comércio e se esvaziam
PIB cai 4,1% e tem o 3º pior resultado desde os anos 1980
Brasil sai do ranking das 10 maiores economias
Superexposição ao vírus é confirmada por dados de celular
Auxílio: PEC com valor de R$ 250 avança no Senado
Situação do Rio se agrava após 6 semanas e estado entra em alerta
Brasil e Europa puxam alta global de casos na pandemia
Arminio Fraga – ‘Reação do governo custa caro em vidas e em PIB’
ANJ aciona Cade para Google pagar por conteúdo jornalístico

O Estado de S. Paulo

PIB cai 4,1% em 2020; País deixa grupo de 10 maiores economias
Com recorde de 1,8 mil em 24h, Brasil compra doses da Pfizer
Fase vermelha em SP vai até 19 de março
Senado aprova texto-base da PEC do auxílio emergencial
MEC ameaça punir fala política em universidade
Rever improbidade pode favorecer 1/3 de comissão
Militares matam 38 em protesto em Mianmar

Folha de S. Paulo

SP terá fase vermelha, e país perde mais 1.840 em 24 horas
Sob pandemia, PIB cai 4,1% em 2020 e sofre maior queda em 30 anos
Para Bolsonaro, tombo menor que previsto é ‘dado positivo’
Pacientes vão à Justiça para obter leitos intensivos
Hospitais no RS registra 142% de lotação em UTI
Bragança entra em colapso com doentes mais jovens
Ministério decide comprar vacinas de Pfizer e Janssen
Senado aprova texto-base da PEC Emergencial
Governo censura professores por ‘desapreço’ a presidente
Flávio ainda deve R$ 1,8 mi de mansão, apesar de escritura
Brasil é o 2º com mais barreiras de entrada no exterior
Portugal vai do lockdown à transmissão baixa

Valor Econômico

País bate recorde de mortes e governos ampliam restrições
Dacache é o favorito para assumir o BB
PIB caiu 4,1% em 2020 e há risco de mais recessão
Nos trilhos
Linhas de crédito emergenciais devem voltar
Lira defende teto de gastos e alivia tensão nos mercados

EDITORIAIS

O Globo

Não há motivo para celebrar números do PIB

O país saiu do grupo das dez maiores economias do mundo e não há no horizonte sinal da determinação necessária para tirá-lo do buraco

Os números do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 foram celebrados pelos que esperavam um encolhimento ainda maior da economia ao longo do ano marcado pela pandemia. No último trimestre, o PIB cresceu 3,2% na comparação com os três meses anteriores e, ao longo do ano, caiu “apenas” 4,1%, em vez de 4,2% como previam os analistas.

Não há, infelizmente, motivo para celebrar. Os números encerram a pior década da economia brasileira desde o início do século XX. De 2011 para cá, o crescimento médio anual foi de ridículo 0,3%. Mesmo nos anos 1980, a proverbial “década perdida”, esse resultado ficou em 1,6%. O PIB per capita registrou no ano passado a maior queda na série histórica (4,8%). Em dez anos, o bolso do brasileiro encolheu 5,5%.

Com uma agravante: tais números foram distorcidos pelo efeito do auxílio emergencial e dos programas de alívio do governo, que despejaram centenas de bilhões na economia. Sem a pandemia e sem esse gasto brutal, a recessão teria sido ainda pior. Graças a essa contribuição, que não tem como se repetir, o ano fechou na ascendente.

O país saiu do grupo das dez maiores economias do mundo e não há no horizonte sinal da determinação necessária para tirá-lo do buraco. Quem procurar boas notícias nos dados do IBGE enfrentará dificuldades. Talvez encontre algum alento nas taxas de investimento e poupança, que cresceram, respectivamente, para 16,4% (de 15,3%) e 15% (de 12,7%) durante um ano. Mesmo assim, a primeira foi fortemente influenciada por contratações para exploração de petróleo, e a segunda foi resultado do naufrágio no setor de serviços e da paralisia no consumo (a população poupou em vez de gastar).

Em termos de investimentos, o Brasil ainda está muito aquém do patamar próximo de 25%, necessário para a economia dar um salto de produtividade. Sem investimento, não sairá do atoleiro e, para atrair investidores, é preciso transmitir sinais inequívocos de estabilidade nas regras de mercado, além de manter um ambiente hospitaleiro para negócios. Por mais que tenha havido avanços, o desempenho do Brasil continua sofrível nesses quesitos.

A involução da economia tem origem na sucessão de erros da gestão Dilma Rousseff. Sua visão equivocada levou ao descalabro nas contas públicas, ao descontrole nos juros e a uma onda de intervencionismo desastrado em setores como energia e petróleo. O desastre começou a ser mitigado no governo Michel Temer, mas não houve tempo para consolidar as reformas necessárias a deixar o sufoco para trás. A gestão Bolsonaro começou com certo otimismo, mas o retrocesso já é nítido.

É verdade que a pandemia foi um choque externo, mas não serve de pretexto para o governo se esquivar da responsabilidade. Fora a reforma da Previdência, já encaminhada por Temer, quase nada foi posto em prática do programa que ajudou a eleger Bolsonaro. A hesitação nas reformas e privatizações, a intervenção na Petrobras, tudo vai no sentido contrário ao necessário.

O quadro é agravado pela condução irresponsável do combate à pandemia e de seus desafios econômicos. O governo embarcou em toda sorte de esparrela científica, aderiu ao negacionismo, desdenhou máscaras, testes e vacinas, tornou-se contraexemplo mundial. A morte se espalha, e o medo derruba a confiança de consumidores e investidores. Não há economia que resista, nem motivo para celebrar.

O Estado de S. Paulo

No Brasil, a crise precedeu a covid

O País já estava em crise antes dos primeiros sinais da pandemia do novo coronavírus. A situação era especialmente grave na indústria

O socorro aos pobres funcionou, a ajuda às empresas diminuiu o choque e a economia brasileira, no resumo final, encolheu 4,1% em 2020. Foi o pior desempenho anual na série histórica iniciada em 1996. Mas a perda teria sido bem maior sem os gastos federais para o enfrentamento da crise. Bem mais feio, pelo menos à primeira vista, é o balanço de boa parte do mundo rico. Na zona do euro, onde se encontram potências como Alemanha, França e Itália, o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu 6,7%. No Reino Unido o tombo foi de 9,9%. No Japão, a terceira maior economia do mundo, a perda foi de 4,8%. Mas é preciso ser cauteloso e evitar a imodéstia nas comparações.

O Brasil fica em posição nada invejável quando se consideram o desemprego, o potencial de crescimento a partir de 2021, o miserável desempenho da economia nos últimos dez anos, o ritmo da vacinação e a ameaça ainda presente da pandemia. A covid-19 é uma variável muito importante em toda projeção econômica, mas o governo federal, rejeitando o exemplo da maior parte do mundo, ainda menospreza o risco do contágio e das mortes.

Mas a experiência brasileira tem outras singularidades. O inventário de 2020 revela bem mais, no caso do Brasil, que os danos ocasionados pela covid-19 e os benefícios das ações anticrise, iniciadas pelo Banco Central com medidas de estímulo ao crédito. Uma primeira diferença logo se destaca: o PIB no primeiro trimestre foi 2,1% menor que nos três meses finais de 2019. O País já estava em crise, portanto, antes dos primeiros sinais da pandemia. A situação era especialmente grave na indústria. O mau desempenho do setor, perceptível há vários anos, agravou-se a partir de 2019, quando o novo governo deu mais importância ao armamento de civis do que aos dados econômicos imediatos.

O balanço do ano passado confirma também a condição singular da agropecuária e, mais amplamente, do agronegócio. Este segmento, o mais competitivo da economia brasileira, é o principal suporte das contas externas. A agropecuária atravessou a crise com mais firmeza que outros setores e fechou o ano com expansão de 2%. Em contraste, a produção da indústria foi 3,5% menor que em 2019 e a dos serviços encolheu 4,5%.

Com a pandemia, o trabalho em casa tornou-se rotineiro para milhões de pessoas. O recolhimento das famílias afetou os padrões e o volume dos gastos do dia a dia. O desemprego e a redução da renda também produziram efeitos. Por todos esses fatores, a despesa de consumo familiar foi 5,5% menor que em 2019. O grande baque ocorreu em março e abril. A recuperação, iniciada em maio, foi insuficiente para o retorno ao nível do ano anterior. O Brasil, é preciso lembrar, já estava em crise antes da pandemia.

A redução do consumo privado afetou principalmente a indústria de transformação e devastou o setor de serviços. A queda do investimento produtivo também produziu impacto imediato. Combinados todos esses fatores, os efeitos mais negativos ocorreram na construção (-7%), na produção de veículos e de outros equipamentos de transportes, na fabricação de roupas e acessórios e no segmento de máquinas e equipamentos. Pelo menos prosperaram as indústrias de alimentos, produtos farmacêuticos e material de limpeza.

O investimento produtivo, medido como formação bruta de capital fixo, diminuiu 0,8%, mas a relação entre o valor investido e o PIB aumentou de 15,3% para 16,4%, porque a queda do divisor, isto é, do PIB, foi maior. Mas a taxa de 16,4% é muito inferior àquela encontrada em outros países emergentes, igual ou superior a 24%.

Investindo pouco, o Brasil limita seu potencial de crescimento. O setor privado pode investir em máquinas, equipamentos e instalações, mas o resultado desse esforço é diminuído pela pobreza das estradas e de outros componentes da infraestrutura. Privatizações e concessões poderiam ajudar, mas também nisso o governo tem falhado. Empenhado na reeleição, o presidente valoriza inaugurações, mas para inaugurar também convém construir – um detalhe trabalhoso e um tanto complicado.

Folha de S. Paulo

Cara ostentação

Compra de mansão por Flávio implica mais do que custos políticos para o clã

Um dos mais surrados chavões da política assevera que, à mulher de César, não basta ser honesta; é preciso também que pareça honesta. A variante cínica da máxima diz que o político não tem de ser honesto, mas apenas parecer honesto.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez pouco caso de tais considerações ao adquirir uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília, às vésperas de o Superior Tribunal de Justiça ter tomado uma decisão que o beneficiou na investigação acerca de desvio de dinheiro de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

O prejuízo político resultante da compra é autoevidente e não fica limitado à pessoa do senador. Respinga ainda em seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, e em toda a ala parlamentar do clã, também alvo de suspeitas de apropriação de verba pública por meio da contratação de funcionários fantasmas.

Agrava bastante o dano o fato de os indícios que pesam contra o parlamentar envolverem crimes que ficam nas vizinhanças da corrupção. Ora, o combate a esse tipo de desmando foi uma das bandeiras que o presidente utilizou para eleger-se —e é tema sensível para os bolsonaristas mais fiéis.

Os impactos em potencial do caso não se restringem ao campo da política —avançam na esfera penal. A compra por si só já é um ato suspeito, que pode em tese dar ensejo a nova investigação sobre a origem do patrimônio do senador.

Numa análise perfunctória, Flávio e sua mulher não teriam renda suficiente para adquirir a mansão nas condições em que a adquiriram. O fato de o banco que concedeu o empréstimo ser uma instituição do governo do Distrito Federal — comandado por Ibaneis Rocha (MDB), aliado do presidente— contribui para levantar dúvidas.

Numa esfera que combina aspectos políticos e penais, a compra poderá criar outros problemas para o clã. Magistrados, em especial os de cortes superiores, tornaram-se alvo de pressão pelas redes sociais.

Aceder a pedidos da defesa de políticos investigados é custoso, notadamente quando se anulam, com base em filigranas jurídicas, casos que parecem sólidos. A aquisição da mansão só reforça a pressão sobre os juízes, que podem ficar menos benevolentes.

Por qualquer ângulo que se analise, pois, a compra nababesca provavelmente custará mais do que Flávio Bolsonaro calculara.

Valor Econômico

Reação da economia no fim de 2020 já se esgotou

A economia em 2021 pode repetir o ritmo lento dos anos pós-recessão – ela perdeu o rumo do crescimento

Mesmo as boas notícias contidas nos resultados do desempenho da economia em 2020 divulgados ontem já pertencem ao passado. Há duas relevantes. O recuo do Produto Interno Bruto, de 4,1%, ficou muito abaixo das previsões catastróficas feitas logo após a irrupção da pandemia. A queda foi menor que a de 30 países em uma relação de 56. Foi também a melhor performance entre as grandes economias da América Latina. Além disso, o avanço no quarto trimestre superou as expectativas, com 3,2% em relação ao trimestre anterior, sinalizando uma trajetória ascendente em 2021 que não se realizará. O otimismo deu lugar a temores de uma recessão técnica, com possível retração nos dois primeiros trimestres deste ano.

As mais recentes estimativas no boletim Focus (BC) indicam expansão de 3,29% (e caindo), quando a herança estatística de 2020 asseguraria por si só crescimento de 3,6%. O recrudescimento da pandemia no fim do ano frustrou as projeções mais entusiasmadas. A segunda onda da covid-19 se revelou mais letal que a primeira e o país caminha de volta para os lockdowns, com fechamento de atividades não essenciais, redução forte da mobilidade e o cortejo de restrições vistos nessa mesma época do ano passado, quando a covid-19 chegou ao Brasil. O Estado de S. Paulo, onde se gera um terço do PIB nacional, paralisará por duas semanas grande parte das atividades produtivas. Estados em pior situação – há 19 deles com ocupação de leitos de UTI superior a 80% – devem seguir o exemplo.

O impulso dado no quarto trimestre não tem força para se propagar sem a contenção da pandemia e vacinação em massa – ambas ausentes. No quarto trimestre, o consumo das famílias cresceu 3,4% e a Formação Bruta de Capital Fixo, pelo menos 12%, se descontada importação de plataformas de petróleo. O auxílio emergencial, que sozinho injetou R$ 291 bilhões em 2020 para amparar 68 milhões de pessoas que perderam a renda, acabou e não foi ainda reinstituído.

Os serviços, que se reergueram parcialmente no fim do ano, levarão outra pancada da pandemia com o cerco à mobilidade. O segmento “outros serviços”, que são os prestados às famílias e que agregam os setores mais dependentes de mobilidade, avançou 6,8% no último trimestre de 2020. O consumo das famílias, o “espelho” dos serviços pelo lado da demanda, definha com o desemprego alto e as limitações que a pandemia coloca à expansão de atividades produtivas que geram vagas. No ano, o consumo (peso de 60,7% do PIB) fechou em queda de 5,5%, um pouco menor do que os -4,7% do consumo do governo (peso de 20,1% no PIB).

Algum impulso poderia ser esperado da poupança feita durante a vigência do auxílio emergencial, mas seu uso no consumo também depende da contenção da pandemia, o que ainda parece distante. Essa poupança é seguramente mal distribuída, como a renda do país. Com todos os estímulos oficiais, o consumo das famílias recuou R$ 126 bilhões no ano, bem menos que os R$ 146,5 bilhões de queda observados entre o primeiro e o segundo trimestres do ano, no início da pandemia.

Nos dois trimestres seguintes o consumo somou R$ 241,5 bilhões. A poupança bruta, por sua vez, cresceu 2,5 pontos percentuais, de 12,5% para 15% do PIB, com aumento de R$ 191,8 bilhões. Em conta grosseira, camadas de baixa renda que usaram o auxílio podem ter reservado algo como R$ 60 bilhões para um futuro difícil (perto de 0,8% do PIB), montante relevante, mas insuficiente. A poupança dos mais ricos cresceu bem mais e só será usada quando os serviços voltarem ao normal.

As condições para o crescimento são adversas. Com o governo endividado, o impulso dos estímulos fiscais será bem menor, porque os gastos de suporte à economia produziram déficit da ordem de 10% do PIB. A ausência de reformas para contenção de gastos e amparo do teto elevou a desconfiança dos investidores e a conta está sendo paga por um dólar que chegou agora perto dos R$ 5,70.

A perda de valor do real implica perda de renda doméstica, que já se agravara pelo aumento da inflação, que, dos alimentos, pode se espalhar pelos efeitos de forte alta das commodities reforçada pelo dólar alto. Uma consequência é que o BC pode ser empurrado a elevar juros quando a economia não só não recuperou a plena forma, mas se retrai. A renda per capita caiu 4,8% (R$ 35.172) e é a menor da série histórica. A economia em 2021 pode repetir o ritmo lento dos anos pós-recessão – ela perdeu o rumo do crescimento.

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