O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, participou nesta segunda-feira (8) do programa Sua Excelência, o Fato, com os jornalistas Luís Costa Pinto e Eumano Silva, e defendeu o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Para ele, há fatos evidentes, crimes comuns e de responsabilidade, além de uma ameaça de golpe.
“Impeachment é fato político. Só tem essa possibilidade quando se tem um governo que não respeita a política dentro das regras constitucionais. Toda essa tragédia que estamos vivendo com a pandemia é decorrente do negacionismo e da desídia de uma pessoa que, há até bem pouco tempo, era contra a vacina. Existe o receio de como ele pode reagir, com uma tentativa antecipada de golpe que ele mesmo já anunciou para 2022 se perder a eleição”, observou.
Freire afirmou que a sociedade já percebe que esse governo não se sustenta por mais dois anos.
“É mais prejudicial ao país do que entregarmos a presidência para o vice-presidente da República. Os dois governos que surgiram pós-impeachment [Collor e Dilma] foram muito melhores do que seriam com a continuidade dos titulares”, avaliou.
Questionado se a derrota do deputado Baleia Rossi para a presidência da Câmara dos Deputados atrapalha o projeto político para 2022, com um nome que possa fazer frente a Jair Bolsonaro, e se dificulta a abertura de um impeachment, Freire disse que o episódio deve ser considerado.
“Traz alguns ensinamentos. O governo oferecendo algo que vai ajudar na reeleição, emendas, recursos, cargos, talvez foi o fator de aglutinação em torno do Lira e não de imaginar que o governo Bolsonaro merecia todo esse apoio. Houve por conta disso crise em vários partidos. No caso do DEM, tudo surgiu na Bahia. A dissidência no DEM era tão crucial porque o grande articulador da frente foi Rodrigo Maia, que tinha bom diálogo com a esquerda e era representante de um centro democrático”, argumentou.
Ele acrescentou que a aparente união do DEM não se confirmou na prática, prejudicando a formação de um centro democrático contra o bolsonarismo, que pretendia reunir centro, centro-direita e centro-esquerda em torno de um único candidato. “Juntou-se uma frente amplíssima. A saída do DEM desarrumou tudo isso”, ponderou.
Huck
Questionado sobre uma possível candidatura de Luciano Huck para a presidência da República em 2022, o ex-parlamentar afirmou que é uma pessoa com boa concepção de mundo e visão de Brasil e lembrou que Huck atua na política antes mesmo de 2018, quando se especulou a possibilidade de ele sair candidato.
“Converso com ele desde 2018. A mudança de PPS para Cidadania teve a ver com movimentos que estavam em volta, como Renova, Livres, Acredito e o Agora, apoiado por ele. Precisamos discutir no Brasil algo que não seja mediocridade. Ou nos integramos nessa economia que é cada vez mais globalizada ou nos tornaremos cada vez mais irrelevantes”, apontou.
O presidente do Cidadania ainda disse que a pauta ambiental de Huck está em sintonia com a preocupação internacional com as mudanças climáticas e com a nova economia, outro ponto que credencia o apresentador e empresário em eventual disputa em 2022.
“O Brasil discute a Amazônia de forma tradicional, derrubada de árvores, pasto para gado e plantação de soja. E não discute o que significa economia de carbono, de futuro, da biodiversidade, da biotecnologia, que é algo que pode inserir o país na economia global com muita força. Basta ver a preocupação que se tem no mundo com relação à Amazônia. E Huck tem compreensão melhor desse cenário e das oportunidades que isso representa do que toda essa tradicional representação política brasileira”, analisou.
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