Freire critica prazo de 60 dias pra analisar vacina e diz que letargia de Bolsonaro e Pazuello terminará na Justiça

Com média de mortes na casa de 600 por dia, cenário de 36 mil vidas perdidas em dois meses deveria conferir urgência às ações do governo federal, aponta presidente do Cidadania

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, condenou duramente a letargia do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na elaboração de um plano nacional de imunização contra COVID-19 e adiantou que o partido vai acionar os responsáveis na Justiça caso atrasem a aprovação das vacinas em fase final de testes. Em reunião nesta terça-feira (8) com governadores, Pazuello anunciou que os processos podem levar 60 dias, quando já há normas que garantem maior celeridade na avaliação. 

“Crimes de responsabilidade não dizem respeito só a presidentes, mas também a ministros e Pazuello os está cometendo em série. Com a atual média móvel de mortes, os 60 dias que a sua incompetência calcula pra aprovar uma vacina na Anvisa significam 36 mil vidas perdidas pra Covid”, apontou, ao lembrar que outros países já têm até  mesmo calendário de vacinação fechado.

Hoje, o Reino Unido começou a vacinar a população inglesa com o imunizante da Pfizer, que têm 95% de eficácia comprovada contra o novo coronavírus e já foi aprovado pelos órgãos reguladores daquele país, ampliando a desconfiança em relação às autoridades brasileiras. Freire disse ver resistência do governo federal em relação à Coronavac simplesmente por ter tecnologia chinesa e ser fruto de parceria, no Brasil, com o Estado de São Paulo e o Instituto Butantan, em articulação do governador João Dória.

“Nós, do Cidadania, deixo claro, responsabilizaremos com medidas cabíveis não só Bolsonaro, mas o pau-mandado Eduardo Pazuello, servidores da Saúde e da Anvisa que criarem obstáculos pra atrasar a vacinação da população contra Covid. Civil e criminalmente. Não ficarão impunes”, antecipou. “O presidente e seu ministro tratam a questão sem urgência alguma. Enquanto outros países deram início ao processo neste ano, aqui se fala em março ou abril. Nem mesmo insumos como seringas e agulhas estão garantidos”, completou.

Caso de polícia

Freire avaliou que todo o comportamento até aqui do governo federal mostra de leniência a omissões graves e desídia, deixando a população brasileira refém de uma única vacina – a da universidade Oxford com o laboratório Astrazeneca, cujo processo está atrasado. Nem mesmo o acordo internacional no âmbito da Organização Mundial de Saúde (OMS), ao qual o Brasil aderiu na undécima hora, garante doses suficientes para imunizar toda a população brasileira ou ao menos uma parcela relevante. Ao contrário, observou.

“Podendo garantir ampla cobertura pra população no Covax, consórcio internacional da OMS que vai oferecer vacinas aprovadas contra Covid, Bolsonaro optou pelo menor número possível: 10% da população. Entre salvar vidas e gastar menos, ele, Guedes e Pazuello escolheram a 2º opção”, protestou o presidente do Cidadania.

Ele já havia apontado o caso do Ministério da Saúde como questão a ser resolvida pela polícia quando comentou, no Twitter, as suspeitas sobre gastos da pasta na pandemia e a falta de recursos para os programas de combate à AIDS/HIV e hepatite.

“Pazuello conseguiu mandar R$ 2 bilhões que deveriam ser usados contra a Covid para instituições que não tem qualquer atuação relativa à doença. Gastou com cloroquina, ineficaz quando não nociva à saúde. E agora deixa faltar recursos para tratar HIV e hepatite. É caso de polícia”, publicou.

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