Entrevista do ministro da Educação é coleção de equívocos antidemocráticos, covardia e ignorância, diz Diversidade

Em nota, núcleo do Cidadania diz ter recebido declarações de Milton Ribeiro com “nojo” e “pesar” pela morte do “respeito” e da “empatia”

O núcleo de Diversidade do Cidadania se manifestou na tarde desta quinta-feira (24) em nota contra as declarações homofóbicas do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. No texto assinado pelo coordenador Eliseu Neto, integrante da Bancada do Livro, as declarações do bolsonarista são recebidas com “nojo” e “pesar” pela morte “do respeito, da compaixão, do amor, da empatia”. “As respostas do ministro são uma coleção de equívocos antidemocráticos, de desinformação social da realidade, de covardia e de ignorância”, assinala.

“Não cabe nota de repúdio, nojo ou indignação. Cabem ação, atitude e responsabilização judicial. Não podemos mais conviver com Stonewall toda semana, uma perseguição que já não é mais velada. O limite da opinião não pode contrariar o que a OMS, tardiamente, 30 anos atrás, já afirmou não ser doença, ou, por outro viés, assegurou ser normal, simplesmente uma das inúmeras condições e expressões de nossa espécie. A democracia nunca foi a ‘minoria se curvar à maioria’, como seu chefe sempre apregoa”, argumenta.

Leia a nota:

NOTA DE PESAR

Convite à ação

Esta manifestação poderia ser chamada de NOTA DE NOJO, porque “repúdio” utilizamos quando nos dirigimos àquelas opiniões que divergem de um determinado pensar coletivo. Este não é o caso. Aqui se trata da morte do respeito, da compaixão, do amor, da empatia.  Refere-se à morte do ser humano como espécie, que deveria se unir em busca da autopreservação e da sua consequente evolução.

Hoje o Min. da Educação Milton Ribeiro, em entrevista ao Estadão, tentou sepultar a dignidade da pessoa LGBTQIA+, não só se referindo a ela com o sufixo -ismo, para insistir na conotação de doença, como também atingindo a família destas pessoas, inferindo que o seio familiar do LGBTIA+ é “desajustado”.

Atenhamos apenas à pauta LGBT, porque as respostas do ministro são uma coleção de equívocos antidemocráticos, de desinformação social da realidade, de covardia e de ignorância.  São predicados que nenhum contribuinte gostaria de ver associados ao representante máximo da educação. Liderado por um presidente que já defendeu “um coro” ao “filho gayzinho” para mudar seu comportamento, não cabe repudiar o pastor presbiteriano que diz não ser “normal a opção de um adulto ser homossexual” e atribuir ao seu lar uma “família desajustada”.

Não cabe nota de repúdio, nojo ou indignação.  Cabem ação, atitude e responsabilização judicial.  Não podemos mais conviver com Stonewall toda semana, uma perseguição que já não é mais velada.  O limite da opinião não pode contrariar o que a OMS, tardiamente, 30 anos atrás, já afirmou não ser doença, ou, por outro viés, assegurou ser normal, simplesmente uma das inúmeras condições e expressões de nossa espécie.  A democracia nunca foi a “minoria se curvar à maioria”, como seu chefe sempre apregoa.

Pobre do povo cujo ministro afirma que “o pai, o homem, segundo a Bíblia, é o cabeça do lar, devendo impor a direção que a família vai tomar”; cujo vice-presidente diz que “casa sem pai e avô, mas com mãe e avó” é fábrica de desajustados”; e cujo presidente eleito sugere sofrimento físico para “consertar” comportamento gay.

Só há um caminho para mudarmos este país.  Seja LGBTQIA+ ou não, cidadão ou contribuinte, são essenciais ações AJUSTADAS contra toda e qualquer forma de preconceito, injúria racial ou racismo manifesto, tácito ou estrutural, da pessoa natural, das empresas, das organizações ou dos governos.

Ajamos.

Brasília, 24 de setembro de 2020

Eliseu Neto
Coordenador do Núcleo de Diversidade do Cidadania

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