Ex-ministro da Defesa em partes dos governos Lula e Dilma, Nelson Jobim é enfático ao afirmar que o artigo 142 da Constituição de 1988 não dá o direito de as Forças Armadas intervirem contra um dos Poderes da República, em entrevista especial da nova edição da revista mensal Política Democrática Online. A publicação (veja aqui) também destaca avanço da luta contra racismo no mundo, erros e acertos da política com avanço do coronavírus e análise que aponta “comportamento inefável” do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania, a revista disponibiliza todos os seus conteúdos no site da entidade. No editorial, a publicação critica o que chama de “clara a responsabilidade” do presidente Jair Bolsonaro no avanço da pandemia do coronavírus no Brasil.
“A julgar por suas declarações, a batalha sanitária foi dada por perdida, o quanto antes, melhor, a qualquer custo em termos de vidas, para reforçar o combate na frente, ilusória, da economia”, diz um trecho.
Na entrevista exclusiva, Jobim diz ainda que os militares da ativa enfrentam dois problemas.
“O primeiro surgiu com aquela manifestação do presidente Bolsonaro na frente do QG [quartel geral] do Exército, em Brasília. O segundo, com a retirada do controle e do monitoramento das armas”, observa. “Sempre haverá discursos políticos, mas não creio que o próprio Bolsonaro terá condições de produzir algum conflito que possa levar uma ruptura do processo”, afirma, em outro trecho.
A reportagem especial desta edição mostra diversas faces do racismo e os reflexos desse crime na sociedade, como a mobilização mundial após o assassinato do norte-americano George Floyd, negro, que foi sufocado até a morte por policial militar branco nos Estados Unidos.
“Negros são os que mais morrem em ações policiais e também lideram o ranking das vítimas de coronavírus. Têm menos acesso à saúde, grau de escolaridade e oportunidade de emprego, em comparação com pessoas brancas”, afirma o texto.
Em uma das análises da revista Política Democrática Online, o historiador e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Alberto Aggio, que também é diretor-executivo da FAP, observa que pandemia da Covid-19 está obrigando a sociedade a repensar a economia, a cultura, a política e a “filosofia de vida”. O avanço do coronavírus mostrou onde a política falhou e onde acertou.
A situação do governo do Rio de Janeiro, o papel de Gramsci no pensamento de Olavo de Carvalho, a natureza normativa dos atos das organizações internacionais e o novo normal estão entre assuntos abordados em outros artigos da revista. O conselho editorial dela é formado por Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho. (Cleomar Almeida/Assessor de Comunicação da FAP)