Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (20/11/2020)

MANCHETES

O Globo

Brasil só testou contra Covid 20% da meta
Rumo ao topo – Negros preparados para liderar
Testes apontam eficácia de vacina de Oxford em idosos
Botafogo e Leblon, os novos ‘epicentros’
Candidatos evitam compromisso com medidas restritivas
F1 longe da diversidade
Após pesquisa, Crivella se exalta, ofende Doria e ataca PSOL
Em nova ofensiva, Trump agora quer alterar Colégio Eleitoral

O Estado de S. Paulo

Hacker português é suspeito de atacar TSE; elo radical é apurado
Bolsonaro recua e evita acusar países de levar madeira ilegal
SP reorienta hospitais e escolas diante de alta nos casos
Alexandre Scheinkman – ‘O governo tem sido incapaz de fazer planos’
‘Só volto a ser candidato em 2026’, afirma Covas
Primeiras doses de vacina chegam da China
Desemprego entre negros é 5,45 pontos maior
Governo deve isentar Amapá de conta de luz
Biden leva a Geórgia e Trump adota nova tática

Folha de S. Paulo

Covas tem 58% no 2º turno em São Paulo; Boulos, 42%
Boulos marca 53% entre pretos, e Covas, 47%; pardo prefere tucano
Marília Arraes registra 55% no Recife, ante 45% de João Campos
Com 71%, Paes abre vantagem ampla sobre Crivella no Rio
Guilherme Boulos – Covas é sócio de Doria e deixou a cidade abandonada
Debate virtual na corrida pela capital tem guerra de memes e humor
Prefeito vê Covid estável e rejeita novas restrições
Por vírus, governo paulista congela cirurgias eletivas
Sete de cada 10 vivendo em casas inadequadas são pretos ou pardos
Rachel Maia – Fomos sabotados por muito tempo, com o ‘não é para você’
Fosso entre brancos e negros nas Câmaras cai com nova cota racial
Brasileiros relatam mais preconceito em casa do que no exterior
Até um ano de vida, a chance de uma criança negra morrer será 22,5% maior que a de uma criança branca
Crivella xinga Doria de vagabundo e pede desculpas
Globo anuncia saída de diretor-geral Carlos Henrique Schroder
Justiça afasta diretoria da Aneel e do ONS por apagão no Amapá
Vacina de Oxford produz anticorpos em adultos de todas as idades
Santos e Paranaguá viram rota para madeira ilegal exportada

Valor Econômico

Receitas e lucros em alta marcam o 3º trimestre
Desemprego entre jovens é maior na Amazônia
Consciência negra
Recuperação demora na ponte-aérea
Justiça já admite penhora sobre parte do salário

EDITORIAIS

O Globo

Bolsonaro não tem como fugir da responsabilidade por madeira ilegal

Em vez de culpar os outros países, presidente deveria era tratar de combater o desmatamento

O presidente Jair Bolsonaro semeou discórdia durante a cúpula do Brics, na última terça-feira, ao dizer que apresentaria, nos próximos dias, uma lista de países que criticam o Brasil por desmatamento e compram madeira extraída ilegalmente da Amazônia. Segundo Bolsonaro, a PF desenvolveu uma técnica que permite rastrear a origem do produto apreendido. “Creio que, depois dessa manifestação, essa prática diminuirá e muito nessa região.” Ontem desistiu da lista e citou apenas a França.

O discurso, diante dos líderes de Rússia, Índia, China e África do Sul, não poderia ser mais patético. Primeiro, por tentar exportar um problema que é seu, fruto de sua política ambiental desastrosa. Segundo, porque é uma confissão constrangedora de que não consegue conter o desmatamento na Amazônia, ao permitir que parte da madeira seja levada para o exterior.

A questão fica ainda pior quando se sabe que a política ambiental tóxica do ministro Ricardo Salles afrouxou a fiscalização e facilitou a exportação de madeira de origem ilegal. Há até uma ação, movida por ONGs, pedindo o restabelecimento das normas anteriores. Pelas novas regras, os documentos são emitidos pelas próprias madeireiras. É um convite à fraude. Essa foi apenas mais uma, entre tantas “boiadas” passadas por Salles nestes quase nove meses de pandemia.

O discurso de Bolsonaro na cúpula apenas chamou a atenção para o absurdo. O trabalho de desmonte da legislação e dos órgãos ambientais — hoje totalmente aparelhados pelo bolsonarismo — tem sido conduzido com esmero por Salles, o ministro incendiário escolhido para o Meio Ambiente.

A bem da verdade, Bolsonaro nunca escondeu sua visão destrutiva. Mesmo antes de tomar posse, deixou claro que sua pólvora estava reservada para os órgãos ambientais, não para madeireiros e garimpeiros clandestinos. “Não vou mais admitir o Ibama sair multando a torto e a direito por aí, bem como o ICMBio. Essa festa vai acabar”, disse ele em fins de 2018.

Antes de fazer discursos infantis, Bolsonaro deveria usar as técnicas avançadas da PF para rastrear o desmatamento ilegal na Amazônia e punir os responsáveis. Até porque, pelas estimativas disponíveis, 80% desse material abastecem o mercado interno. Só 20% são exportados, principalmente para Europa e Estados Unidos.

Por que, se a PF sabe quem compra madeira ilegal, não autua quem vende? Porque combater a prática, que devasta a imagem do país no exterior, desagradaria a um nicho eleitoral relevante: grileiros, madeireiros e garimpeiros que destroem a Amazônia. Bolsonaro acha que o inimigo está lá fora. Está aqui mesmo.

O Estado de S. Paulo

O custo da pirraça

Como sempre, Bolsonaro tentou transferir uma responsabilidade que é majoritariamente de seu governo. E ainda tratou países europeus como receptadores de produtos roubados.

O presidente Jair Bolsonaro usou a mais recente cúpula do Brics para atacar os países europeus que criticam a política ambiental de seu governo. Não eram nem a hora nem o lugar apropriados para isso, mas Bolsonaro jamais se preocupou com esses detalhes protocolares que regem a relação civilizada entre os países, especialmente quando se trata de exercitar sua diplomacia da pirraça. No entanto, é difícil saber que interesses do Brasil foram defendidos por Bolsonaro quando este, em seu dialeto peculiar e claramente de improviso, decidiu denunciar “países que tenham importado madeira de forma ilegal da Amazônia”, ressaltando que “alguns desses países são os mais severos críticos ao meu governo tocante a essa Região Amazônica”.

A manifestação de Bolsonaro, em lugar de aplacar as críticas, prejudica ainda mais o Brasil. Expõe a precariedade da fiscalização e da aplicação da lei sobre a extração de madeira, acentuada durante o atual governo – que trata a preocupação ambiental como entrave ao “progresso”.

Em primeiro lugar, a maior parte da madeira extraída da Amazônia, cerca de 90%, é vendida no próprio mercado brasileiro. Ou seja, o problema é majoritariamente local e demanda uma ação firme das autoridades daqui mesmo, e não de outros países, para combater os madeireiros ilegais. Em segundo lugar, foi o próprio governo de Bolsonaro que afrouxou a fiscalização e as exigências burocráticas sobre o comércio de madeira, o que facilitou sobremaneira a exportação irregular.

Os países importadores de madeira brasileira não têm como saber se o produto que estão comprando com papelada aparentemente em ordem é ilegal. Nenhuma tábua entra em navio sem documentação oficial do governo brasileiro, emitida pelos órgãos fiscais e ambientais competentes.

Em março passado, o governo Bolsonaro eliminou a exigência de autorização específica para a exportação. Desse modo, ficou mais fácil “esquentar” madeira extraída de forma criminosa, sobretudo em reservas ambientais e indígenas. Estima- se que 90% da madeira exportada pelo Brasil possa ser, na prática, ilegal.

Essa é precisamente uma das principais razões pelas quais vários países europeus vêm pressionando o Brasil a melhorar seus controles sobre o desmatamento. Em quase todo o mundo, mas particularmente na Europa, os consumidores cobram de seus governos que só autorizem a compra de produtos de outros países se houver certeza de que sua produção envolveu as melhores práticas ambientais. No caso da madeira brasileira, em razão da leniência do governo em relação aos madeireiros, a desconfiança é crescente.

Assim, se o interesse de Bolsonaro fosse mesmo melhorar a imagem do Brasil e calar os críticos, o primeiro passo seria acionar a máquina do Estado, que ele comanda, para fazer valer a legislação ambiental brasileira, que é exemplar. Em lugar disso, preferiu, como sempre, transferir a terceiros uma responsabilidade que é majoritariamente de seu governo. E ainda tratou países europeus, importantes clientes da indústria e da agricultura brasileiras, como receptadores de produtos roubados.

Sugerir que países como Alemanha e França são cínicos ao criticar a política ambiental do Brasil enquanto compram madeira ilegal é tão imprudente quanto inútil, razão pela qual a única serventia do discurso improvisado de Bolsonaro no Brics só pode ter sido a de excitar os camisas pardas bolsonaristas nas redes sociais, tristonhos com a surra eleitoral que seu líder levou no domingo passado.

O resultado prático da bravata bolsonarista é que provavelmente as exigências europeias para autorizar a compra de madeira brasileira, que hoje já são bastante duras, ficarão muito mais rigorosas, reduzindo o mercado para os madeireiros que trabalham dentro da lei e que têm nas exportações seu principal ganho em valor agregado. Atabalhoado como sempre, o presidente colocou no mesmo patamar empresários corretos e desmatadores criminosos. Dessa confusão, Bolsonaro espera extrair dividendos políticos – e o faz, como sempre, à custa do País.

Folha de S. Paulo

Pela diversidade

Eleição trouxe avanços modestos para presença de negros e mulheres na política

Neste ano, por força das circunstâncias, a divulgação dos resultados das eleições municipais ocorreu na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra. A voz das urnas trouxe avanços nessa matéria, ainda que muito modestos.

Entre os prefeitos eleitos no primeiro turno, 32% se declararam pretos ou pardos, contra 67% que se descreveram como brancos. Em 2016, as proporções haviam sido de 29% e 70,4%, respectivamente. Na população como um todo, os negros (pretos e pardos) somam 56%.

No caso das mulheres, outra minoria majoritária (elas constituem 52% da população), os avanços são ainda mais acanhados. As eleitas no primeiro turno representam 12,1% do total de prefeitos já escolhidos. Em 2016 haviam sido 11,7%.

Os números parecem menos frustrantes quando se observam os maiores centros urbanos, onde as mudanças culturais ocorrem antes. Aí, a presença de mulheres e negros com chances na disputa se amplia. São 20 candidatas em segundos turnos, ante 6 em 2016.

Nas outras corridas, 32 negros marcam presença, 10 a mais que há quatro anos —a quantidade de cidades envolvidas é quase a mesma, 57 agora e 55 no ciclo anterior.

A diversidade tem valor intrínseco. Numa sociedade multicultural como é a brasileira, não há razão para que membros de todos os grupos sociais, étnicos e religiosos não estejam presentes em todas as áreas e tenham participação em todos os níveis hierárquicos.

As proporções não precisam necessariamente refletir as da demografia, já que talentos e apetites humanos de fato variam. Mas cumpre garantir que, se alguém deixa de perseguir o que já considerou seu objetivo, não o faz por causa de discriminação ou preconceito.

A diversidade também tem valor instrumental. É crescente o corpo de estudos a mostrar que, quando diferentes pessoas, com diferentes perspectivas, trabalham sobre os mesmos problemas, a solução encontrada pelo grupo é melhor.

Assim se aprimora, por exemplo, o desempenho de empresas —e não é diferente na política, na ciência, nas artes. A questão é como promover a diversidade.

Cotas como a de candidaturas femininas, há muito aplicadas, não bastaram para um equilíbrio de gênero maior —embora seus defensores possam argumentar que, sem elas, os números talvez fossem piores. Não devemos esperar resultados muito diferentes do recém-adotado mecanismo para o financiamento de candidaturas de negros.

Quando os legisladores decidem votar regras relativas a costumes é porque as mudanças na sociedade já estão em curso. Bom exemplo vem dos paulistanos que, sem réguas demográficas, acabaram de eleger dois vereadores transexuais.

Valor Econômico

Bolsonaro usa o descaso ambiental como arma política

As ações desastradas de Bolsonaro destroem rapidamente os poucos alicerces que o Conselho da Amazônia tenta construir

Ao atribuir a terceiros a culpa pela negligência ativa de seu governo em relação ao ambiente, o presidente Jair Bolsonaro acaba quase sempre por revelar as imensas falhas que se abriram na fiscalização e vigilância na área desde que assumiu o poder. A última “denúncia” ocorreu em plena reunião do Brics (Brasil, India, China, Rússia e África do Sul) quando, sabe-se lá por quais razões, o presidente revidou “ataques injustificáveis” ao Brasil e acusou países europeus de comprarem madeira brasileira extraída ilegalmente. O interesse das nações presentes na questão é nulo, e mais que nulo o de antagonizar os europeus.

As ações desastradas de Bolsonaro têm várias consequências, como destruir rapidamente os poucos alicerces que o Conselho da Amazônia tenta construir para melhorar um pouco a imagem do governo na questão, e apontar com frequência o responsável último pelas decisões nocivas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Salles escolheu um par para comandar o Ibama, o subprocurador Eduardo Bim, que publicamente pedira votos para Bolsonaro no segundo turno das eleições. O capítulo no qual Bolsonaro promete revelar resultado de investigações da Polícia Federal sobre compra por europeus de madeira ilegal tem a ver com a atuação de Bim.

Em 14 de dezembro, a direção do Ibama transformou em um papel qualquer o Documento de Origem Florestal, licença obrigatória para transporte de produtos florestais nativos, – com acesso aberto, após registro, por contadores, responsáveis técnicos e prestadores de serviços. Pelo despacho, o portador do DOF, em caso de fraudes, não poderia ser responsabilizado, a menos que se provasse que tinha “ciência quanto ao ilícito”. “Entendimento” posterior da Diretoria de Proteção Ambiental estabeleceu depois que o portador do DOF também não poderia ter sua carga apreendida.

O salvo conduto foi depois estendido à exportação, para a qual era necessária uma autorização do Ibama. Essa exigência foi revogada por Bim no Carnaval, contra parecer de 5 técnicos do Ibama. Com a desorganização da fiscalização do Ibama, patrocinada por Salles, exportadores de madeira queixaram-se no início do ano de que sem a autorização, suas cargas “passaram a ser retidas nos portos de destino”.

A autorização do Ibama funcionou como um selo de confiança de que a madeira extraída o fora de maneira legal e de acordo com a lei. Em vez de a restabelecer rapidamente, Bim acabou com ela. Como a madeira estava sendo exportada sem autorização, governos dos EUA e da Europa notificaram o Brasil desse estranho procedimento. O então responsável pelo Ibama no Pará, Walter Magalhães Júnior, cometeu o excêntrico ato de conceder “autorizações retroativas” para cargas que já haviam deixado portos brasileiros sem elas. Foi promovido em abril para coordenador de fiscalização.

Desde que Bolsonaro chegou ao governo e Ricardo Salles ao ministério, o Ibama se desarticulou, com cargos de comando entregues a dezenas de policiais militares sem a menor familiaridade com a área. O Tribunal de Contas da União, em processo conduzido pelo ministro substituto André de Carvalho, há pouco considerou “irregularidade grave, passível de autuação” a nomeação para o Ibama de pessoas que não tem as qualificações exigidas por um decreto do próprio governo Bolsonaro.

Na lista estão o diretor de Proteção Ambiental, o policial Olímpio Guimarães, o ex-PM aposentado Walter Magalhães Junior, coordenador-geral de Fiscalização do Ibama – demitido no dia 4 – e seis superintendentes regionais, a maior parte da região amazônica. Ontem, a direção do ICMBio nomeou para a chefia do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses o PM aposentado, José Vieira Rodrigues, assessor de segurança da Câmara Municipal de Barreirinhas.

Os países europeus, que não compram madeira, só podem exercer sua tarefa de vigilância se o Brasil fizer a sua corretamente. Eles estão no escuro quanto à origem legal ou ilegal da mercadoria, o que os tem levado a apertar suas legislações (também para carne, soja e outros produtos) para coibir as práticas de desmatamento na Amazônia e não se associarem a elas. São naturais aliados do Brasil se o objetivo for coibir a extração ilegal e predatória. A melhor maneira do Brasil se proteger é impedir que ela seja feita e, se o for, que não deixe o país. Bolsonaro vai apontar o dedo para fora, mas atos de seu governo tornaram imensamente mais fácil um negócio bilionário clandestino que prosperava mesmo com obstáculos – que caíram.

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