Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (26/01/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Brasil deve ter mais 15 milhões de doses em fevereiro
Saúde dá aval a compra de vacina por setor privado
Veterinários, agentes funerários e biólogos idosos são os próximos da lista
Centro com mais moradias e menos escritórios
Centrão já disputa presidência da Eletrobras
Câmara: aliados de Baleia perdem cargos no governo
Brumadinho – Mil famílias seguem sem água limpa, dois anos após tragédia
Crise na Itália – Premier renuncia para tentar montar nova coalizão
Biden favorece ‘Made in America’ em compras federais

O Estado de S. Paulo

Economia aceita volta do auxílio, mas pede corte de gastos
Políticos abrem disputa pelo comando da Eletrobras
China libera insumos para produção da Coronavac
STF determina investigação da atuação de Pazuello
Ex-presidentes pró-vacinação
Religiosos vão fazer pedido de impeachment
Após 7 anos, homicídios crescem em SP
Vazamento de CPFs pode ser o mais lesivo
Brasil lidera ranking de venda de jogadores
Biden veta entrada de brasileiros nos EUA

Folha de S. Paulo

Atrás na vacinação, Bolsonaro agora faz afago na China
Para pesquisador, variante do AM já domina região
69% não têm substituto para auxílio
Apesar de vacina, tropeços de Doria preocupam PSDB
Presidente da Eletrobras deixa cargo; ações caem
Rejeição a governo é ‘ruído’ da crise na saúde, diz Mourão
Bolsonaros lideram ranking de ataques contra a imprensa
Receita registra menor arrecadação em dez anos
Milton Ribeiro afirma responder a inquérito por defender a Bíblia
Acidente com ônibus no PR mata ao menos 19
Funcionários do Google terão aliança global
Contra variantes, países europeus exigem uso de máscaras mais eficaz
UE quer estabelecer quarentena a oriundos do território brasileiro
Biden voltará a restringir viagens a Brasil e Europa

Valor Econômico

Mercado já não crê que governo vá vender Eletrobras
Endividamento bate recorde em 2020
Mudança na BR facilita a saída da Petrobras
Ofertas de ações deram bom lucro ao investidor
Em casa, Cunha sonha com retorno à política
Insumo para vacina será liberado
Netshoes paga R$ 44 mi para encerrar disputa

EDITORIAIS

O Globo

Começa a chegar a Bolsonaro a conta do negacionismo

Apesar do abalo na popularidade, presidente ainda mantém apoio para resistir ao impeachment

Depois de tanto negacionismo e leniência com a pandemia, a conta do desgaste começa a chegar a Jair Bolsonaro. É amargo para o presidente que, segundo o Datafolha, 46% da população considerem que seu adversário João Doria fez mais contra o novo coronavírus do que ele, cuja atuação na crise é aprovada por 28%.

Os índices de popularidade do presidente também apresentaram queda, embora ainda seja apoiado por cerca de um quarto da população. No fim de semana, sinal dos tempos, houve carreatas pedindo sua saída no Rio, em São Paulo e Brasília. No sábado, promovidas pelo PT e pela esquerda; no domingo, pela direita (Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua).

O crescimento da gritaria pelo afastamento do presidente não basta para que ele sofra um pedido de impeachment. Claro que, a depender de seu comportamento e dos índices de popularidade, o cenário político pode se deteriorar. Bolsonaro conta com a vitória do aliado Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela eleição da presidência da Câmara para barrar qualquer pedido de afastamento. Há mais de 60 na presidência da Casa. Continuarão a chegar outros.

Mesmo com o Centrão de Lira, a base de apoio a Bolsonaro na Câmara nos dois primeiros anos de governo (72,5% de adesão nas votações, pelo critério do Observatório do Legislativo Brasileiro da Uerj) é inferior às dos ex- presidentes Lula (77,1% no primeiro mandato e 77,7% no segundo) e Dilma Rousseff no primeiro mandato (76,2%). Bolsonaro só fica à frente dos 58,2% de Dilma no segundo mandato. A frágil base parlamentar dela está por trás do impeachment por crimes na área fiscal.

Em janeiro, conjugam-se os efeitos do fim do auxílio emergencial com o persistente crescimento do número de mortos pela Covid-19, emoldurada pela tragédia de Manaus das vítimas asfixiadas por incúria dos governos federal e estadual. Mesmo sabendo do problema da falta de oxigênio, as autoridades não se mobilizaram a tempo como deveriam. Fatos como esse são corrosivos para todo político.

Seria prematuro fazer qualquer prognóstico sobre o efeito da tragédia na popularidade de Bolsonaro. Mais ainda, especular sobre um novo processo de impeachment, que depende não apenas disso, mas também das circunstâncias políticas. A garantia da blindagem do presidente da Mesa da Câmara não é absoluta. Dilma confiava nela e em sua ampla aliança, mas o desastre econômico que produziu fez com que perdesse as ruas, o Congresso e o chão. Bolsonaro tem contra si uma doença que ele desdenhou e que continua a produzir mais cadáveres.

Nas duas experiências que testemunhou de afastamento de presidentes (Collor e Dilma), o Brasil aprendeu a interpretar sinais de perda de sustentação do Planalto. Por ora, Bolsonaro tem plena condição de resistir até o fim do mandato. Mas será preciso prestar atenção aos efeitos políticos da crise humanitária.

O Estado de S. Paulo

Sobrou para o hipnotizador

Quem sabe se, ao hipnotizar o País inteiro, “Markinhos Show” convença os brasileiros de que Pazuello é competente e Bolsonaro merece ficar no cargo

Diversas entidades empresariais divulgaram nos últimos dias dois manifestos em que expressam enorme preocupação com a crise causada pela pandemia de covid-19. Em declarações de líderes do setor produtivo, noticiadas pelo Estado, ficaram explícitas as críticas ao comportamento errático e irresponsável do governo de Jair Bolsonaro não só em relação ao enfrentamento da doença, mas também no que diz respeito aos graves problemas econômicos.

Essas manifestações evidenciam, sem sombra de dúvida, a progressiva perda de confiança do empresariado na capacidade do presidente de conduzir o País, algo que já é claro para cada vez mais brasileiros. Ainda não houve pedido explícito de impeachment de Bolsonaro por parte dos empresários, mas nem era necessário: o tom das declarações indica que a paciência com o presidente já se esgotou.

Um bom resumo dessa percepção foi feito por José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). “Do lado da saúde, não está passando segurança; do lado da economia, as coisas não andam”, disse o empresário a propósito da atuação do governo federal.

Os empresários estão convencidos de que não haverá retomada da economia sem vacinação em massa da população, algo muito difícil de acontecer num futuro previsível em razão da inacreditável desorganização do governo Bolsonaro. “A sensação é de que há muito improviso, e isso assusta”, disse Pedro Passos, da Natura.

Mas ninguém pode se dizer surpreendido. Em outubro do ano passado, o presidente Bolsonaro defendeu que era melhor investir na “cura” da covid-19 do que numa vacina. Ao longo de toda a crise, e ainda hoje, Bolsonaro faz campanha pelo que chama de “tratamento precoce” com cloroquina e outros elixires comprovadamente ineficazes contra a doença. Gastou milhões na produção e na distribuição dessas drogas, ao mesmo tempo que tudo fazia para sabotar a vacinação. Demitiu ministros da Saúde que se recusaram a defender o uso da cloroquina e insistiam na adoção de medidas como quarentena e distanciamento social e na produção de uma vacina. No lugar deles, colocou um almoxarife que papagueia as asneiras ditas por seu chefe sobre curas milagrosas e que foi incapaz de trabalhar pela vacinação em qualquer de suas etapas – seja na importação, seja na produção, seja na distribuição.

Não fosse o governo de São Paulo ter investido na produção de uma vacina, que o presidente Bolsonaro desmoralizou o quanto pôde para prejudicar o governador João Doria, seu principal antagonista, o País não teria nem mesmo a vacinação precária que se iniciou há dias.

Por todos esses motivos, não há nenhuma razão para acreditar que Bolsonaro venha a ser o líder que nunca foi e de que o País tanto precisa neste momento. Ao contrário: sua permanência na Presidência da República tende a agravar, e muito, o quadro. Essa certeza chegou ao empresariado, que já vinha demonstrando fastio com a inação do governo na área econômica, depois de tantas promessas tão grandiloquentes quanto vazias.

“Se o mundo inteiro está vacinando e o Brasil não, é falha do nosso governo”, disse o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa. “A pior coisa, do meu ponto de vista, é não reconhecer quando se falha. Quando você erra e reconhece o erro, toma uma atitude para corrigir. Mas, quando não quer ver o erro, vai continuar fazendo errado. Querer fazer a mesma coisa do mesmo jeito e esperar resultado diferente é coisa de louco.”

A loucura, contudo, vai continuar, até que termine a alucinação que começou em 1.º de janeiro de 2019. O quanto antes isso acontecer será melhor para todos – é para isso, aliás, que existe o instrumento constitucional do impeachment.

Mas o governo parece convencido de que seu problema é apenas de comunicação. Por isso, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, contratou um novo assessor de comunicação, um certo “Markinhos Show”, que cita entre suas especialidades a de “hipnólogo”. Quem sabe se, ao hipnotizar o País inteiro, o novo assessor do intendente consiga convencer os brasileiros de que Pazuello é um ministro da Saúde competente e que Bolsonaro é um ótimo presidente e merece ficar no cargo.

Folha de S. Paulo

Ainda o auxílio

Cena política e econômica faz com que prorrogação do benefício continue em pauta

As estatísticas disponíveis demonstram com clareza que o auxílio emergencial pago durante a pandemia, além de financeiramente insustentável, nem mesmo foi um programa social bem concebido.

Entretanto os mesmos números —e a eles se somam os da nova pesquisa do Datafolha— indicam que a interrupção pura e simples do benefício colocará em risco parcela expressiva da população mais vulnerável do país, com consequências econômicas e políticas ainda imprevisíveis.

As exorbitâncias do auxílio estão bem documentadas. Segundo a Caixa Econômica Federal, 67,9 milhões de brasileiros receberam ao menos uma parcela do benefício (de R$ 300, R$ 600 ou R$ 1.200 mensais), equivalentes a quase 40% das pessoas consideradas em idade de trabalhar (acima de 14 anos).

Autorizaram-se gastos de R$ 321,8 bilhões, algo como dez vezes a verba anual do programa Bolsa Família. Em um país que já ostenta cifras anômalas de gasto, déficit e endividamento público, um dispêndio adicional de tais dimensões aproxima o Estado da insolvência.

Resta evidente que, devido a critérios falhos de elegibilidade ou controle deficiente, boa parte dos recursos acabou destinada a estratos que deles não precisavam, ou estariam protegidos com valores menores —segundo o Datafolha, por exemplo, 38% dos beneficiários conseguiram poupar dinheiro.

Nada disso significa, porém, que não fosse imprescindível ampliar a rede de transferências de renda durante a pandemia. A experiência do auxílio emergencial, aliás, revelou setores carentes não contemplados pelo Bolsa Família, um programa bem-sucedido que merece revisão e aperfeiçoamento.

A crise sanitária está longe do fim, e a economia ainda se mostra frágil. Pela pesquisa do Datafolha, 69% dos que receberam o auxílio não encontraram fonte de renda capaz de substitui-lo.

Em tal cenário, é natural que a prorrogação do benefício, em bases emergenciais ou permanentes, seja um dos temas em debate na disputa pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado —o programa, cabe lembrar, foi uma iniciativa do Legislativo.

Tomou-se a medida às pressas no ano passado, e pode-se compreender que os parlamentares tenham preferido pecar pelo excesso. Desta vez, no entanto, o debate precisa de aprofundamento e atenção aos limites do Orçamento.

Há propostas já avançadas para a fusão de ações sociais de modo a ampliar o amparo aos mais pobres, sem desrespeitar o teto inscrito na Constituição para os gastos federais. O presidente Jair Bolsonaro, que rejeitou essa alternativa, agora vê sua popularidade ameaçada pelo fim abrupto do auxílio.

Valor Econômico

É possível conciliar novo auxílio com o teto de gastos

Acelerar a votação das PECs é imprescindível para sustentar eventual auxílio e o próprio teto

Atrasos nos calendários de obtenção das vacinas e de imunização e o avanço de nova onda da pandemia ensombreceram as perspectivas da economia para o primeiro trimestre do ano. As respostas do governo a isso terão de levar em conta pressões cada vez maiores para que seja concedido um novo auxílio emergencial, que vêm não apenas da oposição, mas dos candidatos governistas à disputa do comando do Senado e da Câmara dos Deputados. Favorecem as pressões o retraimento da economia e, agora, o recuo da popularidade do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas. Bolsonaro voltou aos 32% que consideram ótima e boa sua gestão, o mesmo baixo percentual de meados do ano passado, quando desferia ataques contra o STF e outras instituições.

O tempo certo e a magnitude do primeiro auxílio emergencial não foram fruto de planejamento, mas das circunstâncias. Sua necessidade foi, inicialmente, minimizada pela equipe econômica e pelo ministro Paulo Guedes, que acreditava que com R$ 5 bilhões resolveria a parada. Quase um ano depois, e de gastos 120 vezes maiores do que previa Guedes, a questão se recoloca com urgência. Não há uma transição de renda que conduza o grande exército de desempregados até a retomada do crescimento, cujo horizonte parece ser cada vez mais adiado para o segundo semestre.

A equipe econômica se conforma com um resultado negativo no primeiro trimestre, mas não dá aval a nova rodada de auxílios. A hipótese de concessão de novo auxílio piorou o desempenho da bolsa, que completou duas semanas em queda, e do câmbio, com o dólar teimosamente voltando para perto de R$ 5,50. O Banco Central, por sua vez, retirou a orientação futura, que o impedia de sinalizar um ciclo de alta de juros, indicando o princípio do fim do único instrumento em ação de estímulo à economia.

A questão central sobre a ajuda financeira é a de se ele é necessário e, sendo, se será instituído com ou sem o respeito ao teto de gastos. Há expedientes temporários para que os gastos extras possam ocorrer. O Tribunal de Contas da União permitiu o salto dos recursos que não foram gastos no combate à pandemia em 2020 para o orçamento deste ano na rubrica das despesas extraordinárias, algo como R$ 31 bilhões. O governo determinou via medida provisória que R$ 20 bilhões desse bolo sejam destinados à compra de vacinas. Arthur Lira fala em usar créditos extraordinários, que não confrontam o teto, para liberar até R$ 50 bilhões para ajuda temporária.

O governo está chegando em um momento de definições, quando terá de optar pelas promessas de austeridade que têm, na parte econômica, o ministro Paulo Guedes como fiador, ou a ambição de reeleição de Jair Bolsonaro, possibilidade que em campanha eleitoral refutara. Há opções no meio do caminho, mas Bolsonaro preferiu rejeitá-las, embora possa até voltar atrás por força das circunstâncias políticas. A primeira proposta feita por Guedes de retirar programas menos focados em renda – abono salarial, auxílio defeso, salário família e outros – para bancar um Bolsa Família ampliado foi fulminada pelo presidente. Boa parte dos economistas, porém, acham que seria uma boa e eficaz medida para ampliar a rede de proteção social.

Destruir o teto de gastos por impulso ou sob pressão, sem colocar algo crível em seu lugar, provocaria uma crise certa, com dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida interna, pressões inflacionárias e juros altos para tentar contê-las. A opção correta é encontrar espaços para gastos adequados por tempo determinado, dentro do teto.

Além da desativação de programas que não são focados em renda, houve “folga” em despesas em função da magnitude e abrangência do auxílio, que ao impulsionar o consumo, evitaram que a dívida pública chegasse a ser ainda mais alta. O economista Claudio Adilson Gonçalves aponta que o PIB terá caído em 2020 bem menos que o previsto, perto de 4%, e que a relação dívida pública/PIB ficou longe dos 100% previstos por muitos analistas. Para ele, um auxílio de R$ 300 por seis meses, que custaria R$ 120 bilhões, teria impacto sobre a dívida pública de 1,5% do PIB, elevando sua relação com o PIB para 89,7%, pouco acima do nível de 2020 (O Estado de S. Paulo, 25 de janeiro).

O auxílio pode respeitar o teto e ser o coadjuvante provisório da vacinação em massa, permitindo alguma renda a milhões de pessoas até que a oferta de empregos deslanche. Acelerar a votação das PECs é imprescindível para sustentar o eventual auxílio e o próprio teto.

Leia também

Por que o golpe de Bolsonaro não se consumou?

Na primeira versão, “oficial”, Bolsonaro estaria abatido com a derrota eleitoral e pretendia tirar um “período sabático” nos Estados Unidos, não comparecendo à posse de Lula.

Por trás do lobo solitário

Discursos promovem o ódio na sociedade moderna.

Surpresa esperançosa

A realização de um Enem para os professores é boa ideia.

Bolsonaro e generais encabeçam lista da PF

NAS ENTRELINHAS Segundo a PF, estivemos muito próximos de...

IMPRENSA HOJE

Veja as manchetes dos principais jornais hoje (22/11/2024)

Informativo

Receba as notícias do Cidadania no seu celular!