Roberto Freire e Eliziane Gama repudiam fala golpista de general Ramos em entrevista à Revista Veja

Da ativa, ministro de Jair Bolsonaro disse que os militares não desejam uma ruptura, mas condicionou a manutenção democrática à oposição “não esticar a corda”

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, considerou uma ameaça à democracia a declaração do general Luiz Eduardo Ramos, em entrevista à revista Veja, na qual sinalizou com a possibilidade de interferência das Forças Armadas, apesar de negar que haja esse desejo por parte dos militares. Para Ramos, o outro lado [a oposição ao governo Bolsonaro] tem de entender também o seguinte: não estica a corda”.

“A clara ameaça é um AI-5 de fala e de fato. Mostra o pavor de Bolsonaro e sua família com o inquérito das fake news no STF, a apuração sobre Queiroz e rachadinhas no Rio e o risco de cassação da chapa no Tribunal Superiro Eleitoral. No caso do Poder Judiciário, saem o cabo e o soldado e entra o general”, analisou Freire.

A líder do partido no Senado, Eliziane Gama (MA), também se manifestou. Para a parlamentar, as declarações do general Ramos são ofensivas.

“Mantém o nível de provação institucional característico desse governo. Mais uma vez um militar se presta a um desserviço ao fazer declarações ofensivas e em tom de ameaça. ‘Esticar a corda’ é atentar contra a democracia. Não é o general Ramos que vai dizer como a oposição e os freios e contrapesos do Estado democrático terão que funcionar. Para isso, já há regras e estão na constituição”, apontou.

Durante a entrevista, o ministro Ramos também criticou o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que analisa denúncia de abuso eleitoral contra a chapa formada por Jair Bolsonaro e o general Hamilton Mourão.

“É um escárnio um general da ativa dizer que o TSE é livre pra decidir mas deve ser conforme os caprichos de um governo e de um presidente que cometem crimes em série. É ele, Ramos, quem faz a articulação do Executivo com o Judiciário e o Legislativo. Sugere que sua estratégia de persuasão não serão o diálogo e a concertação, mas tropas e tanques”, assinalou Freire.

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