No texto, partido afirma que leniência incentiva ação de milícias antiecológicas que desmatam e incendeiam a Amazônia e o Pantanal; desde que chegaram ao poder, “todos os dias são Dia do Fogo”, diz Roberto Freire
O Cidadania divulgou nota nesta quarta-feira (16) em que cobra reação do Congresso Nacional e anuncia que irá protocolar um requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as responsabilidades pelo desmatamento e pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal. O desastre ambiental levou a manifestações de empresas, instituições financeiras, ONGs, artistas, ativistas e líderes europeus contra a política ambiental do atual governo.
O texto assinado pelo presidente nacional do partido, Roberto Freire, diz que a leniência do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, além da postura contemporizadora do vice-presidente Hamilton Mourão, sinaliza um “liberou-geral” para que “milícias antiecológicas” desmatem e incendeiem os dois biomas. “A carta dos países europeus divulgada hoje evidencia que estão queimando também a credibilidade do agronegócio moderno e legalizado e de todas as demais empresas exportadoras, ora ameaçadas por barreiras comerciais“, argumenta.
Leia a nota abaixo:
Nota à imprensa – Congresso precisa reagir: Salles e Bolsonaro são combustível do desastre ambiental
É inexplicável que o Congresso Nacional acompanhe passivamente a destruição da política ambiental brasileira e, com ela, de imensos territórios na Amazônia e no Pantanal e de parte relevante de sua biodiversidade, desmatados e incendiados, em grande medida, pela ação ilegal de verdadeiras milícias antiecológicas. Tal omissão histórica será cobrada dos atuais mandatários se nada for feito.
A carta dos países europeus divulgada hoje evidencia que estão queimando também a credibilidade do agronegócio moderno e legalizado e de todas as demais empresas exportadoras, ora ameaçadas por barreiras comerciais. Carbonizam, ainda, poderosa ferramenta de soft power, capaz não apenas de gerar divisas, mas também de ampliar a influência brasileira em fóruns internacionais.
Onde estão as comissões de Meio Ambiente do Senado e da Câmara? Por que o Congresso que deu voz e representação política a ambientalistas como Alfredo Sirkis, Fernando Gabeira e Marina Silva, entre tantos outros, se cala?
Mais de 200 instituições financeiras, empresas e ONGs – da JBS à Natura, passando por WWF Brasil e Imazon – apresentaram propostas para deter a selvageria que avança sobre florestas e animais. Os maiores bancos do país criaram um conselho consultivo para ampliar o financiamento de projetos sustentáveis e a adoção de critérios de compliance ambiental em suas linhas de crédito.
A Polícia Federal viu indícios de ação criminosa em incêndios no Pantanal e aponta cinco nomes de Mato Grosso do Sul como principais suspeitos. São conhecidos os 10 criminosos que mais desmatam a Amazônia, multados pelo IBAMA. O próprio ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, tem contra si apurações do Ministério Público. Greta Thunberg e Leonardo Di Caprio têm algo a dizer a respeito, mas não o Congresso brasileiro?
A continuar se omitindo, o Legislativo se associa ao descalabro do laissez-faire bolsonarista, para o qual, desde a chegada do atual projeto político ao poder, todos os dias são Dia do Fogo. A leniência com que o ministro do Meio Ambiente e o presidente tratam o assunto e o passar-de-panos do vice Hamilton Mourão têm funcionado como senhas para o liberou-geral.
CPIs foram propostas, aprovadas, investigaram e puniram por muito menos. O Cidadania irá protocolar no Senado e na Câmara um pedido para apurar as responsabilidades na destruição criminosa do Pantanal e da Amazônia. Que os nossos parlamentares tenham consciência da gravidade do momento e do papel histórico que deles se espera. É comum falar do impacto para as gerações futuras, mas aqui falamos também das consequências imediatas da ação de uma minoria.
O Brasil, os brasileiros, as empresas e os empregos não podem pagar a conta por um cálculo eleitoral e financeiro digno de milícias instaladas no seio do Estado.
Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania