Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (07/08/2020)

MANCHETES

O Globo

Brasil perde 9 milhões de vagas em três meses
Marinho diverge de Guedes e quer mais gastos
STF: acúmulo de aposentadorias e pensão não pode superar teto
Líderes de partidos se articulam para prorrogar desoneração
Guedes diz que EUA ‘desmataram suas florestas’
Justiça probíbe volta às aulas na rede privada
Sem MPF, Toffoli assina nova regra para leniência
Mendonça nega dossiê, mas defende sigilo
Grupo vive drama em ponte na fronteira
Mário Bittencourt – ‘Solução é vender jogador’
Cinzas e carcaças no paraíso

O Estado de S. Paulo

Guedes diz que EUA desvataram florestas e mataram seus índios
Brasil perde 8,9 milhões de empregos na pandemia
Deputados cobram nova gestão ambiental
Desmate tem queda em julho
Bares têm pouca clientela em happy hour estendida
Reinfecção em brasileira intriga cientistas
Secretário de Doria, Baldy é preso pela PF
Armado, Wajngarten detém ladrão em SP
Senado aprova limite de 30% de juros no cheque especial
Líbano recebe ajuda internacional e vive revolta da população

Folha de S. Paulo

Quase 9 milhões perdem trabalho no segundo trimestre
Mais home office de bem formados mina emprego de baixa qualidade
São Paulo decide hoje se aulas voltam em setembro
Bares em aglomeração
Confinamento deixa 75% dos alunos anciosos
Ex-petistas apoiam Boulos e reforçam resistência à sigla
Wajangarten reage armado e detém assaltante em SP
Defesa barra ação do Ibama contra garimpo ilegal
Pesquisadores reltam caso de reinfecção de Covid
Secretário da gestão Doria é preso por fraudes na saúde
Bolsonaro diz que fez ‘o possível e o impossível’ contra vírus, que já matou quase 100 mil
Justiça manda Renault reintegrar 747 demitidos de fábrica de São José dos Pinhais (PR)
Hiroshima relembra os 75 anos do primeiro ataque nuclear e seus mortos
Macron é 1º chefe de Estado a visitar Beirute após explosão com ao menos 145 mortos
Pequim desafia EUA com poder aéreo no mar do Sul da China; conflito acidental é um risco

Valor Econômico

Senado aprova limite de 30% para juro durante pandemia
Trump quer banir China de bolsas dos EUA
Ideias em meio a ‘pesadelo’
Consumo sobe e leva arroz a preço recorde
Biden deve ser refratário a Bolsonaro
STF anula decisões de juiz do Trabalho
Alta do ouro estimula a exportação
Paraíso digital

EDITORIAIS

O Globo

Aumento de gastos poderia pôr em risco inflação e juros baixos

Taxa real de juro segue negativa, mas isso não perdurará caso tenha êxito a pressão por mais despesa

Com o corte da taxa Selic para 2%, o Brasil ganha destaque no grupo de países em que vigoram taxas negativas de juro real (juro abaixo da inflação). Do ponto de vista econômico, para quem viveu décadas de pressão inflacionária, não parece fazer sentido. Mas o momento deflacionário da economia global é real e desafia os melhores economistas. Mesmo que haja desequilíbrios fiscais, a monumental recessão na esteira da Covid-19 deprime os preços e leva os bancos centrais a usar as armas à mão para tentar reerguer a economia.

O juro real negativo em princípio estimula o crédito e o investimento. Um risco é a corrida por dinheiro vivo ou ativos como ouro. Outro é o endividamento excessivo. Dívidas demais costumam resultar em bolhas, e bolhas estouram. Isso significa que, em algum momento, o “velho normal” se reinstala.

Mas, como Brasil é Brasil, há no Executivo e no Congresso quem considere ser hora de aumentar as despesas. A primeira manobra, já em andamento, é tentar derrubar ou driblar o teto de gastos, criado para impedir a constante corrida ao Tesouro, parte dos usos e costumes da política brasileira. A ideia básica é que o Estado sempre tem como arrumar o “dinheirinho” a que se referiu em entrevista ao GLOBO o senador Flávio Bolsonaro, ao se dizer confiante em que o ministro Paulo Guedes conseguirá alguns bilhões para reabrir canteiros de obras públicas fechados país afora. Desse “dinheirinho” deve sair o financiamento do Bolsa Família bolsonarista, o Renda Brasil, para auxiliar os pobres e a campanha de reeleição do presidente.

O mergulho dos juros básicos (Selic) tem aliviado bastante a conta do serviço da dívida interna, em parte corrigida por essa taxa. Em 2019, os juros pagos pela dívida bruta brasileira foram de 7,8%, contra 8,3% no ano anterior. A economia foi de R$ 68,9 bilhões, mais que os investimentos públicos federais. Confirmada a expectativa de que a Selic ficará em 2% este ano, ou pouco menos, a redução de gasto ultrapassará os R$ 120 bilhões. Juros baixos ajudam, portanto. Mas nem as teorias monetárias mais mirabolantes negam a relevância do equilíbrio fiscal para a dinâmica de preços. No fim da trilha do desequilíbrio há a volta da inflação e, por consequência, pressão sobre os juros.

O fato de as taxas serem negativas agora não significa que o Brasil tenha se tornado um país normal. Os desajustes estruturais nas contas públicas persistem. O teto obriga a que governos e políticos escolham onde gastar, sejam forçados a fazer opções. Não devemos deixar a cultura do “arrumar um dinheirinho” pôr em risco a combinação de inflação e juros baixos.

O Estado de S. Paulo

O poder da cidadania

Uma nova concepção de cidadania que sirva de coração a uma democracia sadia e virtuosa, próspera e justa é o maior desafio da política no pós-pandemia

A cidadania é o princípio e o fim da democracia. A palavra vem do civis latino, equivalente do grego polites, o membro da polis, de onde deriva nossa “política”. De um modo geral, a cidadania é o conjunto de prerrogativas e responsabilidades dos membros de uma comunidade política.

O cidadão grego era alternadamente um soldado, servidor, legislador, juiz e administrador, dedicado em tempo integral ao interesse público. Mas a cidadania era o privilégio de uma minoria definida por gênero, raça e classe. Roma, em seus inícios, era similar, mas à medida que a cidade se alargava em um império, a cidadania foi gradualmente estendida. Indivíduos de diferentes etnias, culturas e religiões podiam se dedicar aos seus interesses privados em igualdade de condições sob leis comuns, mas em contrapartida eram alheios à deliberação e execução destas leis. Construída sobre estes protótipos, a cidadania nos Estados nacionais modernos herdou deles esta tensão entre proteção legal e participação política – entre o cidadão como recipiente passivo de garantias individuais e como membro ativo da gestão pública.

No pós-guerra, consolidou-se a concepção da cidadania composta por três categorias de direitos sucessivamente acumulados nos últimos três séculos: direitos civis (como propriedade ou liberdade de expressão), direitos políticos (de eleger e ser eleito) e direitos sociais (como educação, saúde ou previdência).

Os críticos deste modelo apontam sua excessiva ênfase nos direitos e a necessidade de suplementá-los com o exercício das responsabilidades e virtudes cívicas. Por outro lado, há os que acusam a insuficiência do mero reconhecimento formal da igualdade entre todos os cidadãos e demandam medidas especiais para incluir grupos vulneráveis. Correntes feministas, por exemplo, criticam estruturas de perpetuação da subordinação das mulheres e os multiculturalistas pedem mecanismos de legitimação das identidades culturais, religiosas ou étnicas minoritárias. Na era da globalização, há ainda quem demande uma cidadania “cosmopolita” que transcenda as fronteiras nacionais.

No século 21, enquanto crescem as apreensões dos ambientalistas em relação a um modelo econômico baseado na expansão contínua da produção e do consumo, o colapso das suas bases financeiras, em 2008, assim como o impacto das novas tecnologias sobre a cadeia de trabalho, engrossaram o coro dos descontentes com este sistema e com os mecanismos de representação política, desencadeando soluções populistas e autoritárias.

O choque da pandemia expôs e agravou as disfunções da democracia contemporânea, e, passado o pânico inicial, vai inflamar estes debates. Com os negócios parcial ou totalmente paralisados e as pessoas confinadas em suas casas aterrorizadas por um inimigo comum invisível, seria cínico duvidar da sinceridade de expressões generalizadas como “estamos todos juntos”. Mas o fato é que as disparidades no interior dos países e entre eles aumentarão, intensificando os conflitos políticos e sociais.

A antiga tensão no seio da cidadania parece mais retesada do que nunca. Para a tradição liberal individualista, a cidadania é primariamente um status legal de garantias das liberdades individuais que permitem aos indivíduos empreenderem e se associarem em busca de sua prosperidade privada. Por sua vez, a concepção cívica republicana vê a cidadania como um processo ativo de participação na esfera pública.

A pedra angular para a reconstrução do contrato social em nosso tempo é o reconhecimento de que estas duas concepções não são antagônicas, mas dialeticamente complementares. As liberdades passivas são a base da democracia, mas a participação ativa é a sua perfeição – se as primeiras estão na raiz da árvore da democracia, é a segunda que gera os seus frutos. Dito de outro modo: o modelo liberal é a saúde da democracia, mas o modelo republicano é a sua virtude. Uma nova concepção de cidadania que sirva de coração a uma democracia a um tempo sadia e virtuosa, próspera e justa é o maior desafio da política no pós-pandemia.

Folha de S. Paulo

A Justiça contra Moro

Com credibilidade abalada, ex-juiz tem decisão contra Lula em 2018 derrubada pelo STF

Pouco menos de um mês antes de aceitar o convite para fazer parte do governo Jair Bolsonaro, o então juiz federal Sergio Moro decidiu incluir a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci nos autos do processo que apura se a empresa Odebrecht doou, em troca de favores, um terreno para a construção do Instituto Lula.

A medida, acompanhada do fim do sigilo sobre o caso, ocorreu a seis dias do primeiro turno do pleito presidencial de 2018, no qual Bolsonaro tinha como principal adversário o candidato do PT, Fernando Haddad —que evocava o apoio e a memória de Luiz Inácio Lula da Silva como trunfos de campanha.

Note-se que já decorriam, na ocasião, três meses desde a homologação do acordo judicial que permitiu a Palocci depor sobre supostos ilícitos cometidos pelo ex-presidente e outros expoentes petistas.

A divulgação do depoimento de Palocci serviria a apoiadores de Bolsonaro como munição contra o rival —à época preso, condenado por corrupção em outro processo.

Natural que se tenham levantado indagações à época sobre a conveniência da atitude de Moro. Não teria o juiz da Lava Jato imaginado que a revelação poderia repercutir na disputa eleitoral?

Na terça-feira (4), a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que a delação premiada de Palocci não poderá ser usada na ação penal contra Lula que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba.

O ministro Gilmar Mendes, que votou nesse sentido, foi claro ao responder à pergunta sobre a oportunidade da divulgação do depoimento às vésperas da votação.

Ele observou que a demora em incluir as declarações de Palocci nos autos “parece ter sido cuidadosamente planejada pelo magistrado para gerar verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018”.

Ainda que não faça sentido atribuir o desenlace da eleição à iniciativa de Moro, acumulam-se evidências de erros de procedimento cometidos pelo ex-juiz.

Como já se disse nesse espaço, a sofreguidão com que Moro se prontificou a participar do governo Bolsonaro abalou sua credibilidade — e, por extensão, a da Lava Jato. Indicou-se que ambições políticas se misturavam ao ímpeto, não raro messiânico, da força-tarefa de combate à corrupção.

Se é fato que a Lava Jato prestou serviços inestimáveis ao país, é forçoso reconhecer que cometeu excessos, impropriedades e desvios que cobram seu preço e não podem ser ignorados sob pena de estimular uma índole justiceira que ofende os princípios basilares da Justiça num Estado de Direito.

Valor Econômico

Indústria ganha destaque na retomada das economias

O crescimento dos últimos dois meses ainda está longe de compensar as perdas registradas no início da pandemia

A indústria está liderando a retomada das atividades econômicas em muitos países, inclusive no Brasil, mostrando-se mais resiliente aos efeitos nefastos da pandemia do coronavírus do que outras áreas da economia. Curiosamente, essa tendência ocorre depois de décadas em que o setor industrial perdeu espaço e força em termos mundiais em comparação com outros segmentos, em especial o de serviços.

Nesta semana, dados sobre dois países europeus que sofreram muito com grande número de casos e de mortes provocados pela covid-19 mostraram uma retomada animadora da produção manufatureira. Pesquisas divulgadas há 10 dias indicaram que a economia espanhola foi a mais negativamente afetada pela pandemia no período de abril a junho. Em julho, levantamentos mostraram que a indústria começa a sair do fundo do poço – com resultados melhores inclusive do que os esperados pelos especialistas. Tendência semelhante foi observada na Itália.

Nos EUA, o índice de atividade industrial do Instituto para Gestão de Oferta (ISM) continuou a melhorar em julho, avançando para 54,2 – números acima de 50 indicam expansão da atividade. Na Alemanha, as encomendas feitas às fábricas aumentaram 27,9% entre maio e junho, enquanto o mercado projetava expansão de 10,1%.

Outro sintoma importante dos avanços do setor industrial podem ser vistos na China, com reflexos inclusive para o Brasil. A volta da produção das siderúrgicas no país, pós-pandemia, está tão forte que elevou as cotações do minério de ferro para os níveis mais elevados em pouco mais de um ano, puxando para cima as cotações de mineradoras ao redor do mundo, como a Vale.

No Brasil, o IBGE apurou que a produção da indústria avançou 8,9% em junho na comparação com o mês anterior, puxada principalmente pela alta na produção de automóveis. Livre da maior parte das restrições de funcionamento que ainda pesam sobre os serviços e o varejo com a pandemia da covid-19, o setor registrou seu segundo mês de crescimento, após a alta de 8,2% em maio. Com a reativação de fábricas em meio à flexibilização do isolamento social, a pesquisa mensal do IBGE detectou crescimento acumulado para o setor de 17,9% nos meses de maio e junho. A perda verificada em março e abril ainda é maior, de 26,6%.

Nos últimos dias, dirigentes de uma série de empresas detalharam em entrevistas ao Valor os bons resultados mesmo durante a pandemia. É o caso, por exemplo, da fornecedora de equipamentos e soluções ABB, que entre abril e junho, constatou aumento de 7% no volume de pedidos no país, enquanto o faturamento aumentou 17%. No período, houve crescimento de 30% de encomendas. A Gerdau informou que construtoras estão acelerando as obras e os pedidos de aço. As vendas de concreto armado foram 10% maior que no segundo trimestre de 2019 e 27% superior que no primeiro trimestre. E isso para citar apenas dois casos.

Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam, por sua vez, que o setor tende a seguir em recuperação nos próximos meses, mas não deve voltar ao patamar de fevereiro, pré-pandemia, antes do fim do ano. A demanda por produtos industrializados seria sustentada pelo auxílio emergencial e medidas de proteção ao emprego.

A tendência de crescimento, ao menos nos próximos meses, também se confirma pelo Índice de Gerentes de Compra (PMI) de julho, que chegou a 58,2, seis pontos acima do registrado em junho e o nível mais alto da história da pesquisa iniciada em 2006.

Segundo avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), já era esperada reação do setor nos últimos meses depois da quase total paralisia provocada pelas medidas de combate ao coronavírus em março e abril. A dúvida de muitos analistas é saber qual o perfil da recuperação, se será consistente e forte o suficiente para recolocar rapidamente a indústria em uma situação equivalente àquela anterior à crise da covid-19.

Isso vai depender de muitos fatores, como o controle da pandemia, a reação da economia mundial e o modo com que serão retiradas as medidas emergenciais adotadas pelo governo no combate à crise.

O crescimento dos últimos dois meses, entretanto, ainda está longe de compensar as perdas registradas no início da pandemia. No ano, a indústria passou a acumular queda de 10,9% e, nos últimos 12 meses, retração de 5,6%.

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