Para ele, Huck surge com força após falhas sucessivas na condução do país, com processos contínuos de corrupção e falta de atenção às necessidades da sociedade
Em entrevista concedida nesta quinta-feira (25) ao programa 90 minutos, da Rádio Bandeirantes do Rio Grande do Sul, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, avaliou que, lamentavelmente, mesmo após anos de gestões do PT, o Brasil ainda é um país muito desigual e a tarefa de mudar essa realidade caberá a novas gerações.
Usando como exemplo a aprovação do Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico, a mudança foi necessária para tentar atrais investimentos para um setor vital na diminuição da desigualdade. Ainda hoje, são 100 milhões de brasileiros sem acesso a tratamento de esgoto. “Continuamos essa sociedade injusta e, nesse setor, isso é até criminoso. Saneamento básico é fundamental para a dignidade humana”, disse.
Luciano Huck
Freire ressaltou que busca uma alternativa mais articulada com os movimentos sociais de renovação política a fim de furar a polarização que tanto atraso tem causado ao país.
“Essa nossa integração com os movimentos e a abertura do Cidadania para eles trouxeram o contato com o Luciano Huck, que é parte integrante desses movimentos. Ele tem demonstrado uma boa formação política. A nova geração precisa assumir a responsabilidade desse país porque a nossa falhou”, sustentou.
Ele ponderou, no entanto, que a discussão sobre 2022 deve ser feita posteriormente. O momento, segundo ele, é de formação de uma frente ampla contra Bolsonaro, que deve incluir inclusive o PT, desde que o partido não queira hegemonizar o processo pensando em eleições, já que, “tanto o lulismo como o bolsonarismo crescem quando polarizam”.
“Temos um governo que não tem nenhum respeito pela democracia. Ele é um órfão da ditadura e busca um retrocesso. Atenta contra as instituições, não tem a mínima noção do que é autonomia dos poderes. Essa é a preocupação para este momento. Não temos que pensar em construção futura agora. Uma coisa boa é que você não tem no Congresso Nacional nenhum partido em defesa das esdrúxulas teses do Bolsonaro”, pregou.
Caso Queiroz
O presidente do Cidadania também avaliou, durante a entrevista, que a prisão de Fabrício Queiroz, acusado pelo Ministério Público de operar um esquema de desvio de recursos no gabinete do senador Flavio Bolsonaro, afasta o risco de as Forças Armadas serem instrumentalizadas para um auto-golpe. Para ele, o processo de investigação colocou o caso dentro do Palácio do Planalto
“Isso coloca no colo do Bolsonaro um processo de corrupção, que não é rachadinha, um nome eufemístico. Estamos falando de desvio, peculato”, pontuou. “Mas é impossível imaginar que qualquer setor das Forças Armadas admita fazer um movimento antidemocrático, de ruptura da Constituição, para garantir um governo de “uma pessoa incapacitada como Bolsonaro”, argumentou.