Integrante do Movimento Agora!, o ex-secretário de Educação do Distrito Federal Rafael Parente chamou o ministro Milton Ribeiro (Educação) à responsabilidade em vídeo publicado nas redes sociais nesta sexta-feira (25). Em entrevista ao Estadão, Ribeiro disparou contra a população LGBT, disse não ter nada a ver com alunos sem aula e sem acesso à internet durante a pandemia e sugeriu que pobres não deveriam pensar em curso superior.
“Muito pelo contrário: crianças e jovens mais pobres precisam ser nossas prioridades nas politicas públicas educacionais para quebrar o ciclo de reprodução da miséria e das desigualdades sociais em nosso país. Se a gente quer um país mais justo e mais moderno, a gente precisa garantir a aprendizagem de todos os alunos, especialmente esses mais excluídos, e o acesso à universidade a todos que tiverem interesse”, observou o ex-secretário.
Diferentemente do que disse Ribeiro, ele lembrou que o MEC conta com a Secretaria de Educação Básica, que tem, entre as suas atribuições, conforme a própria página do ministério na internet, formular políticas para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, além de planejar, orientar e coordenar sua implementação. “O ministério pode e deve ser o principal articulador de ações e políticas educacionais em nosso país”, ensinou Parente.
Ele cobrou que o atual ministro amplie e melhore programas já existentes de distribuição de computadores e acesso à internet, uma clara responsabilidade da pasta da qual Ribeiro tentou se distanciar. Também sustentou que Ribeiro não pode influenciar ideologicamente o conteúdo dos materiais didáticos como deseja, já que a tarefa é técnica e cabe a especialistas de cada área do conhecimento, não ao ministro de ocasião.
Cabeça medieval
Parente ainda lamentou a fala preconceituosa do ministro sobre homossexuais serem fruto de famílias desajustadas e sua “reserva” a respeito de professores transgêneros em sala de aula. “Não existe opção, mas orientação sexual. E essa orientação não pode ser influenciada por outras pessoas. Ninguém escolhe por quem se apaixona, se vai amar A ou B. Somos um país com um número gigantesco de assassinatos e suicídios relacionados a preconceitos desse tipo”, pontuou.
“A educação, a ciência, a cultura, as artes, elas devem nos aproximar da verdade, dos valores, do respeito, da civilidade e da luz. E nos distanciar do obscurantismo e dos preconceitos. As nossas lideranças, especialmente nessa área da Educação, precisam nos inspirar e nos servir de exemplo”, completou.
Em seu perfil no Twitter, o ex-ministro da Educação Cristovam Buarque também comentou as declarações de Ribeiro e disse ser “muito triste” ver país chegar ao século XXI “com um sistema escolar do século XIX e um Ministro da Educação com a cabeça medieval”.
“Não lembro de ouvir idiotice maior do que a frase de que “gays vêm de famílias desajustadas”, salvo o fato de que foi um ministro da educação quem disse esta idiotice”, criticou.
Veja abaixo os vídeos publicados pelo ex-secretário Rafael Parente no Twitter: