Presidente do partido comemora entrada no debate político de humoristas, artistas e influencers que podem ajudar a reconstruir representatividade da democracia
O posicionamento público recente de celebridades como Marcelo Adnet, Felipe Neto e Anitta areja o debate político, pode representar uma reaproximação entre a sociedade e seus representantes nos legislativos e nos executivos de todo o Brasil e deve ser visto como um passo necessário para o amadurecimento democrático do país. A avaliação é do presidente do Cidadania, Roberto Freire, para quem a participação de Adnet no Roda Viva de segunda-feira (17) ajuda a ressignificar a imagem dos progressistas após o desgaste dos anos PT.
“Temos de saudar que nesse período tão conturbado, em razão da pandemia e da grave crise política e econômica por que estamos passando, com a crescente descrença na democracia representativa, vozes de fora da bolha partidária participem do debate. A renovação virá não apenas daí, mas também daí. Quando ele se coloca no campo progressista e democrático comunica a milhões de brasileiros que nós não estamos conseguindo alcançar”, apontou, em conversa com o portal do Cidadania nesta quarta-feira (19).
Ao se assumir de “esquerda” e “progressista”, Adnet criticou o racismo, o machismo, a desigualdade, defendeu as liberdades e rejeitou regimes autoritários como exemplos de esquerda, negando que ela se resuma a casos como os de Cuba e China, citados em pergunta do jornalista Marcelo Tas, um dos integrantes da bancada nesta edição do programa.
“Esse novo humor, do qual o Adnet é um expoente e já faz isso há algum tempo, é hoje, de certa forma, o que foram os poetas para a minha geração: aponta pro futuro. Como os Novos Baianos, que se reuniram para fazer música, curtir a vida, mas também enviavam uma mensagem sobre integração e liberdade num momento de engessamento social”, comparou.
Esquerda democrática
No programa, além de se dizer progressista, Adnet censurou o “humor a favor”, negou que o posicionamento político interfira no trabalho que faz e criticou o “academicismo” da esquerda, que vê como um entrave que a extrema direita não tem na hora de se comunicar com o cidadão comum. Freire sustentou que uma crítica semelhante foi feita por Felipe Neto e lembrou como a cantora Anitta também foi tratada ao entrar no debate público sobre política.
“A crítica é pertinente. A própria definição do Adnet, do que é ser de esquerda ou progressista para ele, é simples e de fácil entendimento. Vejo colegas criticando ou tergiversando, citando livros, filósofos, cientistas políticos. Não podemos nos perder em conceituações sofisticadas, porque do outro lado está um populismo proto-fascista que vulgariza tudo e todos”, pontuou.
Para o presidente do Cidadania, a defesa de liberdade, democracia e equidade, no dia-a-dia e na construção de políticas públicas, pode ser algo menos complexo. “O nosso desejo com o Cidadania é unir experiência e renovação, liberais e progressistas, num projeto de centro-esquerda, de oportunidades iguais, igualdade, respeito e liberdade. Com sua fala, Adnet simbolizou uma esquerda democrática que, desejo, esteja conosco nessa caminhada”, disse.