Renato Dorgan: Pandemia fez crescer a importância da TV na eleição

Em entrevista ao portal Eleições Brasil, o estrategista eleitoral e especialista em pesquisas de opinião pública, Renato Dorgan avalia que a TV voltou a ficar em destaque nesse momento de pandemia. Para ele, a televisão será mais importante em 2020 do que nas duas últimas eleições. “Creio que essa tendência vai se consolidar, talvez não com a força que já teve, mas é indiscutível o fortalecimento da TV”, disse.

Acompanhe abaixo a entrevista:

Eleições Brasil – Em que medida a pandemia mudou os hábitos de consumo de informação dos brasileiros?

Renato Dorgan – Mudou de forma significativa. A TV voltou a ficar em destaque. Na pandemia a TV cresceu em audiência. A rede Globo, por exemplo, voltou a ter alguns índices de audiência que não tinha desde o final da década de 90. O Jornal Nacional está dando picos de audiência à noite. Creio que essa tendência vai se consolidar, talvez não com a força que já teve, mas é indiscutível o fortalecimento da TV.

EB – E o acesso às redes sociais, também não cresceu?

RD – Cresceu, sobretudo para parte das classes mais abastadas, mas as classes C e D/E passaram a ter muito mais dificuldade no acesso às redes sociais. Há uma crise financeira no Brasil e custo dos pacotes de dados não é barato. Em um cenário de crescimento do desemprego e de retração da economia informal, para não cortar o arroz e o feijão, muitas pessoas tiveram que cortar gastos com internet, TV a cabo e afins. Já houve períodos recentes em que os casos de inadimplência no consumo de internet chegaram a mais de 50% dos clientes e, infelizmente, não temos acesso ao Wi-Fi gratuito na imensa maioria das cidades.

EB – Muito se falou em “eleições digitais”, do peso da internet no processo eleitoral deste ano. Como fica o quadro após a pandemia?

RD – Voltamos à questão central que é a crise financeira. Muitas pessoas para conseguirem manter seu acesso à internet vão ter pacotes reduzidos e, portanto, não vão querer se ocupar com questões políticas. Vão focar em entretenimento e diversão, futebol, bastidores da TV, memes etc. Então a televisão volta com força. Os programas eleitorais vão voltar a ter muita importância e as inserções ao longo da programação também.

EB – Há na Câmara dos Deputados uma proposta de ampliação do tempo da propaganda de TV. Qual a sua avaliação a respeito?

RD – Observo que a maioria das prefeituras das médias e grandes cidades – onde há emissoras de TV – foram bem na pandemia. Então, mais tempo de propaganda tende a beneficiar mais às oposições do que a quem está no poder.  Quem está na oposição precisa de mais espaços. Se o opositor tiver um bom arco de alianças partidárias e um bom tempo de TV, vai criar maior dificuldade para o seu adversário.

Ressalto que a televisão para as classes baixas será muito mais importante do que nas duas últimas eleições. A mídia digital continuará muito forte, principalmente nas classes A e B, abrangendo até a classe C1. A partir das classes C2 e D/E – que juntas representam mais de 55% da população brasileira – haverá uma queda significativa nos acessos, por conta do problema econômico que o Brasil está vivendo e vai sofrer muito mais no segundo semestre.

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