Posicionamento do diretor do IFI foi em resposta à senadora Eliziane Gama sobre declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que seria ‘chute’ qualquer previsão econômica em meio à pandemia (Foto: Reprodução/TV Senado)
Ao responder pergunta da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) na audiência públia da comissão mista da Covid-19, nesta terça-feira (14), sobre como avaliava a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que qualquer previsão sobre o desempenho da economia brasileira em meio à pandemia seria ‘chute’, o diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente), Felipe Salto, disse que achava a fala um ‘desrespeito à profissão do economista e, do ponto de vista da Instituição Fiscal Independente, também’.
“A profissão do economista é fazer cenários. É claro que a gente erra muitas vezes, porque se trata de antever aquilo que vai acontecer. Então, em um quadro de incertezas, como é esse posto – ou imposto – pela crise atual, é claro que é mais difícil fazer projeções, mas nem por isso você vai deixar de elaborar essa tarefa, que é primordial”, afirmou Salto, ao considerar o questionamento da senadora ‘uma questão importante’ a respeito do posicionamento do ministro sobre as projeções para economia brasileira este ano.
A declaração de Guedes de que ‘qualquer previsão do PIB [Produto Interno Bruto] agora, inclusive do FMI [Fundo Monetário Internacional], é chute’ ocorreu no dia 30 de junho, também em audiência da comissão mista da Covid-19.
Reformas
A senadora também quis saber a opinião de Salto sobre qual seria hoje a reforma mais imediata, a tributária ou administrativa.
“Qual dessas reformas você colocaria como a mais urgente?”, perguntou.
“As reformas que eu julgo prioritárias são a reforma administrativa, de que o governo ainda não enviou proposta, e a tributária, de que igualmente não há proposta do governo, mas para a qual há dois projetos bons: um do ex-deputado federal Hauly, que está no Senado, a PEC 110; e a PEC 45, que está na Câmara, do deputado federal Baleia Rossi [MDB-SP]”, disse o diretor do IFI.
Cadastro Único Digital
A audiência da comissão mista contou ainda com a participação do ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner de Campos Rosário.
Ele foi questionado por Eliziane Gama sobre a importância de o País adotar o cadastro único digital para dar visibilidade aos 40 milhões de brasileiros que não tiveram acesso aos recursos do auxílio emergencial de R$ 600.
“É importante nós termos um cadastro desse no Brasil? É realmente fundamental?, quis saber a parlamentar.
“O cadastro único facilitaria muito. Nós temos programas em que a base é o CPF [Cadastro de Pessoa Física] e outros em que a base é o NIS [Número de Identificação Social]. Então, a gente tem de ter uma identificação única, o que facilitaria bastante. Mas também temos um problema que não é de controle do Estado, mas é a má-fé. As pessoas fraudam”, afirmou.